Capítulo 5 A.B.

-Preciso mais uma vez lembra-la de que estou sendo procurado por assassinos perigosos? - indaga pela milésima vez.

-Tem ideia melhor? Estou aberta a sugestões, além disso, você é um cientista famoso, seria "natural" fazer negócios com um sujeito como ele! Só temos que evitar as câmeras!

-Como se isso fosse fácil!

-Pode ficar tranquilo, com o tempo fiquei ótima nesse requisito...

-As vezes me esqueço que você é quase uma fugitiva nesse país. - resmunga.

-Conseguiu o que pedi?- indaga, ignorando o comentário do amigo.

-Assim você ofende minha inteligência Elisabeth. O nome dele é Leonard Colome, é casado e tem dois filhos. Sabe que existem meios melhores de me convidar pra sair, né?

-Sem gracinhas, Matte. Já podemos ir, mas antes, o último detalhe...

Ela retira uma peruca de madeixas ruivas do alto do armário e acomoda cada fio em seu lugar antes de coloca-la. Certificando-se se nenhum fio escapara.

-Ruivo?

-Gostou?

-Diferente... Mas bonito...

-Obrigada, agora sim, podemos ir.

(...)

-Tem certeza que estou irreconhecível? - questiona.

-Confie em mim, Lizzie.

-Não me chame assim, não se esqueça que a partir de agora é Margaret.

-Sim, futura Sra. Matte.

-Não vou me casar com você Allan, sou apenas sua namorada! Por acaso leu o que eu escrevi sobre o seu disfarce?!

-Só a primeira linha: " Seu nome é Allan Matte."

-O texto nem começava assim. - diz, rodando os olhos pela primeira vez naquela noite

Sem grandes dificuldades ambos atravessam a entrada do salão, observando o movimento de pessoas que dançam conforme o ritmo lento dá música, e outras que conversavam de pé, ali mesmo no centro.

-Quem é ele? - indaga a ruiva.

-Aquele ali, ao lado da moça loira de azul. Veja, está tomando uma bebida.

Lizzie localiza Leonard próximo às mesas dos convidados, degustando um vinho bordô.

-Estou vendo.

-Olha, ele gosta de loiras, escolheu a peruca errada. - sorri brincalhão. - Pronta Margaret?

-Claro, consegue distrair a esposa?

-Por favor, assim você ofende a minha masculinidade! Já disse que ninguém resiste ao meu charme.

-Lembre-se: ela é casada.

-E é isso que torna as coisas mais divertidas!

Elisabeth percorre o salão até Leonard em passos longos e decididos, demonstrando certa elegância no vestido azul que trajava. Allan como um bom cavalheiro já distraia a Sra. Colome.

-Sr. Colome?

-De parte de quem?

-É um prazer conhecê-lo, meu nome é Margaret... Margaret Lotz.

-Margaret? E o que faz uma moça sozinha nesse evento?

-Na verdade vim justamente para ter com o senhor.

-Posso saber o assunto?

-O Senhor teria um lugar privado? Sou escritora, e acho que o assunto que tenho a tratar é de seu interesse.

-Como não, siga-me!

Ambos seguem pelos corredores, lado a lado, até finalmente estarem a sós em uma sala mais parecida com um escritório do que com uma biblioteca. Aquilo estava sendo mais fácil do que ela pensava. Com livros espalhados pelas estantes que cercavam a sala e uma mesa centralizada. O tapete vermelho e o sofá de couro preto compunham o resto do ambiente, tudo em um aspecto um pouco mórbido.

-E então? Pretende fazer uma biografia minha? Ou algo do tipo? - questiona, sentando no sofá espaçoso e fazendo sinal para que ela fizesse o mesmo.

-Na verdade sim. Por isso gostaria de ouvir um pouco sobre sua história.

Antes de obedecer, ela caminha até a garrafa de vinho, servindo duas taças médias, e batizando ambas com sonífero preparado por Allan.

-Vinho?

-Não obrigada, não bebo em eventos como estes.-mente.

-Essa data é especial Sr. Colome, por isso proponho um brinde ao nosso negócio!

-Como tem tanta certeza que fecharei o negócio, senhorita?

-Isso você mesmo tera que descobrir. Costumo ter um bom álibi, aliás, o senhor já deve conhecer algumas das minhas obras...

-Na verdade não...

-Reconhece a biografia de Salomon? O famoso militar? Pois bem, eu mesma escrevi.-mente, fingindo bebericar o vinho. - Por isso proponho um brinde ao meu próximo sucesso: " a Biografia de Leonard Colome."

Ele parecia indeciso entre as duas taças, talvez ainda temesse que ela o envenenasse, mas optou pela taça dá mão direita. Sobem a taça até o ar antes de ouvir o colidir de cristais.

Obviamente, ao contrário de Leonard, Elisabeth não ingeriu nenhuma gota de vinho. E ao passar de dois minutos, o corpo do homem já desfalecera adormecido no tapete da sala.

Primeiramente Lizzie revista os bolsos, mas nada é encontrado.

-O que está fazendo?!

Ela se sobressalta sentido o coração parar por alguns segundos.

-Mas que susto Matte! Quase me matou do coração!

-A Sra. Colome está louca à procura do marido!

-Não mandei distrai-la?!

-E foi o que fiz! mas não consegui mante-la dispersa por muito tempo!

-Ta, anda, revista ele.

-Eu? Por que?!

-Sem perguntas Allan, anda logo, temos pouco tempo. A culpa da minha pressa é o seu charme fajuto.

Ele suspira frustado, vasculhando novamente o bolso e outras regiões do roupa de Leonard, até finalmente encontrar um papel dobrado e desgastado na sola do sapato do homem.

Sem mais rodeios, saem do salão desviando dos fotógrafos. A essa altura, metade das pessoas já estariam procurando pelo principal convidado.

(...)

O perigo de ser desmascarada estava bem ao lado, atrás do espelho. Colome fora chamado logo cedo para um interrogatório, afinal ele perdeu uma prova importante neste caso. Desta vez quem o interrogava era Campbell, e não Benn. Leonard é um famoso membro dá elite americana, e usar a violência nesses casos não era uma boa escolha.

O homem é deixado sozinho, e segundos depois, Campbell adentra a sala.

-Conseguimos fazer um retrato falado. - reporta. - Segundo ele, uma mulher ruiva o atacou, fazia-se passar por uma escritora afim de publicar uma biografia.

-Esta me dizendo que uma mulher derrubou aquele homem e saiu do salão sem ser notada? - se irrita Peterson.

-Falei com os fotógrafos dá festa, mas nenhum deles tirou alguma foto, exceto um, que lembra exatamente de ter visto a moça conversando com o Sr. Colome.

-Ele viu o rosto? - questiono.

-Sim, já o levamos para completar o retrato.

- Campbell Pressione mais o Sr. Colome, e veja se descobre mais algum detalhe.

-Sim senhor.

-Becker, quero que você e Benn cuidem pessoalmente do fotógrafo.

-Senhor, ainda tenho que entregar alguns relatórios e...

-É uma ordem.- intervém.

-Sim, senhor.

Elisabeth acompanha Benn no percurso do caminho até a sala de reuniões, todos os cômodos, exceto a sala de interrogatórios, costumavam serem separados por grandes paredes de vidro.

-Por que está me encarando? - questiona incomodada.

-Você está estranha Becker. - murmura Benn.

-E você já é estranho.

-Por acaso não gosta da minha companhia?

-Você não é o centro do mundo Benn, só não estou me sentindo bem...

-Problemas Femininos?

-Nem tudo na vida são problemas femininos.-revira os olhos.

Do outro lado, dentro da sala, o tal fotografo andava de um lado ao outro, provavelmente recordando as características da ruiva de vestido azul dá noite anterior. Elisabeth sabia que de modo algum poderia entrar naquela sala, pois sofria sérios riscos de ser presa.

-Até te dispensaria nessa tarefa. Mas Peterson não gostaria de saber que eu contrariei suas ordens. Portanto, aconselho que entre logo nessa sala.

Ela engole em seco, antes de girar cuidadosamente a maçaneta de alumínio e adentrar a sala.

-Bom senhores, eu sou o agente Benn, e está é a Srt. Becker.

            
            

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