Meu Peão Bruto
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Capítulo 5 Malu

Soube através de Augusto que seu irmão não comeu mais a comida quando soube que eu tinha feito o frango, um simples frango que eu fiz, será que ele achou que eu o envenenaria? Se bem que da maneira que ele me tratou não seria uma má ideia. Deixe de besteira Maria Luísa não foi assim que seu pai e criou, com rancor. Tanto Augusto quanto seu João morreriam de rir com a reação de Marcos. Eu decidi que não me intrometeria mais na cozinha pois não queria ninguém morrendo de fome por minha culpa.

Eu não tinha mais visto ele durante o dia e como estava muito quente tomei outro banho colocando um short e uma regata branca fresquinha.

Ao descer para a sala avistei Augusto conversar com um outro rapaz na varanda e seu João em um canto ouvindo rádio.

- Malu? – Augusto me chama – Venha aqui fora, está fresco – saio na porta – Fred é dela que eu estava falando.

- Espero que bem, já que nem todos gostaram de mim por aqui – brinco.

- Quem é o louco que não gostou do cê? – o moço pergunta.

- Uai quem mais Fred? – ouço a voz de seu João.

- Marcos – e todos concordam – por falar nele, por onde anda o caboclo?

- Desde o almoço não deu as caras por aqui – Guto responde.

- Afinal Frederico, mas todos me chamam de Fred – ele me cumprimenta. O homem é bonito, não quanto ao chucro do Marcos, mas tem sua beleza.

- Maria Luísa, mas todos me chamam de Malu – ouvimos passos nos degrau da escada de madeira.

- Olha ele aí – Fred diz.

- Falando da minha pessoa? – pergunta e seu olhar vem direto pra mim. Aqueles olhos de águia.

- Perguntei do cê apenas uai – Fred responde e ele desvia o olhar.

- Uma cerveja Malu? – Augusto pergunta.

- Claro – aceito afinal estava bastante calor mesmo que já a noite.

- Vai querer também? – Augusto direciona a pergunta ao irmão.

- Sim – responde e vejo ele senta próximo ao amigo.

- O que te trouxe para essas bandas Malu? – pergunta Fred.

- É uma história complicada – respondo e vejo Augusto voltar já com as garrafas de cervejas abertas.

- Temos a noite toda querida – seu João diz sendo que ele já tinha ouvida a história mais cedo.

- Meu pai morreu – digo começando e olho para minha mãos.

- Eu sinto muito – Fred diz e ergo meu olhar para olhá-lo mas meus olhos me trai ao se direcionar para Marcos que está com a garrafa parada no ar. Desvio o olhar quando nos olhares se cruza - como aconteceu? – Fred continua.

- Câncer no intestino, foi rápido. Foi o melhor para ele, ele estava sofrendo muito – lembrar do meu pai sempre me deixava melancólica e tinha vontade de chorar – ele foi um guerreiro.

- Imagino – ouço Fred.

- Nunca tive o que reclamar dele, me criou sozinho até os dez anos. Depois que apareceu a Silvia – faço uma pausa para me acalma só de lembrar dessa mulher – sempre tivemos vida boa.. – escuto uma risada e ergo a vista sem entender.

- O que há de engraçado? – escuto seu João perguntar ao Marcos que riu.

- Nada – fica sem graça pela primeira.

- Prossiga minha filha – concordo e torno olha para Marcos que agora me ignora.

- Meu pai nunca soube mas Silvia me maltratava sempre que ficava somente nós duas.

- Quem é Silvia? – Fred pergunta realmente interessado.

- Minha madrasta e mãe do meu irmão mais novo – ele arregala os olhos – ela nunca gostou de mim, não sei porque ninguém nunca gostou de mim, eu não sou uma pessoa má – novamente olho para Marcos que estava olhando para mim – eu não sou quem essas pessoa pensa que eu sou, posso parece patricinha, metida, mas eu não sou assim..

- Verdade – Guto diz e toca a minha mão.

- Não é porque meu pai tinha dinheiro que tinha previlégio, não, ele me deixou estudar em escolas públicas para aprender a dar valor no nosso dinheiro e agradeço a ele por isso – dessa vez olho para o céu e fecho meus olhos.

- Com certeza ele é orgulhoso por você – seu João diz e percebo que estava chorando.

- A única coisa que meu pai pagou pra mim foi a faculdade mas se eu soubesse que eu perderia os últimos anos da vida dele eu não teria feito – limpo a lágrima – mas foi lá que conheci o Guto – sorrio para meu amigo que bebe sua cerveja – se não fosse por ele eu nem sei onde estaria hoje.

- Sempre pode contar comigo – confirmo com a cabeça.

- Quando voltei dos Estados Unidos descobrir sobre o câncer do meu pai e desde então foi só sofrimento pois eu tinha que cuidar dele, do meu irmão e ainda aguentar a Silvia – respiro fundo e finalmente bebo um longo gole da minha cerveja – meu pai morreu há seis meses me deixando a maior parte da herança.

- Eu ainda não entendi o que te trouxe aqui – escuto a voz de Marcos falando diretamente comigo pela primeira vez.

- Deixa a menina terminar – seu João diz mas não consigo desviar o olhar de Marcos que ainda me encara e continua sem desviar.

- Minha madrasta reivindicou e não achou justo a porcentagem deixada para ela e desde então estou com as contas bloqueadas – prossigo ainda olhando para ele – eu não estaria aqui se realmente não precisasse – dai sim desviei o olhar dele – ela me expulsou de casa e com as contas bloqueadas, sem dinheiro e para onde ir só me estou pedir ajuda.

- E eu ajudei – Augusto fala.

- Eu precisei de dinheiro emprestado para chegar aqui – torno olhar para Marcos – mas se a minha presença te incomoda tanto eu vou embora.

Todos ficam olhando de mim para ele, ele fica sem reação diante de tudo aquilo.

- Na-na – ele gagueja e suspira – Não precisa ir embora – por fim diz.

- Eu sei respeitar o espaço das pessoas e sei onde é o meu lugar, vou tomar cuidado para não cruzar seu caminho – digo e bebo mais um gole da cerveja – e foi assim que vim parar aqui – finalizo voltando a olhar para as demais pessoas ao meu redor.

- Minha fazenda está de portas abertas se precisar – ouvi Fred dizer e sorrio.

- Você nem me conhece – digo

- Se os Avelar te acolheu eu também posso uai.

- Obrigado – e novamente meus olhos traidores vão até Marcos.

- O jantar está pronto – Marta aparece animada.

- Já vamos – seu João diz e vejo todos levantar.

Faço o mesmo e acompanho Augusto que limpa meu rosto e sorrio para ele.

O jantar seguiu tranquilo, Fred contou sobre a sua fazenda e me convidou para conhecer qualquer dia que aceitei de bom grato. Marcos permaneceu calado boa parte mas percebi que de vez em quando me olhava. Marta havia feito um arroz branco, com feijão tropeiro, vaca atolada, salada e de sobremesa um mousse de limão. Depois de ajudar com a louça na cozinha e de um tempo com o pessoal ainda na varanda decidi que era hora de me retirar já que seu João e Marta já havia ido se deitar.

Se estava com sono? Não! Mas era como se a minha presença ali incomodasse a Marcos. Pela primeira vez depois da morte do meu pai deixei que as lágrimas caísse com vontade assim que deitei na cama, chorei de soluçar e não me controlava, por mais que tentasse e não quisesse acordar alguém que dormisse ali naquele corredor.

Não sei quanto tempo fiquei ali chorando, mas quanto mais eu chorava mais aliava a dor que eu estava sentindo. Escutei barulho de passos no corredor e tento me controlar mas dei um sugada no nariz que provavelmente quem estava do outro lado ouviu.

Depois de um tempo o choro foi cessando mas eu não conseguia dormir, por um lado o calor que estava muito e por outro a falta de sono.

Me levantei e vi que no quarto não tinha água e resolvi descer para tomar um pouco já que me sentia desidratada de tanto que chorei-me . Só não esperava encontrar quem encontrei.

                         

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