NÃO SIRVO PARA REINAR
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Capítulo 4 Anellize

Depois da visita ilustre do novo casal, achei que não conseguiria me manter firme, mas a presença daquele garoto, o Maian - não acredito que ele é o príncipe! - me fez segurar as pontas e não chorar.

Estou alegre que consegui vender justo a joia que fiz, meu pai nem vai acreditar quando eu contar. Ele sempre me dizia que as minhas joias eram lindas, mas simples.

Estou sentada quando meu pai chega. Levanto-me toda animada e meu pai vem logo saber o que houve.

- E ai, por que esse sorriso lindo no rosto?

- Pai, o senhor não vai acreditar - digo eufórica - Eu vendi a minha joia para o príncipe - dou pulinhos.

- Parabéns, filha! - meu pai me abraça.

- E foi justo a que você disse que estava sem graça demais - digo.

- É porque amo detalhes marcantes e cores, mas eu disse que era linda.

- Ele amou! - bato palmas.

- Vejo que você vai ficar mais tempo aqui comigo - fecho a cara.

- Ah não, detesto ter que atender as pessoas.

- Não quero que atenda, quero que crie sua coleção, faremos o lançamento, será o máximo, filha.

Fazer joias aqui com meu pai não é o que eu realmente quero, mas é o passatempo que criei para passar mais tempo com ele.

- Quer ganhar a custo das minhas obras primas, não é, pai?! - digo rindo.

Não é o que quero fazer, mas por enquanto estou chateada com o Josef e não terei treino, estou com muito tempo livre.

Vou logo trabalhar em algumas joias. Ainda bem que sei todos os processos.

[...]

Estou finalizando o meu primeiro colar para a coleção, quando o Josef chega.

- Anie? - ele diz baixinho.

Giro a cadeira que estou sentada e o encaro, ele está encostado no batente da porta.

- Seu pai disse que você estava aqui trabalhando na sua coleção, posso ver? - ele pergunta se aproximando de mim.

- Pode! - digo.

- Está lindo demais, vou ser o primeiro a querer comprar uma de suas joias - ele diz animado.

- Se for para dá para minha irmã, não estão a venda para você - digo.

Ele pega uma cadeira e se senta do meu lado.

- Por que não me contou antes? - pergunto.

- Fiquei com medo - diz olhando para o chão.

- Medo de quê, Josef, eu não entendo?- pergunto irritada.

- Eu não sei direito, é tudo novo para mim.

- Ah, e para mim foi muito normal ver meu melhor amigo beijando a minha irmã. Nossa, adorei.

- Eu devia ter te contado tudo, mas sua irmã implorou para que não contasse, ela queria que fosse um segredo nosso.

- Sim, devia, mas há quanto tempo isso? - pergunto seca.

- Anie, eu não podia... - interrompo-o.

- A quanto tempo, Josef Wilkman? - insisto.

- 2 meses - ele responde.

- Caramba, dois meses! Você está mentindo para mim há 2 meses - falo gritando de raiva.

- Anie!

- Não me chama assim. Isso se chama traição, Josef. Você mentiu esse tempo todo para mim, como pode? - dou um tapa nele e começo a chorar.

- Eu sinto muito por ter mentido para você, por ter escondido... - ele diz pegando em mim.

- Não, você não sente nada - falo.

- Eu não quero que fique assim comigo.

- Eu não estava, você que fez suas próprias escolhas - digo.

- Sacanagem! Faz as pazes comigo Anie, eu não vou suportar viver o resto da minha vida brigado com a minha melhor amiga.

- Sacanagem foi o que você fez! - aumento o tom - Mas vamos fazer as pazes, não porque você merece, mas porque eu te amo muito e não vou consegui ficar longe de você.

Ele me abraça bem forte.

- Eu te amo muito, Anie. Eu quero que me perdoe, e que saiba que nunca mais farei isso de novo - ele diz triste.

- Eu acho bom viu, nunca chorei tanto na minha vida por alguém, como eu chorei ontem. E eu também te amo, você é mais que um amigo, você é meu irmão de outra mãe, sabe disso.

Ficamos abraçados, até que meu pai chega e nos interrompe.

- Ops, interrompo-os?- ele pergunta.

- Interrompe sim, pai! - digo secando minhas lágrimas.

- Eu preciso ir! - ele diz olhando para mim - Te vejo amanhã para o treino? - ele pergunta baixinho.

- Claro! - levanto e dou outro abraço nele.

Ele sai me deixando sozinha com meu pai. Meu pai sorri, satisfeito por termos feito as pazes. Ele também ama o Josef. Nossa, ele é querido por todos em minha casa.

Sento-me novamente e desenho o meu próximo modelo de joia, e acabo desenhando um anel.

Quero logo ver como que será, e vou logo fazer, peço ajuda meu pai para escolher uma pedra. Mas entramos muito em desacordo.

Acabo estressada e vou para casa. No caminho penso em ir dá uma explorada onde fui ontem.

Chego em casa, tomo um banho e ponho uma calça e uma blusa de moletom fina, e um tênis. Antes vou à cozinha comer um pouco.

- Anellize?_ minha mãe me chama.

_ Oi, mãe _ me viro, e falo com um pedaço de torta na boca.

_ Onde já se viu comer besteira antes do jantar?

_ Mãe, trabalhei muito hoje, estou com muita fome _ mordo outro pedaço.

_ Você não faz nada além de atender pessoas, Anellize _ ela gosta de menosprezar minhas joias.

_ Eu faço joias também. Vendi uma para o príncipe, e meu pai vai fazer o lançamento da minha nova coleção.

_ Mas o quê? Filha, eu quero que você estude, faça uma faculdade e não que fique fazendo joias o dia todo.

_ Mas quem disse que eu quero, mãe?_ falo.

_ Não vem com esse papo de ser soldada. Eu não quero isso para você _ ela praticamente grita.

_ A senhora investe no sonho da Antonielle, mas não no meu. Muito justo isso de sua parte, hein?_ falo quase chorando.

_ O dá sua irmã não tem nem comparação ao seu _ que baque.

_ Você não me ama! _ grito.

_ Anellize, três coisas que você fez que me irrita, e você sabe _ ela começa a chegar perto de mim _ Primeiro, eu odeio quando você me trata com desrespeito, eu te ensinei a me chamar de "você"? Ensinei? _ nego com a cabeça _ Segundo, você gritou comigo! E terceiro, o seu sonho é uma droga, esqueça isso.

Preferia que ela tivesse me batido, ao invés de dizer tudo isso. Eu não consigo controlar as minhas lágrimas, elas descem e eu perco o controle. Saio da cozinha e quero sair de casa urgentemente.

Vou correndo para onde fui ontem. Agora lá se tornou o meu refúgio para chorar. Que maravilha!

Não acredito que a minha mãe falou aquilo comigo. Eu sempre soube que não era o que ela queria para mim, pois corre bastante risco, mas dizer tudo aquilo, foi golpe baixo.

Sento-me no chão e choro. Minha vida é uma droga. É meu melhor amigo mentindo para mim. É o meu pai me trancando em um galpão para fazer joias. Minha mãe sendo a pior mãe que existe.

_ Droga! Droga! Droga! _ grito, batendo minhas mãos no chão.

_ Você vai acabar quebrando o chão, minha querida _ uma voz feminina surge do nada.

_ Quem está aí?_ pergunto.

_ Oi, garota! _ surge da sombra uma mulher magra, alta, deve ter uns quarenta e poucos anos.

_ O que você quer comigo?_ pergunto.

_ Eu? Quero o que sempre procuro em moças solitárias como você.

_ Não entendi! _ ela se aproxima.

_ Quero seu dinheiro, docinho _ ela dá uma risada.

_ Eu não tenho dinheiro _ falo e ela se aproxima _ Não toque em mim.

_ Eu quero todo seu dinheiro _ ela está alterada, me levanto na hora.

_ Some daqui! _ digo, com os punhos fechados.

_ Só depois que você me der a droga do seu dinheiro! _ ela grita e fico mais assustada.

_ Mãe, deixa a garota em paz _ surge uma garota, no meio da escuridão.

A mulher dá uma risada maléfica.

_ Some daqui, filha _ ela passa a mão no cabelo decepcionada.

_ Ela me assustou _ digo para a garota.

_ Ela bebeu muito, desculpa. Quando ela bebe, fica assim, além do mais a gente está passando por necessidades, precisamos de grana _ diz a garota quase chorando por causa da cena.

_ Se você não chegasse, eu ia bater na sua mãe _ digo.

_ Ei, eu só quero seu dinheiro _ a mulher grita.

_ Você não ousaria bater nela? _ assinto _ Essa louca é minha mãe, não é ladra de verdade, nem do mal. Só estamos passando por momentos difíceis e ela não está sabendo lidar.

_ Eu não sabia, ela já chegou querendo dinheiro, gritando comigo _ falo.

_ Vai para casa, Lio _ uma voz familiar surge. Chegou o salvador da pátria.

_ Que droga é essa?_ a mulher pergunta.

            
            

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