Layra
Ao sair do banho ouço meu telefone tocar, vejo no visor que é minha amiga.
- Oi, Mari. - atendo
- Layra, já está pronta? O Lucas vai passar aí em dez minutos - diz ela. Recordo-me que havíamos combinado de pegar uma praia agora pela manhã, e eu nem sequer me lembrei de arrumar minhas coisas. Que droga!
- Na verdade eu havia esquecido, mas me arrumo rapidinho.
- Caramba, marcamos ontem a noite, como pode esquecer? - questiona, aparentemente irritada.
- Eu sei. - Gemo frustrada e mordisco o lábio. Me pergunto se falo o motivo que me deixou aérea em meus pensamentos. - E se ele nunca olhar para mim?- Ouço o suspiro impaciente dela do outro lado da linha e me preparo para ouvir outro sermão.
Minha amiga colocou na cabeça que devo me declarar para ele de uma vez por todas ou esquecer essas fantasias.
- Layra... Já conversamos sobre isso. Ou você vai à luta, ou esquece esse homem. Ele não vai simplesmente acordar no dia seguinte e pôr na cabeça que quer pegar a filha do amigo. Muito pelo contrário.
- Eu sei, mas o que você quer que eu faça? Que eu chegue nele e fale que o amo desde os meus quinze anos? Esquece! Ele vai achar que eu sou uma louca, ou pior, uma louca pervertida.
- Bom, talvez seja melhor do que você continuar encarando ele de longe como uma doida. Ele vai continuar sem notar como fez das outras vezes. - Diz Mari em tom sarcástico.
Com o coração martelando o meu peito, respondo:
- Eu não sei o que fazer. Todas as vezes que estou perto dele, fico trêmula. Meu cérebro parece se transformar em geleia, porque não sai nada que preste.
Mari gargalha do outro lado da linha.
- Ai, amiga ... Então se você quer mesmo aquele homem, vai ter que descer do salto e pôr a mão na massa. Você sabe o que quero dizer, não é? O Arthur não é um garoto, é um homem feito e tem necessidades. Você está pronta para satisfaze- ló em todos os sentidos?
- Pelo amor, Mari, você fala como se fosse a dona de um cabaré. - Reviro os olhos e sorrio.
Mari, apesar de ser um pouco mais velha do que eu, nunca se importou em esperar o cara certo para perder a virgindade. Já eu? Além de ter um pai ciumento que nem sequer deixa os meninos se aproximarem, ainda passei parte da minha adolescência apaixonada por um homem que tem quase o dobro da minha idade e que não poderia nem sonhar em me notar. Definitivamente, não sou a número um em quesitos de sorte.
- Você sabe que tenho razão. Já saí com alguns homens mais velhos e posso dizer que tenho experiência o suficiente para te ajudar a conquistar um homem como ele. Com certeza passear de mãos dadas no parque não é a atividade favorita deles.
- Certo. Vamos supor que você tenha razão sobre o sexo. Antes de tudo, preciso fazer com que ele me note. Enquanto eu for invisível, não terá nem passeios de mãos dadas no parque, imagina outra coisa.
Sento-me na cama e coloco o celular no outro ouvido.
- Vou pensar em algo para te ajudar. Mas só se você se arrumar em 5 minutos. - Responde Mari.
- Tudo bem. Já estou quase pronta. - Respondo tentando enganar minha amiga, que sabe que estou mentindo.
Desligo a chamada e coloco um sorriso forçado no rosto. A verdade é que eu queria passar todo o dia na cama, mas é provável que logo minha mãe bata na porta ou a Mari e o Lucas apareçam aqui para me obrigar a ir com eles. Sem escolhas, começo a me arrumar e ajeitar minhas coisas em uma bolsa.