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Acordar num domingo, indisposta, com dois meninos de bateria recarregada e comprometida em cuidar da salinha das crianças no estudo bíblico era muito ruim. Estes momentos, em que seu companheiro estaria ali para pelo menos cuidar de arrumar os meninos e preparar um café, até que ela tomasse um remédio e um banho, eram os dias dolorosos, que seus sentimentos iam de raiva por ele ter partido, pena de si mesma, a se sentir inútil por sentir isto, já que sempre fora capaz de supervisionar e cuidar de sua família.
Já havia chorado muito, com vários tipos de conselhos e consolos que só a deixam mais chateada. Até então, o que estava resolvendo era se ocupar, não pensar, mas parece que seu corpo começava dar sinais de fadiga.
-Mamãe, não vamos a igreja hoje?- Lucca perguntou, pois sua mãe sempre estava acordada com a mesa pronta para o café.
-Vocês vão queridos, já vou arrumá-los. Antes, pedirei a tia Elisa para passar por aqui e levá-los. ok?- os meninos se entreolharam preocupados, pois acabavam se recordando de sua mãe na cama chorando e sem vontade de sair.
-Mas o que você têm?- perguntou Léo.
-Acho que estou ficando resfriada- disse enquanto enviava uma mensagem para sua amiga buscar os meninos e substitui-la na aulinha.
Após a resposta da mãe, o mais velho suspirou e disse:
-Fique ai então mamãe- se aproximou dando um beijo na testa dela- eu ajudo o Lucca a escolher a roupa e ponho cereais para comermos.
Léia quase não aguentou, segurou o choro e somente assentiu com a cabeça, pois esta atitude era a mesma de seu marido.
"Dias ruins" pensou ela, "mas com bons exemplos deixados por Jonas". Ficou orgulhosa de seus filhos e assim que se despediu deles na porta correu para o chuveiro e se permitiu chorar, lamentar um pouco pela solidão de seu coração e a saudade.
Tomando um remédio, resolveu não voltar para a cama, mas preparou uma macarronada e almondegas, que seus filhos gostavam muito.
Voltaram no horário do almoço, com muitos elogios de sua amiga, que era uma benção no apoio com as crianças.
-Você acha que poderá nos levar ao parque hoje mamãe? O Breno falou que vai- Léia se lembrava de ter dito a mãe do menino que todo domingo estavam lá.
-Ah filho, estou com medo de sair e ficar indisposta para dirigir depois.
-Humm, mas e agora ele vai ficar me procurando.
-Vou mandar mensagem para a mãe dele ok?!- escreveu uma breve mensagem, comunicando que estava meio indisposta e por isso não levaria os meninos ao parque neste dia.
Para sua surpresa, a mãe de Breno se ofereceu para lavá-los, pois este estava ansioso para apresentar seu tio aos amigos, já que este estava de passagem pela cidade. Virando-se para os meninos arregalou os olhos e disse:
-Não acredito no tamanho da fé de vocês!- Decidiu não contar sobre a presença do jogador.
-O que foi mamãe?- Lucca não entendeu nada e Léo olhou com desconfiança.
-A mãe do Breno vai levar vocês ao parque!
-Nossa mamãe, e porque nossa fé é grande? Acha que queremos nos livrar da sua companhia?- Léo gracejou.
-Não querido, é que vocês nem sabem o que vão fazer lá.
-O quê?- perguntaram em uníssono.
-Ora, jogar bola- com uma vaia dos garotos, decidiu manter o elemento surpresa.
-Vão se arrumar então- dito isso, eles correram para o quarto e ela foi preparar um lanche para levarem.
Almoçaram e estavam assistindo um programa de domingo na TV quando a campainha tocou.
-Os dois, alvoroçados, correram pegar suas mochilas e bola, enquanto Léia abria a porta.
Fabíola estava a porta, enquanto Breno acenava do carro, com alguém no banco do motorista, que Léia supôs ser o pai dele.
-Olá- cumprimentou Fabíola e acenou para Breno.
-Oi, você está melhor?- a mulher parecia preocupada, pois seu filho havia dito que seus amigos não tinham mais pai.
-Sim, obrigada, mas achei melhor não abusar. Muito obrigada viu, não contei aos meninos sobre o famoso jogador, então eles vão surtar quando o virem.
-Ah Léia, ele adora estas coisas, adora meninos, já que não tem filhos. Breno não cabe em si de contentamento!
-E eu vou ficar com a orelha quente a semana toda- riram e logo os garotos estavam na porta.
-Se comportem hein, senão a Fabíola traz vocês no mesmo instante- avisou Léia.
-Nós vamos tia Fabíola!- Léo disse- tchau mamãe, puxou a mãe e deu-lhe um beijo.
-Tchau meninos- deu um beijo no menor também e os viu entrar no carro e partir.