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Aflita com o horário, Léia terminava o corte da senhora Bete escovando como ela gostava, o problema era que a senhora Bete sempre ficava de papo no final e já era quase hora de buscar os meninos no treino de futebol.
- Oh minha filha, ficou ótimo! E como você está lidando com a viuvez?- O coração de Léia quase pulou pra fora com a pergunta inesperada. "Viuvez! Credo, não tinha outro jeito de falar? Agora estou me sentindo uma velha além de viúva".
-Vamos tocando né dona Bete.- tentou ser o mais sucinta para não prolongar a conversa, mas não tinha jeito com a velhota faladeira.
-Quando eu perdi o meu José precisei da ajuda de muita gente com os meus filhos todos pequenos, então não se sinta mal se não der conta de tudo viu. Peça ajuda, não seja orgulhosa!
"E ainda tenho que ouvir isso!" Dando uma olhada para Carla, sua assistente, tentou mais uma vez:
- Não serei, se precisar peço sim. Olha, agora mesmo vou pedir a Carla que ajude a senhora a chamar seu Uber, pois tenho que buscar os meninos tá?! Carla, por favor!- dando um beijinho na cliente, virou-se e saiu, não dando oportunidade da conversa se prolongar.
Carla, conhecendo a chefe, foi logo levando dona Bete para o sofá e oferecendo um café enquanto esperava. Enfim, conseguiu driblar esta. "Viuvez! Meu Deus! Só me faltava agora alguém querer me arrumar um novo marido."
Chegando no treino, somente seus filhos, outro menino e uma mulher conversando com o treinador estavam ali.
-Me desculpe pelo atraso Elias- pediu ao treinador.
-Imagina, eu ainda tenho outra aula, quando precisar os meninos ficam aqui comigo.
-Agradeço muito, mas vou tentar não precisar. Vamos meninos?- disse virando para eles e gritando-os da lateral do campo.
Três rostos alegres e saltitantes vieram ao seu encontro.
- Mãe! Este é o Breno, o sobrinho do Lipe que te falei!- Léo apresentou seu colega.
-Oh, prazer Breno! Você também treina aqui?
-Sim senhora, minha mãe veio me matricular hoje.
Virando-se para a moça que conversava com o treinador.
-Muito prazer! Sou Fabíola, mãe desta criança empolgada aqui. Em um dia de aula, me disse que já fez um melhor amigo- disse apontando para Léo.
-Oh, que bom ser criança. Léo também chegou bem feliz em casa. A propósito, sou Léia- as duas mulheres apertaram as mãos.
- Mãe, qualquer dia podemos convidá-lo para brincar em casa?- Léo pergunta com seu sorriso conquistador de pedidos.
-Claro! Ou podemos nos encontrar no parque, estamos lá todo domingo a tarde. - falou para Fabíola.
-Que ótimo! Queríamos mesmo passar os finais de semana ao ar livre. Senão esta moçada só quer saber de celular.
-Verdade. Então combinado! Até mais Breno! Fabíola, marca meu número, vamos nos falando.- após passar seu contato e receber um "oi" da outra, se despediram e foram pra casa.
-Que legal né mãe! Quem sabe qualquer dia conhecemos o Lipe pessoalmente.
-Filho, você não pode ser amigo de Breno só por interesse.- Léia o repreende.
-Eu sei mãe, ele é legal, mas quem sabe né?!- olhou pro irmão que também concordava com a cabeça.
-É, quem sabe. Mas provavelmente ele mesmo veja seu tio somente algumas vezes no ano. Pessoas famosas são muito ocupadas.
Os meninos se entreolharam e o sorriso de ambos diminuiu. Mas Léo ainda pensava "mas quem sabe?!"