Capítulo 4 O Golpe

Após 40 semanas de gestação, em meio ao turbilhão do meu casamento conturbado, chegou o momento do nascimento dos meus filhos. Grávida de gêmeos, ansiei pelo instante em que finalmente conheceria os rostos que cresceram em meu ventre. No entanto, a alegria desse momento único foi cruelmente roubada por uma reviravolta inesperada.

Assim que meus filhos nasceram, uma sensação de felicidade e alívio misturou-se à exaustão da jornada da maternidade. No entanto, mal tive a chance de vê-los ou saber seus sexos, pois foram abruptamente retirados de mim. Fui privada do direito de presenciar o primeiro choro, de tocar suas pequenas mãos e de sentir a conexão imediata que deveria existir entre mãe e filhos.

Para minha surpresa e desespero, quem estava presente na sala de parto, acompanhando esse momento crucial, era minha sogra, Helena. Em vez de compartilhar a alegria da maternidade comigo, Helena trouxe consigo alguns papéis, alegando que eram documentos necessários para procedimentos médicos e exames adicionais nos bebês. Confusa pelo pós-parto e confiando na figura materna que Helena representava, pois minha mae havia morri quando eu era apena uma bebê recém-nascido, assinei os documentos sem suspeitar das verdadeiras intenções por trás de suas ações.

Com astúcia e falsidade, Helena conseguiu orquestrar um plano diabólico. Os papéis que assinei autorizaram não apenas exames médicos, mas também deram a ela poderes para tomar decisões cruciais sobre minhas terras, o que é mais chocante, destino dos meus filhos e o meu próprio destino.

Em meio às promessas de ajuda e apoio, Helena, a mulher que deveria ser minha confidente e apoiadora, traiu-me de maneira inimaginável. Ela tomou medidas drásticas, usando sua influência e recursos para internar-me em uma clínica psiquiátrica. O ato de confiança se transformou em uma armadilha cruel, deixando-me confusa e desamparada, sem compreender como fui parar naquele lugar sombrio.

A clínica, inicialmente apresentada como um local de cuidado e cura, revelou-se uma prisão disfarçada. Onde eu deveria experimentar os primeiros momentos de maternidade, fui privada não apenas da presença dos meus filhos, mas também da minha liberdade. A confusão mental misturava-se à sensação de traição, enquanto eu lutava para entender a magnitude do golpe que Helena me aplicara.

Enquanto isso, no mundo exterior, a trama urdida por Helena começava a se desdobrar. Meus filhos, cujos destinos foram selados por uma assinatura inadvertida, estavam sob a influência de Helena, assim como eu. O cárcere mental que se abateu sobre mim tornou-se a ferramenta para ocultar as maquinações obscuras daquela que deveria ser minha família.

Assim, em meio à dor da separação e da traição, a clínica psiquiátrica tornou-se minha nova realidade, enquanto o desejo de reencontrar meus filhos e desvendar os fios da conspiração de Helena crescia como uma chama ardente em meu coração ferido. A batalha pela verdade e pela justiça estava apenas começando, e eu, Maristela, estava determinada a lutar contra as sombras que ameaçavam minha vida e a vida daqueles que eu amava.

            
            

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