O Estranho Encanto do Ódio
img img O Estranho Encanto do Ódio img Capítulo 4 Uma conversa atraente
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Capítulo 6 Ela está com medo img
Capítulo 7 Um solteirão convicto img
Capítulo 8 Você é uma golpista img
Capítulo 9 As amigas de Maya img
Capítulo 10 Verdades reveladas img
Capítulo 11 Mudanças de planos img
Capítulo 12 Na palma da mão img
Capítulo 13 A compra de presentes img
Capítulo 14 Denis ainda ama Alice img
Capítulo 15 Reencontro por acaso img
Capítulo 16 Aquele cretino img
Capítulo 17 Um irmão bate à porta img
Capítulo 18 Meyan, um mulherengo img
Capítulo 19 Um jantar para recordar img
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Capítulo 4 Uma conversa atraente

- Pois bem, senhorita Maya, é, sim, minha primeira vez no Brasil. A senhorita parece bem aclimatizada, no entanto. - Denis lhe sorriu.

- Moro aqui há quatro anos. Vim estudar. - Ela devolveu o sorriso, os lábios curvando-se em um gesto caloroso, enquanto o olhava nos olhos.

- Bem longe de casa! Meus pais me mandaram para estudar Economia em Londres. Conheço muitas pessoas que foram estudar pela Europa, por que vir para o Brasil? - Denis indagou, tentando manter o tom casual da conversa.

Maya retraiu-se um pouco, não querendo dar detalhes de sua vida pessoal a um completo estranho, mas sentiu que podia confiar nele, ao menos um pouco.

- Ah, vim a primeira vez em férias, gostei do clima, da praia, da comida, do modo como as pessoas fazem amizade rapidamente e já te convidam para um churrasco. Então passei na universidade em nosso país, mas procurei intercâmbio assim que passei na prova de idioma.

- Vejo que gostou de outros costumes também - ele lhe apontou as coxas grossas à mostra, o tamanho da roupa que seria inadequado em seu país.

No instinto, ela puxou mais sua saia, na tentativa vã de cobrir um pouco mais de perna. Ela achou seu comentário desnecessário e machista. Não estava mais tão certa de que foi uma coincidência legal encontrar um compatriota na mesma boate. Ela pigarreou, tentando desviar o rumo da conversa.

- Se o senhor só veio a negócios, pretende ir embora quando? - Ela quis mudar o rumo da conversa, desviando seu olhar do dele, que parecia um tanto quanto desafiador.

- Volto amanhã mesmo. - Ele percebeu que seu comentário a havia deixado constrangida, então mudou o tom de voz. Não era sua intenção constrangê-la, apenas criar um clima mais sexy. - Tive uma semana difícil de negociações. Então só vim beber meu uísque e espairecer um pouco. Não terei tempo, desta vez, em conhecer as praias e as florestas aqui; muito menos sair visitando museus históricos. Então, decidi sair hoje e talvez encontrar uma diversão... - Ele sorriu tentando ser charmoso apenas, mas havia algo naquele sorriso que deixou Maya inquieta, uma sombra de mistério que ela não conseguia decifrar.

Ele tinha olhos de predador faminto, mesmo que tencionasse esconder.

Ela, com o desenrolar da conversa, Maya acabou revelando que estudou Relações Internacionais numa conceituada universidade pública brasileira e pretendia trabalhar com sua família; fora isso, ela não contou que seus pais eram donos de uma grande empresa de exportação e importação. Denis, por sua parte, também contou um pouco do trabalho, de buscar em outros países novos clientes para a empresa pra a qual ele trabalha, mas não compartilhou, no entanto, que era herdeiro dessa grande empresa. Contudo Denis se deixou levar e contou para ela sua paixão por viagens, arte e cultura, apesar de sua profissão em Economia.

Durante a troca de experiências, Maya recordou-se de seus pretendentes passadas em seu país natal, onde muitos homens costumavam ser controladores e críticos em relação às escolhas de suas parceiras, especialmente em questões de vestuário e maquiagem. Embora ela não tenha dito que seus pais já lhe arrumaram alguns casamentos arranjados, prática que até hoje acontece em Paradsia, ela expressou como se sentia livre no Brasil, onde encontrou mais liberdade para ser ela mesma.

Em determinado momento, um garçom veio à sala onde estavam, pediu desculpas por interromper a conversa, e trouxe mais uns drinks para que o casal pudesse escolher. Denis observou admirado como Maya se comunicava fluentemente em português, destacando sua habilidade linguística e sua adaptação ao país, enquanto Maya explicava ao garçom que ela não queria mais bebida alcoólica, mas apenas água e que Denis ir querer mais uma dose de uísque.

Denis continuava a lhe lançar um olhar que lhe arrepiava toda. Seu olhar entregava o desejo que ele estava sentido por ela. Ela era uma mulher de beleza única. E ela também o observava, apesar de ser de uma maneira mais sútil: ele era tão bonito, atraente, bem-vestido e cheiroso. Maya ainda estava incerta se ele era educado mesmo ou se estava apenas querendo dar em cima dela. Se ele a dissesse que ele era modelo ou algo do tipo, ela acreditaria, afinal com àquela altura, aqueles ombros largos, aquele olhar marcante, ele podia ser se quisesse.

Enquanto a conversa fluía e a conexão entre eles se aprofundava, uma sensação de romance pairava no ar.

- Podemos dançar um pouco, se você quiser... - Ela falou, tímida, mas tomando a iniciativa.

- Podemos começar dançando, sim...

"Começar? O que ele quis dizer com começar?", ela se perguntou, mas aceitou a mão que ele lhe estendia para que ela se erguesse. Era uma mão quente e firme, então ela prestou mais atenção aos seus braços que, pelo jeito eram bem malhados. Será que ele era um daqueles homens bem definidos? Ela tinha um certo preconceito com pessoas muito obcecadas com o corpo, achava, naquele momento, que eram fúteis.

Eles caminharam até a pista de dança, com os corpos ansiosos pela música pulsante que preenchia o ar. As luzes coloridas dançavam ao ritmo da batida, criando uma aura mágica ao redor deles. Com cada passo, eles se aproximavam um do outro, sentindo a eletricidade no ar como se fosse uma promessa de algo mais.

Ela se entregou ao ritmo da música, deixando-se levar pelo movimento enquanto seus olhos encontravam os dele. Sob as luzes cintilantes, ela viu a centelha de curiosidade e desejo em seu olhar, uma chama que parecia dançar em sintonia com a melodia envolvente.

Ele a segurou firme, seus corpos se movendo em perfeita harmonia, como se fossem feitos um para o outro. Cada toque, cada olhar compartilhado era uma conexão profunda que transcendia as palavras, uma linguagem silenciosa que apenas eles entendiam.

Enquanto a música ecoava ao redor, eles se perderam no momento, cada batida do coração sincronizada com o ritmo da canção. Naquele instante mágico, entre os movimentos graciosos e os sorrisos compartilhados, eles souberam que algo especial estava acontecendo, embora não soubessem ainda o que era.

- Vamos para meu hotel? - Ele a perguntou, num sussurro manhoso em seu ouvido.

- Prefiro ir para meu apartamento... - Ela se sentia mais segura assim, afinal mais cedo ou mais tarde, Cláudia e Marcela estariam por lá também.

Maya acompanhou Denis até a frente da boate, onde a atmosfera vibrante e musical ficou para trás e, agora, uma avenida com poucos carros que ainda circulavam, devido ao horário. Maya só não tinha medo de estar ali àquela hora, pois seguranças da boate estavam do lado de fora, e por haver um ponto de taxi a poucos metros.

A rua estava parcamente iluminada por uma suave luz num tom amarelo. Só não estava mais escuro porque luzes rosas ou azuis emanavam dos vários letreiros luminosos e das luzes neon que adornavam as fachadas dos prédios. Mesmo que baixa do lado de fora, a música pulsante da boate criava uma trilha sonora envolvente para a cena animada.

Muitas pessoas se aglomeravam à porta da boate, algumas conversando animadamente, outras apreciando um cigarro ou bebendo suas bebidas. Mesas de um bar do outro lado da avenida ocupavam parte da calçada em frente, o que dava a sensação a Maya que não estava totalmente sozinha.

            
            

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