Capítulo 4 Vai assinar agora

"Jason!" Chelsey entrou em pânico, tentando se soltar, mas ele já estava levantando sua saia.

De repente, um som de rasgo ecoou no ar quando ele rasgou suas meias pretas.

Esse som ficou na cabeça dela como um alarme sinistro, a levando a se perguntar se Jason tinha perdido a cabeça.

Nos três anos em que estiveram juntos, ele nunca havia a tocado no local de trabalho. Até quando ele estava desesperado e eles estavam a quilômetros de distância de casa, o máximo que faziam era se divertir no carro.

"Pode gritar mais alto se quiser", ele rosnou contra o pescoço dela.

Depois suas mãos grandes subiam e desciam pelo corpo da mulher, deixando um rastro ardente na pele dela.

Chelsey mordeu o lábio e se agarrou à beirada da mesa, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela estava se sentindo humilhada, de uma forma que nunca havia vivenciado antes.

Porém, Jason não se incomodou com a reação lamentável dela. Depois de três anos, ele conhecia todos os pontos fracos do corpo dela e usava esse conhecimento para impor seu domínio.

Uma das suas mãos estava pressionada contra a cintura dela, enquanto a outra estava apoiada no ombro dela, a imobilizando. Seus avanços eram rápidos e intensos e, por mais que ela chorasse e implorasse, ele não parou, como normalmente fazia.

Para silenciar os gritos dela, ele simplesmente a beijou.

Jason não desistiu até ficar totalmente satisfeito.

Quando terminou, ele a empurrou para o lado, depois pegou os papéis que haviam caído e se sentou na sua cadeira, voltando a ser o CEO frio e indiferente que todos conheciam.

Chelsey ainda tremia enquanto colocava suas roupas. Embora sua pele continuasse a arder por conta do ataque fervoroso que acabara de sofrer, seu coração estava frio como gelo.

Ela sabia que as ações dele foram uma forma de se vingar pela sua insolência no hospital no dia anterior.

O fato de Jason ter quebrado suas próprias regras em seu escritório não foi nada de especial. Ele fez isso só para constrangê-la, e conseguiu.

No entanto, quando tudo foi dito e feito, Chelsey já havia se decidido.

Se ela não se afastasse de Jason o mais rápido possível, nunca iria conseguir escapar das garras deles. E ela não queria que o pouco de beleza e alegria que restava na sua vida se transformasse em algo vergonhoso e horrível.

Respirando fundo, ela pegou sua carta de demissão do chão e a ergueu novamente para Jason.

"Vai assinar agora?", perguntou ela com uma voz rouca.

No instante seguinte, a temperatura da sala despencou.

Jason, que estava folheando os documentos, de repente parou, seus olhos iluminados por uma raiva mais forte, enquanto a encarava. Havia um toque de descrença ali também, como se ele não esperasse que ela fosse perguntar isso. No fim, ele pegou a carta da mão dela.

Nesse momento, Chelsey fechou os olhos aliviada, mas Jason simplesmente jogou sua carta de demissão sobre uma pilha de trabalhos pendentes.

"Passe seu trabalho aos outros antes de sair", ordenou ele, num tom gélido e firme.

Se ela não o conhecesse bem, poderia até ter achado que o sexo que acabaram de fazer não havia passado de uma alucinação sua.

Chelsey suspirou com uma mistura de alívio e autodepreciação.

Obviamente, ele só estava preocupado com o trabalho, afinal, ela tinha um projeto complexo em suas mãos que não podia ser entregue a outra pessoa.

"Entendido", respondeu ela antes de se virar para sair. No entanto, quando ela estava prestes a pegar na maçaneta da porta, o homem falou novamente.

"Isso inclui seu trabalho como amante."

Ao ouvir isso, Chelsey se enrijeceu. O que ele quis dizer com isso? Ele estava dizendo para ela encontrar outra mulher para assumir sua posição de amante?

Jason era o herdeiro da fortuna da família Martin, um CEO que possuía trilhões em patrimônios. Certamente, ele poderia ter qualquer mulher que quisesse. Será que realmente precisava que ela encontrasse uma para ele?

Logo Chelsey percebeu que era só mais uma forma dele para humilhá-la. Não querendo ficar perto dele por nem mais um minuto, ela apenas assentiu e saiu sem dizer uma palavra.

Seu corpo estava quente e úmido e, apesar de ter ficado ocupada o dia inteiro, ela não conseguiu terminar todo o trabalho.

O alívio que ela sentiu quando finalmente chegou a hora de bater o ponto foi esmagador.

Abatida, ela saiu do prédio.

De repente, um Cayenne preto familiar parou na frente dela. Então, o vidro do banco traseiro se abriu e ela ouviu a voz de Jason de dentro do veículo: "Entre."

Quando o viu recostado no banco, com suas longas pernas cruzadas e os dois primeiros botões da sua camisa abertos, Chelsey instintivamente deu alguns passos para trás.

No passado, ela era tão apaixonada por ele que só de vê-lo assim, se transformava num poço de desejo. Mas agora ele só a deixava com um pavor insuportável.

Notando a relutância dela, Jason franziu as sobrancelhas. "Será que vou ter que ir até aí e te arrastar para dentro?"

Diante dessas palavras, o coração de Chelsey começou a disparar.

O breve incidente daquela manhã a fez perceber que, se esse homem estivesse descontente, garantiria que ela se sentisse assim também. Contudo, ela não queria arranjar mais problemas desnecessários nos poucos dias que lhe restavam na empresa.

Afinal, eles estavam na frente do portão da empresa, e seria um verdadeiro desastre se ele fizesse suas maluquices ali, onde todos podiam ver.

Cerrando os dentes, Chelsey abriu a porta do carro com cuidado e entrou. Quando a janela estava prestes a se fechar, ela ouviu uma voz familiar de fora.

"Ei, cuidado!"

Ao se virar para olhar para fora, Chelsey ficou chocada com o que viu.

O que Tim Hussain estava fazendo lá? Ele estava segurando um buquê de flores enquanto falava com alguém, provavelmente a pessoa que havia se esbarrado nele.

Chelsey pegou seu celular e viu que Tim lhe enviara várias mensagens de voz.

Sem pensar, ela clicou nas mensagens e a voz de Tim ecoou repentinamente no espaço limitado do veículo.

"Olá, Chelsey. Que horas você sairá do trabalho?"

"A propósito, sua mãe me convidou para um jantar. Vou te buscar, tá bem? Estarei esperando do lado de fora da sua empresa."

"Chelsey, já terminou seu trabalho?"

Ela percebeu tardiamente seu erro, mas não conseguiu impedir que as mensagens fossem reproduzidas uma após a outra, fazendo com que a tensão se instalasse no carro.

Após pedir para o motorista desligar o motor, Jason puxou Chelsey para os seus braços, depois enfiou a mão por baixo da saia dela. Como ele havia rasgado as meias dela nessa manhã, sua mão foi até onde ele queria com facilidade.

"Quer que eu abaixe a janela?", ele perguntou enquanto mordia a orelha dela.

Ele estava ameaçando expô-la ao público, outra punição cruel que ela sabia que ele adoraria aplicar.

"Ele vai ver seus pais em breve, hum?", ele sussurrou. "As coisas já estão tão sérias assim?"

Enquanto o ouvia, Chelsey sentia seu coração batendo forte no peito, sabendo que Jason estava a ponto de explodir de raiva.

Mesmo assim, ela não conseguiu apaziguá-lo, simplesmente deixando de ser o que era.

O empurrando com todas as suas forças, ela disse: "Isso mesmo, nós... ele me faz sentir bem. Meu noivo está aqui para me buscar, senhor Martin, então..."

Com seus olhos brilhando com uma intenção assassina, Jason a empurrou para o lado como se ela fosse um lixo.

Nesse momento, Chelsey sentiu um gosto de sangue na língua. Ela não sabia quando a raiva dele iria diminuir, mas não pretendia ficar por perto para descobrir. Rapidamente, ela ajeitou sua saia, abriu a porta do carro e saiu.

Quase que imediatamente, Tim a viu e correu até ela com uma expressão séria no rosto. "Por que não está no escritório?"

"Eu..." Chelsey começou a falar, mas foi interrompida pelo som da porta do carro se abrindo novamente, o que fez suas costas se enrijecerem.

Quando estava dentro do carro, ela havia deixado escapar aquelas palavras, achando que Jason ficaria repugnado e logo iria embora. O que ele estava fazendo agora?

"Senhor Martin?" Tim chamou, com os olhos fixos no homem atrás dela. "Por que estava no carro do senhor Martin, Chelsey?"

Ansiosa, Chelsey segurou a mão dele e explicou: "Na verdade, o senhor Martin é meu chefe. Acabamos de voltar de uma reunião com um cliente."

Felizmente, Tim acreditou na mentira dela. Sendo sincero, ele ficou distraído por ela estar segurando sua mão, o que era evidente pelo leve rubor no seu rosto.

Se virando para Jason, ele disse com um sorriso largo: "Entendi. Sendo assim, você deveria comparecer no nosso casamento, senhor Martin."

Jason olhou para as mãos entrelaçadas dos dois, enquanto seu lábio superior se contraía. "Claro."

Logo em seguida, ele voltou para dentro do carro, batendo a porta com força.

Chelsey não perdeu tempo e foi até o Buick de Tim. No caminho, o homem não parava de falar sobre Jason.

Com o coração e a mente ainda confusos por conta dos acontecimentos do dia, ela só conseguiu responder com algumas palavras.

Quando Chelsey voltou a si, eles já estavam na porta da sua casa.

Tim havia dito algo sobre Sylvia tê-lo convidado para jantar, o que a deixou arrasada com a ousadia da sua mãe.

Assim que eles saíram do carro, Sylvia já estava lá. Enquanto os cumprimentava e pegava os valiosos presentes que Tim havia trazido, ela estava radiante. Os levando para dentro, ela não parava de elogiar Chelsey, garantindo principalmente que sua filha seria uma excelente dona de casa.

As bochechas de Tim ficaram mais vermelhas quando ele concordou com a cabeça.

Depois que se acomodaram na sala de estar, eles continuaram conversando, fazendo Chelsey se sentir uma estranha. Assim, ela só pôde se sentar ao lado e ouvi-los.

Sylvia conduzia a conversa, obviamente falando sobre a possível data do casamento e o número de filhos que o casal podia planejar ter. E, claro, a questão que mais a preocupava era os presentes de casamento, a casa e o carro que Tim deveria providenciar.

Chelsey teve que admitir que Tim realmente era um excelente pretendente ao matrimônio. Mas, por algum motivo, ela se sentia desconfortável ao ouvir a conversa deles.

Por fim, ela pediu licença para ir à cozinha, dizendo que iria preparar alguns pratos. Contudo, o cheiro de óleo a deixou enjoada imediatamente. Cobrindo a boca, ela correu para o banheiro.

Chelsey queria fazer um exame médico nesse dia, mas depois de tudo o que aconteceu, acabou se esquecendo. Com a mão pressionada contra a barriga, ela respirava profundamente.

Quando ela olhou para o espelho, viu o reflexo de Sylvia a olhando da porta.

Então, sua mãe entrou no banheiro, com os olhos cheios de condenação.

"O que está acontecendo, Chelsey? Me diga a verdade." Após estalar a língua e revirar os olhos, ela continuou: "Quantas vezes já te avisei que uma mulher deve ter autorrespeito!"

Por pouco, Chelsey não caiu na gargalhada com essas palavras.

Autorrespeito?

Ela aceitaria de bom grado esse conselho de qualquer outra pessoa, menos da sua mãe.

Engolindo o remorso, Chelsey jogou água no rosto e se arrumou, depois disse num tom frio: "Não estou grávida, se é isso que está insinuando. Foi só um problema de estômago."

De repente, Sylvia tirou uma caixa de kits de teste de gravidez do armário de remédios e a entregou para Chelsey.

"Por favor, já tenho bastante experiência para cair nessa. Isso não parece nem um pouco com um simples problema de estômago. Agora, faça o teste para me deixar mais tranquila!"