Capítulo 3 Dylan

A volta dos Estados Unidos para Londres sempre era bem tranquila, ainda mais quando voava na classe executiva, mas naquela manhã, eu estava tentando ficar calmo e não perder o controle para que ninguém percebesse a quantia de drogas que carregava comigo, já havia feito isso milhares de vezes, mas naquele dia estava irritado demais para estar 100% focado em cada detalhe ao meu redor, normalmente uma viagem daquela era a melhor sensação de todas, mas não quando arrumaram uma emboscada para você e você não queria ser preso de jeito nenhum.

Rever amigos na cadeia, que adorariam arrancar minha cabeça e levar como o maior troféu de sua vida até parecia tentador, pois o pior não era lidar com quem está lá dentro, mas sim, com as pessoas que estão aqui fora e que não devem saber onde estou, no momento em que fosse preso, elas teriam certeza do lugar e situação que me encontro e é dessas pessoas que eu quero distância Uma olhada no meu passaporte, uma rápida passagem de mãos no meu corpo e uma chegada bem detalhada na bolsa, que não entrega nada além de roupas e sacos de comida, que foram embaladas tão bem que é improvável que a máquina consiga ver o conteúdo, ela nunca consegue, mas estou preocupado demais com o prejuízo que essa viagem me deu, que não me atento muito nas malas passando pelo detector, a arma que há dentro de uma delas é legalizada, ou é o que meu documento de porte de armas falsificado diz.

Pego minhas coisas e caminho para o estacionamento onde sei que Dante estará.

Não é um dos meus melhores dias e só quero chegar em casa e dormir, não quero ter de lidar com toda a merda que já fiz e que faço, não sei porque topei fazer uma entrega tão longe e tão em cima da hora, eu devia saber que tinha alguma coisa errada.

Ganhei muitos inimigos quando tirei Luke da minha equipe e não posso baixar tanto a guarda assim.

Dante apoiado em um Mercedes me diz que este aproveitou bem o tempo em que não estive presente.

- Carro novo? - Pergunto e ele sorri para mim enquanto tira os óculos de sol, o alemão tinha bom gosto para carros.Dou uma olhada mais demorada para o banco do passageiro e vejo que não é Sam nesse e sim Noah, encaro Dante que apenas pega minha mala e coloca no porta malas - Porque trouxe o Noah? - Pergunto antes de entrar no carro.

– Porque ele se enfiou no meu carro sem que eu conseguisse dizer não, estava com saudades de você, acredito eu!

Suspiro.

Ser o tutor de um adolescente era mais complicado do que eu imaginava, até os 11 anos estava tudo bem, ele adorava jogar vídeo games comigo e com Dante, não reclamava quando eu tinha que fazer uma viajem longa e deixá-lo com Dante ou quando eu saía para beber e ele ficava com a Baba do bairro, mas depois dos 14? Puts, ele queria ir em todos os lugares, fazer todas as coisas e ter o melhor celular da maçãzinha que existisse, ele não sabe sobre minha vida no tráfico, acha que eu sou diplomata, o que está bem explicito na minha carteira de trabalho, então posso dizer que não é uma mentira que conto a ele, afinal eu fui à faculdade de relações internacionais.

Ninguém desconfia de um diplomata, ainda mais um Diplomata de Carlos Rodrigues, o mexicano mais beneficente que a terra já conheceu, ele é conhecido nos quatro cantos do mundo, por ser um empresário multimilionário que faz mais doações no mundo todo, tem projetos na África do Sul para acabar com a fome e diminuir a pobreza no mundo, assim, ninguém desconfia que é dono da maior máfia.

Eu sou responsável pela equipe de Londres e ele tem mais uns 10 representantes só na Inglaterra, agora, no resto do mundo não consigo nem contar e nem conhecer todos, tirando os jovens que crescem no orfanato dele, lá no México e são treinados para serem o futuro da empresa, eu nunca consegui ir em um, digamos que não sou a pessoa que Carlos tende a depositar toda sua confiança, ele diz que um playboy que saiu da casa dos pais por vaidade pode não sobreviver nesse mundo, mas já estou aqui desde meus 16 anos e nunca fui pego ou dei para trás, sou o segundo melhor entre todos de todo o mundo e Carlos não só sabe, como deixa isso bem explícito para qualquer um, mas se eu fosse ele, também não confiaria 100% em mim.

Nos últimos 5 anos que estive aqui, sempre me mantive um passo à frente de Carlos, tenho mais informações sobre toda sua organização do que qualquer outra pessoa. Já houve casos de pessoas que foram pegas e deduram Carlos e ele mandou que as matassem, mas nunca nem foi investigado. Acontece que com a influencia que tem e os conhecidos, Carlos não precisa de muito para sair impune de qualquer crime e convenhamos que ele não é burro de não ter espiões na policia para ter certeza de que tudo ficara bem, e eu não sou burro de não garantir vantagens para o meu lado.

Tenho informações o suficiente para começarem uma boa investigação contra ele, já pensei tantas vezes em entregá-la para a polícia sei que me queimo assim também e como eu disse, não quero de jeito nem um ir preso, mas já vi algumas coisas nesse mundo, nessa realidade que nem todos conseguem ver ou sabem que existem, vi coisas que me fizeram entender o quão sujo eu estava sendo e o quão mergulhado estava naquela podridão para simplesmente pular fora agora.

Tive que engolir muita merda nessa vida e aprender a não querer vomitar todas as vezes que via algo que, para um menino que um dia foi elite da cidade, não veria com frequência na casa de seus pais, só mesmo o lado mais escuro de Londres, lhe mostraria algo como aquilo.

Mas eu sabia muito bem que aquela era a ponta do Iceberg, dentro de cada orfanato que se encontrava a verdadeira história de toda aquela organização e eu sabia que aquilo era a chave se algum dia eu quisesse pular fora, a única forma de sair sem ser incriminado junto seria descobrir um orfanato e mostrar toda a merda que tem ali dentro.

Mas eu estava longe de conseguir encontrar algum desses orfanatos, por mais que fossem famosos os Orfanatos CR os que as pessoas conheciam, com no máximo 10 crianças eram só de fachada para que ninguém achasse os verdadeiros orfanatos, inclusive seus próprios funcionários.

Noah olha para mim quando entro no banco de trás e começa a falar em libras enquanto eu só peço para que este vá mais devagar.

Ele recomeça.

"Deveria ter ligado" Ele murmura e encara Dante que começa a dirigir "É um porre me comunicar com ele!" Ele diz e levo um susto.

"Onde aprendeu a falar palavrões em libras?"

Ele sorri.

"Então você também conhece?" Questiona e vira para frente, dou um tapa no ombro dele que me encara nervoso.

"Também senti sua falta!" Sinalizo e ele mostra o dedo do meio.

- Ele disse que não é fácil se comunicar com você Dante e as aulas de libras? – Pergunto enquanto observo o aeroporto ficando cada vez mais distante.

Dante me olha pelo retrovisor e torce o nariz, mas sorri ao dizer:

- Você sabe que aulas para mim não funcionam muito bem e esse menino sabe muito bem ler lábios - Ele diz e olha para Noah - E temos celular, ele basicamente me mandava mensagem sempre que queria alguma coisa.

            
            

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