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Um mês depois
Passou a mão sobre seu uniforme alisando amassados invisíveis. Estava limpinho, tinha acabado de sair da lavanderia. Greta segurou seus cabelos, os amarrando em um rabo de cavalo, deixando duas mexas caídas sobre seu rosto. Ela não gostava de deixá-los amarrados, gostava deles soltos. Assim que terminei, caminhou em direção ao casarão.
Desde aquele encontro que teve com o Sr. Rafael, Greta tomou mais cuidado para não encontrá-lo na casa. O que estava sendo fácil, já ele começou a trabalhar na empresa do pai.
- Bom dia, Nanda! - Cumprimentou a senhora assim que entrou na cozinha.
- Bom dia! - Disse Nanda, ocupada preparando o café da manhã. - Hoje será você que vai servir o café, a Deise teve um problema familiar e teve que ir resolver.
Greta murchou na mesma hora, mas não deixou transparecer.
- Claro, sem problemas. – Era claro que tinha problemas. - Espero que tudo fique bem com a Deise.
Então isso agora significava que suas tentativas foram em vão?
- O que está esperando, Greta, vamos pegue a bandeja e leve as coisas, eles já estão esperando. - Disse autoritária.
- Claro, Claro! - Pegou a bandeja.
Com a bandeja pronta em suas mãos, ela respirou fundo e se dirigiu à sala de jantar, pronta para servir da manhã. Todos já estavam postos à mesa, inclusive Rafael.
- Bom dia! - Com um sorriso no rosto, Greta cumprimentou a todos enquanto começava a servir o café da manhã.
Todos responderam em uníssono, criando um coro de "bom dia" que ecoou pela sala. Foi então que o Sr. Rafael se pronunciou, chamando a atenção da jovem.
- Bom dia, Greta - Disse ele. - Eu estava mesmo querendo falar com você, mas parece que está me evitando.
Sentiu um frio na barriga ao ouvir suas palavras, mas tentou se manter calma. Assim que terminou de servi-lo, ela se virou para ele.
- Perdoe-me, às vezes ando muito atarefada. - Respondeu, tentando parecer tranquila e profissional.
Ele pareceu ponderar suas palavras por um momento, antes de assentir.
- Meu quarto está precisando de uma geral, quis pedir para Ana fazer isso, mas é você que é responsável pelo andar de cima.
- Sim, senhor! - Assentiu. - Farei isso.
- Mas não hoje, quero isso para amanhã. - Ele acrescentou, tomando um gole de seu café.
Antes que Greta pudesse responder, a Sra. Julie interveio com uma pergunta.
- Amanhã, querido, mas amanhã não é dia de você ficar em casa? - Ela perguntou, levantando uma questão válida.
Rafael revirou seus olhos mentalmente.
- É, sim, mas não tem problema, posso sair ou ficar em qualquer outro lugar da casa, mãe. - Disse.
- Tudo bem, filho! - Deu de ombros.
- Era só isso mesmo, Greta, pode se retirar. Obrigado! - Sorriu para a jovem.
- Com licença. - Disse, se retirando da sala de jantar.
Louise olhou para o irmão e sorriu.
- Eu saquei qual a sua – Disse com um sorriso malicioso. - Quer ficar a sós com a Greta, safadinho.
- Você me respeita, pirralha. – Disse ele fingindo estar ofendido.
- Qual é, Rafael, eu ouvir sua conversa com ela.
- Que conversa é essa? – Perguntou Julie.
- Ah, mãe, o seu filho, mal chegou na cidade e já quer passar o rodo. – Disse Louise.
Julie olhou para o filho.
- Vai acreditar nessa pirralha? – Disse muito indignado.
- Rafael, você pode pegar qualquer mulher, mas na Greta você não encosta. – Disse com dureza em sua palavra. - E outra, ela não tem um futuro a sua altura. Não que eu seja interesseira, mas você tem que se casar com alguém a sua altura.
- E quem falou em casamento, mãe? – Lutou para não revirar os olhos.
- Não importa se você falou ou não em casamento, Rafael. O que importa é que você respeite Greta e não brinque com os sentimentos dela.
- Está vendo o que você faz com suas ideias ridículas, Louise. – Ele se levantou nervoso. - Se me dão licença, eu preciso ir para a empresa.
- Seu pai ainda não levantou. – Disse Julie.
- Quando ele levantar, avise que estou esperando ele na empresa.
Rafael saiu da sala, deixando Louise e Julie sozinhas. Louise olhou para a mãe, com um sorriso vitorioso nos lábios.
- Acho que acertei um nervo - disse ela, rindo.
Julie balançou a cabeça, um sorriso divertido nos lábios.
- Você sempre sabe como provocar seu irmão, Louise - disse ela. - Mas lembre-se, ele ainda é seu irmão mais velho. Tem que respeitá-lo.
Louise revirou os olhos.
- Vamos no shopping amanhã? – Sugeriu Louise. - Quero almoçar fora e fazer compras.
- Vamos sim, também estou precisando de umas roupas novas.
Enquanto isso, Greta estava ajudando Ana no andar de baixo, estavam limpando a biblioteca. Greta não parava de pensar em Rafael e em tudo o que havia acontecido entre eles. A verdade era que já tinha esquecido, mas quando o viu, tudo voltou.
- Greta, está fazendo o trabalho de vagar demais. – Disse Ana.
Ana era uma jovem de cabelos pretos, e ao contrário de Greta, ela deixava seus cabelos soltos, tinha olhos pretos, sua pele era parda e ela tinha cerca de 1,60 de altura. Ela estava a mais tempo na casa. Greta não a via com muita frequência, Ana sempre estava enfiada em algum cômodo do andar de baixo.
- Desculpa.
Ana olhou para Greta com uma expressão séria.
- Desculpa nada, garota. - disse ela. - Você sabe que temos um prazo para cumprir. Precisamos nos concentrar e trabalhar duro para terminar tudo a tempo.
Greta assentiu. Deu graças a Deus que seria apenas hoje trabalhando com Ana.
A hora passou rápido e já eram quase nove horas da noite. Todos os empregados, incluindo Greta, haviam se alojado em seus quartos para descansar depois de um longo dia de trabalho. Deitada em sua casa, ela se levantou e pegou o livro que ganhou da Madre, iria ler pela terceira vez só esse mês. Era um livro antigo, com páginas amareladas e uma capa desgastada pelo tempo. Mas para Greta, era um tesouro precioso que ela guardaria com muito carinho. Ela se acomodou em sua cama e começou a ler, mergulhando na história e esquecendo-se do mundo ao seu redor, ou menos era o que ela queria, mas se desconcentrou com alguém batendo na porta.
- Greta? – Era a voz de Nanda. - Greta você tem visita.
A jovem franziu a testa.
- Visita? – Se perguntou.
Quem poderia ser?
Levantou-se indo até a porta.
- Mas, Nanda, está muito tarde para visitas. – Disse Greta.
- Eu falei para ele, mas ele insiste em falar com você.
- Ele? – Ficou mais confusa ainda.
Greta vestiu uma blusa que cobrisse sua camisola. As duas caminharam até a entrada do casarão, onde encontraram um garoto esperando por elas. Nanda apontou para um homem que estava parado do lado de fora, olhando para o casarão com curiosidade. Chocada com o que estava vendo, Greta imediatamente correu até o portão.
- Tom? – Disse com surpresa. - Meu Deus, o que faz aqui? - Abriu o portão.
- Eu consegui um emprego, já estou aqui há algumas semanas, mas estava esperando eu me organizar por aqui para vim te visitar.
Os dois se abraçaram.
- Que saudades de você. – Greta não podia acreditar. - Pensei que nunca mais iria te ver.
- Quem é esse, Greta? – Perguntou Nanda. - É algum namorado seu lá do orfanato?
Greta sentiu suas bochechas corar.
- Não, Nanda. O Tom é um amigo meu, os pais dele também fazem caridade para o orfanato onde eu cresci, e todas as vezes que eles iam lá, o Tom ia junto e a gente brincava.
- Muito prazer – Estendeu a mão para cumprimentar a senhora.
Enquanto Greta conversava com o rapaz, Nanda olhou atentamente para o garoto. Era um rapaz muito bonito, jovem de cabelos curtos castanhos, olhos castanhos e pele branca de 170.
- Mas e seus pais? - perguntou Greta.
- Meu pais ficaram no Goiás mesmo.
- Que saudade deles.
- Me desculpa por vir essa hora, mas é que eu ando um pouco sem tempo, mas vamos marcar alguma coisa, sabe, colocar o papo em dia.
- Com certeza, será muito bom sair com você.
- Certo então, eu apareço aqui. Tchau.
- Tchau.
Se despediram com um abraço.
- Mas é uma graça esse menino. – Comentou Nanda. - Você bem podia namorar com ele.
- Ain, Nanda, não fala essas coisas. Tom e eu somos apenas amigos.
Nanda riu.
- Greta, já está na hora de arrumar um namorado, não quer ficar velha e solteira igual eu, né?!
Greta riu tímida.
- Estou bem assim.
- Estar bem assim, ou ainda pensa na possibilidade do Sr. Rafael querer você?
Ambas pararam do lado de fora do quarto de Greta.
A jovem ficou um pouco sem jeito com a pergunta de Nanda.
- O Sr. Rafael nunca iria me querer, e eu também não quero ele, senti que as intenções dele não eram boas comigo.
Nanda franziu a testa, preocupada.
- O que você quer dizer com isso, Greta? O que aconteceu entre você e o Sr. Rafael?
Greta suspirou, parecendo um pouco desconfortável.
- Estou com sono, amanhã ainda temos que trabalhar. – Disse Greta, mudando de assunto
- Você tem razão. Boa noite.
- Boa noite!
Se despediram e entraram para seus quartos.