Capítulo 7 Deslumbrante

- O que ela sabe, Kyson? - perguntou Hernán, ainda confuso e um pouco irritado com a entrada repentina de seu assistente. Ele estava estressado e queria alguns minutos sozinho.

- Ela sabe sobre a senhora Danika. Ela está no apartamento agora mesmo!

Hernán ficou surpreso com isso.

"Merda!", ele pensou. Como diabos sua mãe descobriu sobre Danika? "Deve ter sido ela quem ligou há pouco! Porra!"

- Faça alguma coisa!"

- O que devo fazer, senhor? - Kyson perguntou, nervoso.

- Mas que inferno, Kyson! - Hernán disse - Vá até a casa de Danika e avise que ela terá que me acompanhar à festa na próxima semana.

- A... festa de família, senhor? - Kyson perguntou, não acreditando no que estava ouvindo.

- Mas é claro! Agora minha mãe sabe, duvido muito que meu avô ainda não esteja inteirado do meu casamento! Eu quero apresentar Danika ao meu lado antes que Xandros decida interferir. Você sabe como ele é. É como se ele fosse a própria praga!

Kyson fez uma reverência e saiu do escritório com pressa. Hernán não tinha a menor intenção de apresentar Danika. Ela seria seu "segredinho sujo". Ele ia apenas dizer que tinha um filho a caminho e isso lhe daria tempo. Ele ia dizer que ela era tímida. Como Hernán não a visita, não havia como alguém segui-lo e saber seu paradeiro.

Isso foi antes. Agora, ele teria que apresentá-la. Como sua esposa. Ele não queria ter nenhum contato com ela. Ele estava mais do que frustrado.

Kyson chegou ao apartamento de Danika, mas Leida já havia partido. O telefonema que recebeu foi para informar que seu vestido estava pronto e que ela deveria experimentá-lo uma última vez. Quando ela perguntou a Danika se esta já tinha vestido, Danika disse que sim, com certeza! A ruiva nem sabia de que vestido a mulher estava falando. E nem ara quê.

- Sra. Allaband! - Kyson a cumprimentou, respirando esbaforido.

- Está tudo bem, Sr. Banks, ela já se foi - Danika disse e deu espaço para que Kyson pudesse entrar.

- Ah... me desculpe pelo inconveniente. Eu não faço ideia de como ela ficou sabendo.

- Bem, talvez seja eu quem deveria estar pedindo desculpas. Ela perguntou muito e eu meio que inventei algumas coisas - Danika disse com um sorriso estranho.

- O-o que disse a ela, Sra.? - Ele não tinha certeza se queria saber.

- Bem... eu disse que Hernán e eu nos conhecemos na praia.

Kyson fechou os olhos com força. A praia... Hernan Allaband estava numa cadeira de rodas. Ele nunca iria à praia!

- Compreendo. Deixe-me informar o Sr. Allaband. Tenho certeza de que a mãe dele não demorará muito para aparecer lá no escritório.

- Ela disse algo sobre um vestido... Se eu já tinha o meu. Eu disse que sim, embora não saiba do que ela estivesse falando.

- Ah, sim, a festa - Kyson disse depois de digitar uma mensagem para Hernán. - Precisamos encontrar um vestido para a senhora.

A semana seguinte foi cansativa e Danika não gostou muito disso. Oras, ela queria poder descansar e se sentir enjoada em paz! Mas não, ela teve muitas lições de etiqueta, lições sobre familiares e, claro, lições sobre Hernán Allaband.

Não, nem tudo sobre ele, mas apenas algumas coisas, como sua cor preferida, sua comida preferida, suas alergias... quantas conquistas em questões acadêmicas e profissionais ele obteve. A cabeça de Danika estava prestes a explodir com toda a informação.

O vestido que encontraram para ela era um lindo vestido azul escuro, sem alças. O tecido era delicado e tinha pequenos pontos de glitter que o faziam brilhar de uma forma natural e bonita. Danika nunca pensou que algum dia colocaria as mãos em uma peça de roupa daquelas.

O dia da festa foi infernal. Danika acordou às seis da manhã com um monte de gente entrando no apartamento. Unhas, cabelos, pele, um maldito dia de spa! Mas, no final, ela estava deslumbrante!

- Essa sou eu mesma? - ela perguntou, olhando para seu reflexo no espelho. A mulher olhando para ela de volta era incrível! Seu cabelo estava preso em um coque alto e bem feito, mas não clássico. Era bem moderno. A maquiagem era leve, pois ela não queria chamar muita atenção. O batom vermelho fez toda a diferença. Ela nunca a tinha visto como uma mulher sexy, até aquele momento.

- É você, querida. Uma jovem muito bonita! - O cabeleireiro disse e toda a equipe aplaudiu.

- Muito obrigada! - Ela disse, emocionada. Danika estava se sentindo assim tão facilmente nos últimos dias. Ela não sabia se isso estava acontecendo por causa dos hormônios da gravidez ou apenas pela quantidade de estresse pelo qual estava passando ultimamente.

- Não se atreva a chorar! - O maquiador avisou.

- Desculpe, desculpe.

Danika era uma garota tranquila e de bom temperamento. A menos que alguém a perturbasse o suficiente para tirar-lhe do sossego, como fez Sokolov.

A tela do telefone da ruiva acendeu, informando que o carro já estava esperando por ela. Ela se despediu de todos e saiu do apartamento. Quando eles saíssem, a porta se trancaria automaticamente.

Danika estava respirando com dificuldade dentro do elevador. Ela iria conhecer não só o marido pessoalmente, mas toda a família Allaband de uma vez!

Hernán estava dentro do carro, esperando. Ele iria chegar com ela, é claro. Se eles fingissem ser um casal apaixonado, ele nunca poderia chegar à mansão de seu avô sem a "mulher da vida dele".

Ele estava impaciente. Hernán odiava esperar que as mulheres se arrumassem. Catriona levaria uma eternidade, sempre, e ele tinha esquecido como isso era irritante. Pelo menos disso ele não sentia falta.

- Oh, aí vem ela, senhor! - Kyson disse e quando Hernán olhou pela janela, seus olhos quase saltaram. Era como se a Deusa da Beleza em pessoal tivesse acabado de sair por aquelas portas, o vento fazendo os fios de seu cabelo se moverem de forma sedutora, no ritmo do balançar dos quadris da jovem.

Kyson observou a reação de Hernan e sorriu amplamente. Seu chefe ficou encantado, hipnotizado pela linda ruiva caminhando até eles. Na verdade, ela era a mulher mais bonita que Kyson já tinha visto, e ele acreditava que ela era a mulher perfeita para seu chefe.

O assistente saiu do carro para abrir a porta para Danika.

- Boa noite, Sr. Banks! - Ela do cumprimentou, sorrindo amplamente.

- Boa noite, Sra. Allaband - Kyson devolveu - A senhora está magnífica!

Ela corou e estava agradecendo. Dentro do veículo, Hernán estava carrancudo. Pelo que ele podia ver, parecia que Kyson estava flertando com sua esposa! Na frente dele!

"Filho da mãe!", ele pensou, fazendo uma nota mental para ter uma conversa com Kyson na segunda-feira.

A porta se abriu e Danika percebeu como o carro era bem grande. Não uma limusine como ela imaginava. Ou o Bentley de antes. Era um Mercedes, ela só não sabia o modelo do carro, pois não a sua praia.

Quando ela entrou, estava tudo escuro lá dentro, mas ela podia ver a silhueta de um homem ali. Ela engoliu em seco. Aquele era o marido dela.

- Boa noite - Ela disse timidamente e Hernán gostou da voz dela.

- Boa noite, esposa - Ele disse e sua voz era profunda. Danika engoliu em seco novamente, e desta vez porque estava imaginando um homem bonito e sexy obscurecido pelas sombras.

Ela se sentou no banco do carro e mordeu os lábios nervosamente, mas então lembrou que estava usando batom e parou de arruinar a maquiagem.

Hernán continuou olhando para ela, porque as luzes acima de sua cabeça estavam acesas. Foi ele quem escolheu aquele vestido e ao vê no corpo de Danika, se congratulou. Cada curva dela estava delineada, mas não de forma vulgar. Ela parecia uma Rainha.

- Você está muito bonita esta noite - Aquela voz, de novo. E Danika ficou confusa, pois podia jurar que o homem da cadeira de rodas, cujo rosto ela não havia esquecido, tinha a mesmíssima voz.

"Deve ser minha imaginação", ela pensou. Não tinham nem como!

Danika não esperava que ele falasse com ela.

- Obrigada - disse ela - Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre o senhor.

- Como é? - Hernan perguntou, seu tom um pouco mais ríspido.

- Quero dizer... não consigo vê-lo - Danika se explicou - É por isso que não posso dizer que está bonito... seria mentira. Um elogio vazio.

- Ah, compreendo - Hernan disse, impressionado com suas palavras. Ele riu - Você me surpreende.

- Por quê?

- Porque você não é uma pessoa insensível. A maioria das mulheres que conheci eram.

- Talvez o senhor estivesse andando com as pessoas erradas - Ela respondeu e Hernán percebeu que ela tinha uma língua afiada. Isso o intrigou.

- Você é interessante - Foi tudo o que ele disse e o carro ficou em silêncio novamente. Danika não tinha ideia do que conversar e decidiu que era melhor que permanecessem assim. A festa por si já seria bastante complicada, ela tinha certeza.

O carro parou e Kyson foi quem abriu a porta para Danika.

- Obrigada, Sr. Banks.

- O prazer é todo meu - Foi a resposta do assistente e, mais uma vez, Hernán não gostou nem um pouco.

Quando Kyson abriu a porta dos fundos para seu chefe, Hernan murmurou para ele.

- Mantenha seus olhos, suas palavras melosas e essas mãos astutas longe de minha esposa!

Kyson arregalou os olhos, mas assentiu.

- Claro, senhor - Kyson respondeu, curvando-se e, por dentro, ele estava sorrindo. O aviso que o seu chefe lhe deu implicava que Hernán Allaband estava mais interessado na própria esposa do que estava disposto a admitir.

Danika franziu a testa ligeiramente quando a porta dos fundos do carro se abriu. O que estava acontecendo? Então apareceu uma rampa e ela continuou observando, como se estivesse hipnotizada.

Um homem saiu do carro, em cadeira de rodas. Ele era... Ele era aquele homem do hospital!