Kendra - O Nascer da Fênix
img img Kendra - O Nascer da Fênix img Capítulo 4 Bruxa Cadavérica
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Capítulo 6 Pele em Brasas img
Capítulo 7 A Treze img
Capítulo 8 Fora da Masmorra img
Capítulo 9 Dignidade img
Capítulo 10 Grifo img
Capítulo 11 Morty Godfrey img
Capítulo 12 Cheio de Vida img
Capítulo 13 Trivialidades img
Capítulo 14 Missões img
Capítulo 15 Segurança img
Capítulo 16 Esperança img
Capítulo 17 Novo Lar img
Capítulo 18 Cão do Inferno img
Capítulo 19 Conquistas img
Capítulo 20 Justiça img
Capítulo 21 Uma Líder que Inspira img
Capítulo 22 Juramento de Sangue img
Capítulo 23 Yara img
Capítulo 24 A Clareza das Águas img
Capítulo 25 Príncipezinho img
Capítulo 26 Muito para Assimilar img
Capítulo 27 Protetora img
Capítulo 28 Próxima Parada img
Capítulo 29 O Funcionamento img
Capítulo 30 Ataque ao Lar img
Capítulo 31 Ólive img
Capítulo 32 Ele não é tal coisa aqui. img
Capítulo 33 Corvo img
Capítulo 34 Piche img
Capítulo 35 Revelações img
Capítulo 36 Eu. Não. Gosto. Dele. img
Capítulo 37 Viver com Emoção img
Capítulo 38 Noivo img
Capítulo 39 Novo mundo img
Capítulo 40 Boa noite, Majestade. img
Capítulo 41 Reverência img
Capítulo 42 Calmaria antes... img
Capítulo 43 Tempestade img
Capítulo 44 Escombros img
Capítulo 45 Traidora img
Capítulo 46 Epílogo img
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Capítulo 4 Bruxa Cadavérica

Chacoalho o corpo de Ólive. Ela abre os olhos em pânico, cubro sua boca e faço sinal para ela fazer silêncio. Ela assente e se levanta. O momento parece se prolongar, mas tudo está acontecendo em uma fração de segundos. Aponto com os olhos em direção à janela do quarto. Quando a compreensão a atinge, assente mais uma vez e se vira de lado. Silenciosamente caminho até minha cama, pego minha espada que está ao lado dela, e quando a desembainho, Ólive acende uma lamparina.

Assim que a luz preenche o quarto, consigo visualizar a figura agachada embaixo da janela. A bruxa grunhe para mim, mostrando os dentes. Antes de levantar da cama ou acordar minha colega de quarto, eu já sabia. Tem uma doze no quarto. O cheiro que ela emite é de algas marinhas, verbena e lilás.

Estranho que seja uma doze, está quase esquelética. O que é muito incomum já que, na ausência de uma Treze, essa deve ser uma das bruxas mais poderosas do reino. Já vi bruxas menos poderosas que essa, melhores.

Mas isso não deveria importar agora. Aproveito que bruxa está desnorteada pela luz, e não dou tempo de reação a ela antes de baixar a espada sobre ela, atingindo seu corpo. Antes que pudesse gritar, a bruxa virou cinzas. Solto a espada e caio no chão, ao lado das cinzas.

- Merda! – grito para Ólive.

Seu corpo encolhido está gravado em minha memória. Uma memória que quero me livrar o mais rápido possível. Não apenas pelo olhar de pânico diante de minha espada ou pelo reconhecimento em seu rosto. Mas de como estava magra e esquelética. Seu rosto, que em outra vida deveria ser deslumbrante, está cadavérico. As maçãs do rosto fundas e olheiras pretas embaixo dos olhos. Não faço ideia de qual era a realidade dessa bruxa antes de chegar até aqui.

O cheiro de medo está palpável dentro desse quarto. E sei que não é meu ou da minha colega de quarto.

- O que será que era essa? Tá sentindo o cheiro de verbena? – pergunta Ólive. – Deve ser de 10 para cima.

Sua excitação me irrita.

- O que ela era não me interessa. Quero saber como ela entrou no nosso quarto.

Ólive se encolhe diante do meu tom. Ela olha envolta do quarto.

- Pela janela?

Respiro fundo e olho para ela, tentando controlar meu temperamento, que ultimamente está incontrolável.

- Sério gênio? Descobriu isso sozinha ou teve alguma ajuda?

Ela cruza os braços e diz:

- Para de ser tão estressada, dessa vez nenhuma de nós se machucou.

Me levanto do chão gelado, a fúria mal contida.

- Dessa vez! – grito na cara dela. – Tinha a porra de uma bruxa dentro do nosso quarto, Ólive! No meio da noite!

Ok, agora a ficha dela parece cair, mas ela apenas dá de ombros novamente e diz:

- E essa bruxa era forte, deveríamos tê-la levado ao Grande Mestre.

Estou tão irritada que simplesmente dou as costas a ela e vou ao lavabo jogar água no rosto.

O problema não reside em ter uma bruxa dentro do quarto; o dilema é ser surpreendida, imaginando o que poderia ter acontecido se eu não tivesse acordado. Não suporto mais ficar enclausurada aqui. Passaram-se longos treze anos desde que estou sob a jurisdição dos guardiões. Fui entregue a eles com apenas sete anos e, desde então, sem jamais terem me perguntado se eu desejava ou não ser uma guerreira, fui treinada para a excelência.

A excelência em caçar e eliminar bruxas, algo que, a propósito, demonstrei ser muito habilidosa. Não que eu aprecie ser uma rastreadora/assassina implacável, mas desde cedo aprendi que ordens são ordens. Rastreadora é apenas um termo elegante, já que sou exímia em encontrá-las. Ou atraí-las, como acabou de ocorrer. Não pode ser coincidência encontrar duas bruxas extremamente poderosas na mesma semana.

Volto a dormir e sou despertada pelo que me parece ser a milésima vez em que Morgana pronuncia, com voz baixa e rouca, seu nome para mim, seus grandes olhos azuis fixos nos meus, em uma súplica silenciosa. Sua voz se desvanecendo enquanto ela é afastada...

Levanto-me abruptamente. A manhã ainda não clareou, e estou farta de me lamentar. Não posso carregar culpa pelo resto da vida; se eu não fizesse, alguém o faria. É melhor que seja eu. Simples assim. Não serei consumida pela culpa.

Visto uma blusa e saio rapidamente do quarto. Enquanto caminho pelo complexo, observo que já há Ajudantes acordados, organizando as coisas para quando o Grande Mestre e os Soldados despertarem.

Decido sair para respirar um pouco de ar fresco. E a brisa matinal cumpre bem esse propósito. Após alguns minutos de caminhada, avisto a masmorra. Somos estritamente proibidos de nos aproximar dela. Olho ao redor para verificar se há alguém nas proximidades. Como não vejo ninguém, deixo minha curiosidade me vencer e me dirijo naquela direção. O que poderia acontecer se alguém me visse aqui? Não tenho certeza. Então a solução é simples: não ser vista.

Não há nenhum guarda na torre sinistra e ameaçadora quando me aproximo dela. O monumento é construído com pedras espessas e parece capaz de resistir a qualquer coisa que esteja dentro dela. Sinto arrepios só de pensar em entrar ali. Parece impossível escapar de lá.

E quem se aproximaria disso? Esse lugar exala morte.

De repente, sou tomada por um medo irracional de ser descoberta aqui. No entanto, a adrenalina me faz mover as pernas e espiar para dentro do complexo. No térreo, não há nada além de correntes com punhais espalhados e um banco. Acredito que seja o banco do vigia.

Um vigia ausente.

O interior é silencioso.

Silencioso demais.

Subo a escada lateral, e no topo, encontro uma porta. Coloco meu ouvido nela apenas para ouvir um grito de agonia. Um grito que certamente teria dilacerado meus ouvidos não fosse a porta abafando o som. Decido abrir uma fresta apenas para vislumbrar o Grande Mestre arrancando pedaços da pele de uma mulher.

            
            

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