Layra
Do meu quarto ouço a voz do meu pai me chamando, falando que Lucas havia chegado. Já vestida com uma bela saída de praia e tendo todas as coisas que irei precisar dentro da bolsa, desço as escadas e os vejo conversando sobre futebol na sala. Apesar de ser um homem, ele é o único com quem meu pai não implica quando se aproxima de mim, talvez porque sejamos amigos desde crianças e definitivamente não haja a mínima possibilidade de rolar algo entre nós. Digamos que Lucas não faz o meu tipo, já que tenho atração por homens mais velhos.
- Bom dia - cumprimento-os.
- Bom dia, filha - responde papai e, logo depois, Lucas.
- Bom dia, preguiçosa - provoca e sorri.
Balanço a cabeça e também sorrio com sua provocação barata. O sorriso se expande em seu rosto claro, quase chegando à orelha. Os olhos castanhos brilham ao me olhar, deixam-me um pouco desconcertada e, por um segundo, tenho a impressão de notar algo estranho na forma que ele me olha. Ignoro essa besteira e pigarreio.
- E então, vamos? A Mari já deve estar louca esperando a gente. - Questiono.
Lucas desvia o olhar do meu rosto, se despede dos meus pais e caminha em direção a porta.
Meu pai, que estava distraído olhando o celular, caminha na minha direção com o aparelho na mão e coloca-o no ouvido.
- Tchau, querida. Comporte-se. - Ele deposita um beijo na minha testa e se afasta.
Ouço-o atender ao celular e lhe dou as costas, contudo, viro-me na sua direção no momento em que o escuto falar o nome Arthur. Meu coração dispara. Antes que Lucas retorne até onde estou e me puxe para a porta de saída, ainda ouço papai perguntar se ele irá passar aqui amanhã após o desembarque. Engulo em seco só em imaginar que poderei vê-lo, mesmo que de longe ou talvez não tão longe assim. Respiro fundo quando coloco os meus pés para fora de casa, fecho os meus olhos e aprecio a brisa refrescante que balança os meus cabelos.
Em conflito com meus pensamentos decido que não posso mais conviver com isso, com este sentimento sufocante. Talvez eu deva jogar um jogo arriscado, testando os seus limites e os meus. Olho para a frente, e digo a mim mesma que irei conquistá-lo, custe o que custar.
Após passarmos na casa de Mari, Lucas para o carro ao lado de um quiosque no calçadão de Copacabana. O dia está ensolarado e os turistas trafegam de um lado para o outro, como é normal no Rio, apesar da minha falta de ânimo mais cedo, o barulho das ondas e a brisa do mar recarregam as minhas energias. Mari e eu descemos, segurando nossas bolsas, nos sentamos nos banquinhos e pedimos, cada uma, uma água de coco, enquanto Lucas estacionava o carro.