O Estranho Encanto do Ódio
img img O Estranho Encanto do Ódio img Capítulo 3 O primeiro encontro de Maya e Denis
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Capítulo 6 Ela está com medo img
Capítulo 7 Um solteirão convicto img
Capítulo 8 Você é uma golpista img
Capítulo 9 As amigas de Maya img
Capítulo 10 Verdades reveladas img
Capítulo 11 Mudanças de planos img
Capítulo 12 Na palma da mão img
Capítulo 13 A compra de presentes img
Capítulo 14 Denis ainda ama Alice img
Capítulo 15 Reencontro por acaso img
Capítulo 16 Aquele cretino img
Capítulo 17 Um irmão bate à porta img
Capítulo 18 Meyan, um mulherengo img
Capítulo 19 Um jantar para recordar img
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Capítulo 3 O primeiro encontro de Maya e Denis

A boate estava lotada e ele a achou um tanto abafada. Andou entre as pessoas que dançavam música eletrônica sob luzes que se moviam freneticamente. Agradeceu por ser alto e então avistou o bar. Precisou esperar um pouco, pois havia muita gente para ser atendida. Quando um banco ficou vago, ele apressou-se em sentar-se e pedir um uísque duplo, fazendo um gesto para o bartender.

Denis tentou se comunicar com o jovem rapaz em inglês, mas logo percebeu que não seria compreendido. Enquanto tentava encontrar uma solução para a barreira linguística, o próprio dono do estabelecimento apareceu ao seu lado, atraído pela presença imponente e pelos trajes elegantes de Denis.

- Posso ajudá-lo, senhor? - perguntou o dono da boate, em um inglês hesitante, com um sorriso exageradamente amigável estampado no rosto.

Denis, embora aliviado por encontrar alguém que falava um idioma que ele também sabia falar, não pôde deixar de sentir uma pontada de irritação diante do tratamento excessivamente cordial. Era evidente que o dono da boate reconhecia imediatamente um cliente rico em potencial, e seu comportamento era repleto de bajulação e falsidade.

Respirando fundo para conter sua crescente aversão ao ar de subserviência que o cercava, Denis explicou suas preferências de bebida. O dono da boate, percebendo a oportunidade de agradar um cliente abastado, prometeu o melhor serviço possível, com uma efusividade que só aumentava o desconforto de Denis.

Enquanto recebia sua bebida, Denis não pôde deixar de refletir sobre como detestava esse tipo de tratamento preferencial baseado unicamente em sua riqueza. Ele odiava ser bajulado e achava repugnante o modo como as pessoas mudavam de comportamento ao perceberem seu status financeiro. Aquela noite na boate estava se tornando ainda mais insuportável com a constante demonstração de falsidade e subserviência ao seu redor.

Tentando não olhar diretamente para o dono do local, que ainda lhe sorria de modo falso, virou o corpo totalmente para o lado esquerdo, dando de cara com uma mulher belíssima: ela tinha a pele bronzeada e os cabelos pretos escorrendo em cachos abertos sobre seus ombros; sobrancelhas e cílios grossos lhe traziam muita personalidade aos seus olhos; uma boca carnuda e um nariz afilado, entre bochechas de maçãs bem demarcadas. Tudo nela era um convite para ele pedir por seus beijos.

Ele ficou estático diante de tanta beleza e ela quebrou o barulho ao redor, quase gritando:

- Você também é de Paradsia?

O sotaque dela... Ele reconheceu que ela falava português, embora não entendesse o teor da frase. Porém, o nome de seu país era sempre reconhecível. Então ele perguntou, em seu próprio idioma:

- Eu sou de Paradsia. E você também parece ser!

Ele a achou ainda mais bonita quando um sorriso se estendeu de um canto a outro do rosto.

Maya e Denis ficaram rindo por um tempo, incrédulos. A vontade de ambos, de dançar, curtir, beber havia passado. Eles queriam o mesmo: saber o que um dos seus compatriotas estava fazendo no Brasil.

Denis respirou fundo, sentindo a estranha excitação de explorar uma nova conexão em uma terra estrangeira, mas com uma mulher da ilha onde morava - ele não esperava por isso. Ele olhou para Maya, tentando decifrar as pistas em seu sorriso caloroso.

- Tem um lugar perto onde possamos conversar sem essa música alta? - Ele aproximou-se mais do ouvido dela e perguntou, esperando que ela pudesse guiá-lo para algum local mais tranquilo, longe da agitação da boate.

Maya assentiu com entusiasmo.

- Claro! Venha comigo.

Ela se levantou do banquinho, e Denis a seguiu, observando-a enquanto caminhavam entre as pessoas até uma escada que levava a um segundo andar. Denis não pôde deixar de notar como o vestido vermelho de Maya se ajustava perfeitamente ao seu corpo, destacando suas curvas de forma elegante e sedutora. A maneira como ela se movia era hipnotizante, e Denis sentiu uma faísca de desejo se acender dentro dele.

Subindo os degraus, Denis se encontrou encantado pela visão da silhueta de Maya à sua frente. Ele admirou sua graça natural e a maneira como ela parecia tão à vontade em seu próprio elemento. Era evidente que ela conhecia bem aquele lugar, e Denis se perguntou quais outros segredos ela guardava. Ele acreditou, nesse momento, que apesar de serem do mesmo país, ela não devia ser da mesma religião da família dele. Pois era uma religião muito tradicional e tanto homens quanto mulheres não podiam beber ou vestir-se em roupas escandalosas.

Finalmente, chegaram a uma área mais tranquila e reservada da boate. Subindo dois andares através de uma escadaria iluminada por uma luz suave azulada, adentraram uma área VIP do estabelecimento. Ali, a música pulsante da pista de dança chegava de maneira mais suave, como uma batida suave que envolvia o ambiente em uma atmosfera de luxo e exclusividade. As áreas eram cuidadosamente divididas em seções, cada uma oferecendo seu próprio charme distinto.

Grandes sofás revestidos com tecidos de alta qualidade ocupavam os espaços estrategicamente, convidando os frequentadores a relaxarem em conforto e estilo. A luz azulada conferia uma aura de tranquilidade ao ambiente, enquanto a vista completa da pista de dança proporcionava uma sensação de estar no centro da ação.

Denis notou imediatamente a diferença na atmosfera: a música pulsante da pista de dança havia dado lugar a uma batida suave e relaxante, criando um ambiente mais íntimo e onde se podia conversar à vontade e, pensando bem, fechando a porta para não serem incomodados, podia-se ir muito além disso.

- Melhor que hotel onde estou hospedado - ele deixou a reclamação sair por entre seus dentes, os olhos percorrendo o ambiente luxuoso ao redor. Aquele sofá lhe pareceu mais confortável que a cama do Hotel.

- Então é sua primeira vez no Brasil, senhor...? - Ela perguntou, enquanto se sentava de uma maneira que ele julgou sexy sem ser vulgar. Seus olhos escuros brilhavam com uma curiosidade sincera.

- Denis, prazer... - ele estendeu sua mão para buscar a dela, captando a suavidade da pele dela sob seus dedos.

- Maya... - ela estendeu-lhe a mão e ele a beijou levemente, meio que curvando-se; um costume do país. Era o máximo que os bons costumes permitiam um homem tocar em uma mulher se não fosse sua parente próxima.

            
            

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