O Estranho Encanto do Ódio
img img O Estranho Encanto do Ódio img Capítulo 2 Negócios de Denis no Brasil
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Capítulo 6 Ela está com medo img
Capítulo 7 Um solteirão convicto img
Capítulo 8 Você é uma golpista img
Capítulo 9 As amigas de Maya img
Capítulo 10 Verdades reveladas img
Capítulo 11 Mudanças de planos img
Capítulo 12 Na palma da mão img
Capítulo 13 A compra de presentes img
Capítulo 14 Denis ainda ama Alice img
Capítulo 15 Reencontro por acaso img
Capítulo 16 Aquele cretino img
Capítulo 17 Um irmão bate à porta img
Capítulo 18 Meyan, um mulherengo img
Capítulo 19 Um jantar para recordar img
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Capítulo 2 Negócios de Denis no Brasil

Diferentemente de suas amigas, Maya, sendo mais seletiva, preferiu se afastar da pista de dança e dirigir-se ao bar para pedir água com gás e limão. Enquanto desfrutava desse espaço menos agitado ao redor do bar, ela notou a presença de um homem ao seu lado. Apesar de não o reconhecer de imediato, ela pôde detectar o sotaque familiar do seu país em sua voz suave e melodiosa, quando ele se dirigiu ao atendente.

Ela virou-se para observar o homem, cuja aparência impecável e aura de distinção imediatamente a intrigaram. Seus olhos profundos pareciam esconder segredos fascinantes, enquanto seu traje elegante e sob medida destacava sua presença imponente. O homem, com seu relógio de grife reluzente e gestos refinados, exalava um charme irresistível que capturou a atenção de Maya instantaneamente.

Não demorou muito para que seus olhares se encontrassem, mergulhando-os em um momento de expectativa silenciosa, onde o resto do mundo parecia desaparecer ao seu redor.

Denis odiava viajar a negócios. Para ele, tudo poderia ser resolvido pela Internet, e as viagens deveriam ser apenas para aproveitar o que a vida oferecia de melhor: se aventurar tanto pela natureza, fazendo trilha em locais sem sinais de civilização, ou as noites quentes das boates nas maiores capitais ao redor do mundo.

Porém, não era isso que seus pais e avós esperavam dele. Para ser considerado o melhor neto e o candidato ideal a herdeiro, ele precisava manter os mais velhos felizes e seguir suas instruções, até se tornar o CEO dos negócios. Enquanto caminhava pelo corredor do hotel, passando pelos quartos idênticos e pelas paredes sem graça, Denis lamentava mais uma vez o fato de estar longe de casa e dos luxos aos quais estava acostumado.

- E este hotel? - Murmurou consigo mesmo. - Ao voltar a meu país, descobrirei quem foi o responsável por reservar este lugar terrível; e o demitirei!

Ele havia viajado para o Brasil com o propósito de estabelecer algumas conexões com empresas do país. Foi uma semana intensa de trabalho, repleta de reuniões e muitos documentos assinados, mas no final, tudo acabara bem. Bem, exceto pelo cansaço e tédio que sentia. Ele havia contratado um intérprete de Português, já que não falava português, mas o dispensou assim que as reuniões foram concluídas. Percebeu que havia pessoas o suficiente que falavam inglês para que ele se comunicasse neste idioma no Brasil.

Denis estava usando apenas uma toalha amarrada na cintura, e seu cabelo ainda estava úmido, quando alguém bateu à porta. Ele sabia que era Alice, sua secretária executiva. Um sorriso se formou em seu rosto.

Alice, um ano mais jovem que Denis e formada em Direito, tinha um olhar expressivo e cabelos longos que caíam em um liso impecável sobre seus ombros. Sua pele clara contrastava com a intensidade de seus olhos verdes, que brilhavam com uma curiosidade inesgotável pelo mundo ao seu redor. Seu sorriso era cativante, irradiando calor e autenticidade em cada gesto.

Denis lembrava que, na universidade, Alice sempre se vestia com um estilo peculiar e boêmio, misturando peças vintage com elementos modernos, criando um visual único que refletia sua personalidade artística e livre. Ela tinha um gosto pela moda que ia além das tendências, preferindo peças que contavam histórias e carregavam significados. E foi isso que despertou a atenção de Denis.

Eles se conheceram na universidade em Londres, aos vinte anos. Tentaram namorar, mas não deu certo. Nos últimos anos, eles se divertiam em noites regadas a luxúria e bebidas, até que ela resolveu casar-se, acabando com toda a diversão. Denis pretendia fazer com que ela pulasse a cerca hoje. Quando ele abriu a porta, ela fixou seus olhos em seus gominhos do abdômen. Ele perguntou:

- Gostou do que viu?

Alice entrou no quarto, fazendo uma careta de desdém.

- Prefiro o que tenho em casa... Vim trazer esses documentos, pois preciso da sua assinatura ainda hoje!

- Mais papéis? Por que não podemos modernizar e assinar digitalmente?

- Você conhece teu pai melhor que eu! - Ela comentou, sentando-se na cama.

Denis pegou a pasta de papéis que ela trouxera e começou a lê-los apressadamente, antes de assiná-los.

- Aqui estão... Podemos voltar ao que é divertido? - Ele perguntou, com voz sedutora.

- Denis! Eu me casei com teu primo, sou fiel a ele, e você foi um dos padrinhos! É imoral você se comportar assim!

Denis julgou que aquilo tudo era uma encenação e que ela apenas estava se fazendo de difícil.

- Imoral é você vir ao meu quarto à noite, quando eu poderia, muito bem, assinar esses papéis pela manhã!

Ela lhe deu um tapa estalado no rosto.

- Vim pegar sua assinatura agora porque meu voo está marcado para hoje ainda - ela olhou para seu relógio - daqui a quarenta minutos, para ser mais exata!

Ele passou a mão na face, sentindo-a arder um pouco mais. Não era o primeiro, e sabia que não seria o último tapa que levaria de uma mulher.

- O quê? Você não vai comigo amanhã? - Fez um tom ofendido, pois seus planos era transar com Alice em seu avião particular.

- Não! Meu pai está doente e vou passar em Londres. Agora me deixe ir, pois preciso digitalizar esses documentos e pegar um táxi. Boa noite, Denis, espero que não desconte esse tapa do meu salário.

Ela falou rindo e o deixou sozinho.

Ao se ver sozinho no quarto, Denis se pôs a confabular porque Alice se casou com Douglas, seu primo: era um cara superchato, que não costumava viajar ou fazer coisas que Alice gostava. Durante a universidade e os primeiros anos de trabalho juntos, além das aventuras ao ar livre, Denis recordou-se das noites animadas em que saíam para dançar, perdendo-se na música pulsante e nos movimentos ritmados. Alice era sua parceira perfeita nessas ocasiões, irradiando alegria e entusiasmo enquanto exploravam os clubes da cidade.

Eles também compartilhavam um interesse mútuo pela história e pela cultura, e muitas vezes visitavam museus e locais históricos juntos. Denis lembrava-se das conversas apaixonadas que tinham sobre arte, arquitetura e eventos históricos, e como esses momentos enriqueciam sua conexão. Douglas só se importava por lucros, dinheiro, e mais lucros.

Essas lembranças trouxeram uma mistura de nostalgia e tristeza para Denis, pois ele nunca imaginou que Alice pudesse se interessar por outro homem a ponto de se casar. Por um segundo, a ideia de que Alice era a mulher de sua vida e ele havia a perdido para sempre o deixou desolado, e ele se perguntou onde havia errado. "Talvez, ela deu indícios de que queria se casar comigo e eu não percebi!"

Porém, Denis em pouco tempo deixou essas ideias de lado, pois não pretendia se casar nem tão cedo, por mais que gostasse de Alice, ele estava feliz em sua vida de solteiro. E, já que não iria se divertir com Alice, ele então buscou o celular e procurou boates ao redor do hotel. Sairia para tomar um uísque e divertir-se um pouco, afinal, para beijar na boca não precisava falar português.

Vestiu-se com um terno escuro, combinando com os sapatos bem engraxados e o cinto, uma camisa branca por baixo, e não poderia esquecer de colocar uma gravata. Também usou abotoaduras com as iniciais de seu sobrenome. Observou mais uma vez sua barba no espelho e passou perfume no pulso direito, levando-o ao pescoço depois.

Deixou o hotel em direção à boate acompanhado de dois seguranças, que ele dispensaria, mas eram ordens de seu pai e ele se via de mãos atadas, tendo que aceitar.

- Ao menos fiquem aqui fora - ele falou em tom autoritário. - Qual mulher vai se interessar por um homem acompanhado por dois guarda-costas?

- Muitas - Thales, um de seus seguranças, brincou. - Elas se amarram nisso, vão achar que o senhor é um astro de Hollywood!

- Dispenso estes! Fiquem aqui, caso eu vá demorar, aviso.

            
            

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