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CAPÍTULO 02
Passaram-se cinco anos. As cuidadoras do abrigo trabalhavam pelo dinheiro e não por amor. Limpavam o ambiente, faziam as refeições, davam-lhes banho, mandavam para escola e só. Nenhum carinho, nenhuma paciência. Às vezes, os menores eram castigados por bagunçar o quarto ou não lavar a louça e talheres usados . Paula não se lembrava de como havia entrado ali. Quando perguntava, sempre ouvia o de sempre: " você foi rejeitada! Sua mãe não te quis, na verdade ninguém te quer." Ouvir essas coisas, faziam o peito doer! Por que nunca fora adotada? Tantos casais visitavam o abrigo em busca de um filho! Por que nunca se interessavam por ela?
Um dia, chegaram três irmãos na casa de acolhimento: Um menino chamado Pedro de onze anos, João,de nove e Alice de cinco, mesma idade de Paula. Chegaram assustados, chorando , com medo de tudo. Paula puxou assunto com os três, mas apenas Alice lhe deu atenção:
-Oi? Disse Paula
-Oi! Respondeu Alice entre soluços.
-Alice, para de dar papo para essa negrinha! Você sabe que fugiremos daqui! Falou Pedro, cheio de revolta.
Negrinha? Pensou Paula! Negrinha? Ninguém havia me chamado disso antes! Ela já havia percebido que sua pele era bem mais escura do que a maioria das crianças, mas não via nisso um problema! Indignada, perguntou ao Pedro:
_ Por que você me chamou assim? Meu nome é Paula!
_ Não me interessa seu nome, e você é negrinha sim! Crioula se preferir! Por isso está aqui. Quem vai querer adotar uma crioulinha?
Então era isso? Ser negra era um problema? Por isso ninguém me queria? Nem minha mãe?