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A cidade corria abaixo de mim, mas não era ela que tinha minha atenção, estou vidrada no céu, nas luzes que preenchem esse, apenas o brilho e a beleza, que me informam que 2018 começou.
A London Eyes brilha do outro lado do rio, conforme os fogos surgem no céu e no meio de tanto brilho de tanta alegria pelo ano novo que tem seu início consigo ouvir um barulho que destoa dos fogos de artifício.
Estou no topo de um prédio quando olho para baixo e vejo as pessoas correndo e gritando, dois homens se encaram e posso ver sangue de onde estão manchando as ruas como se fosse tinta pronta para ser usada para colorir alguma coisa, o sangue continua correndo em direção ao nada, sem destino apenas seguindo, como água depois de uma tempestade.
Um corpo está entre eles.
Levo as mãos a boca, o choque já tomando conta de mim.
Ninguém no salão de festa, na cobertura dos pais do melhor amigo da minha prima, percebe o que está acontecendo, apenas eu estou olhando para fora, para a rua ensanguentada com um corpo caído. Tudo o que posso fazer é observar quando uma arma é apontada para o moço, que a minutos atrás estava conversando com o outro a sua frente e novamente aquele barulho, o barulho que conhecemos em filmes hollywoodianos, mas mais estridente e agonizante, não foi em você, mas você sente como se tivesse sido.
Ninguém, além de mim, percebeu, os tiros se misturavam com os fogos de artifícios e ninguém ali se importava com isso.
Nunca tinha vindo a Londres até então e todos me diziam que era um lugar seguro, mas porque estava testemunhando aqui? Eu não sabia.
Estava petrificada quando o segundo corpo cai ao chão e mais sangue se espalhou pela rua indo de encontro ao outro, os olhos do moço com a arma se volta para todos lá fora correndo para se proteger de qualquer mal iminente que lhe possa acontecer e com um sorriso no rosto, o jovem, com a arma na mão, vira para si e atira.
A cidade lá fora para, eles encaram, agora, os três corpos jogados ao chão.
Eu também.
Estou em choque.
Observo o sangue quando avistei um pequeno menino vindo de uma esquina correndo, ele para quando o sangue dos corpos atinge seus pés ele segue o sangue com o olhar. Uma mão pousa no seu ombro, é um rapaz alto, não consigo ver seu rosto, está com um boné branco.
Ele se abaixou no nível do menino e gesticulou com as mãos, o menino apenas assenti uma vez e o rapaz pegou sua mão.
A polícia rapidamente se aproxima, mas os olhos dele se mantêm nos cadáveres e não no rapaz que está andando para a esquina apressado. E assim o rapaz de boné vai embora com o menino e a polícia começa a isolar a cena do crime.
É dia 01 de janeiro de um novo ano.
O Ano de 2018.
E ao meu redor é como se ninguém tivesse percebido, apenas eu, e eu assisti de camarote.