Capítulo 5 A primeira vez de uma mulher é extremamente valiosa!

Chelsey apenas olhou para a caixa por alguns segundos, sentindo sua irritação subir a níveis alarmantes. Ela não precisou nem perguntar por que sua mãe havia estocado kits de testes de gravidez.

Nos últimos dois anos, Chelsey flagrara Sylvia em momentos íntimos seis vezes em casa - cada vez com um homem diferente.

Autorrespeito? Que hipocrisia!

Mas Chelsey sabia que Sylvia não desistiria até que ela obedecesse.

Sob o olhar atento da mãe, ela pegou desajeitadamente um kit e começou a fazer o que tinha que ser feito. Seu coração batia descontroladamente o tempo todo, mas ainda mais quando era hora de esperar pelos resultados.

Se ela realmente estivesse grávida...

Uma ideia maluca surgiu em sua mente: Ela fugiria com a criança e deixaria aquela casa, aquela cidade, e... Jason Martin.

"Ufa, que alívio!" A voz de Sylvia trouxe Chelsey de volta ao presente, destruindo suas fantasias.

Chelsey se inclinou e, quando olhou para a única linha no teste, várias emoções desconhecidas surgiram no seu peito. Ela se viu tanto aliviada, quanto desapontada.

Sylvia, por outro lado, continuava tagarelando. "Isso é bom, mas tenho certeza de que você está envolvida com homens, basta olhar pro seu rosto! Você precisa parar com isso imediatamente. É totalmente vergonhoso! Pra sua sorte, conheço um médico especializado em operações discretas. Vou te levar até ele para uma cirurgia de reparo do hímen. Estou te dizendo, a primeira vez de uma mulher é extremamente valiosa!"

Chelsey rolou os olhos mentalmente, achando aquele discurso ridículo.

Mas então, ela se lembrou do cartão do banco que Jason lhe dera. Ele o jogou na cama na primeira noite, logo depois de ver as manchas de sangue nos lençóis.

Quinhentos mil de uma só vez. Essa quantia parecia algo inalcançável para Chelsey, mesmo que ela trabalhasse exaustivamente por três anos.

Talvez sua mãe estivesse certa: a primeira vez realmente tinha um valor inestimável.

Durante o jantar, Chelsey mal conseguiu sentir o sabor da comida, enquanto Tim e Sylvia conversavam animadamente sobre qualquer assunto que pudessem pensar.

Quando Tim se despediu, Sylvia ainda mencionou o quanto estava ansiosa para ver os pais dele e pediu a Chelsey que o acompanhasse até a porta.

Parados em frente ao carro, Tim de repente pegou a mão de Chelsey. Sua palma estava molhada e pegajosa de suor, e ela teve que lutar contra a vontade de recuar.

De repente, as palavras de Jason ecoaram na mente dela. Poderia ela se contentar com outra pessoa depois de estar com Jason Martin por tanto tempo?

A jovem percebeu então que, não importava o quanto tentasse se iludir, a resposta era sempre não.

Naquela noite, Chelsey dormiu pouco. No dia seguinte, quando foi trabalhar, se sentiu tonta e indisposta.

Sua manhã foi extremamente atarefada até que o telefone fixo do escritório tocou incessantemente às dez e meia.

Chelsey atendeu a ligação.

"Venha ao meu escritório", veio a voz de Jason, tão fria quanto a brisa do final do outono.

As pernas de Chelsey ficaram tensas instintivamente.

Ela estava usando calças pretas e, se algo acontecesse e elas fossem rasgadas, ela não seria capaz de esconder nada.

Todos os seus segredos vergonhosos seriam expostos para toda a empresa.

Ela queria recusar, mas Jason já havia desligado.

Chelsey protelou o quanto pôde, mas, no final, não teve escolha a não ser subir até o último andar. Ela bateu na porta do escritório do CEO e entrou, deixando deliberadamente a porta aberta.

A precaução dela não passou despercebida por Jason, que sorriu, seus olhos brilhando com um perigo velado.

"Feche a porta e venha aqui", ele ordenou, batendo o dedo indicador na mesa.

Chelsey se aproximou lentamente, mas ainda deixou a porta aberta.

"Como posso ajudar, senhor Martin?", perguntou, tentando manter a voz firme. Afinal, ela ainda era a secretária dele e estar à disposição do chefe fazia parte de seu trabalho.

Jason a observou por alguns segundos antes de soltar uma risada suave. Quando ele falou, sua voz estava novamente impregnada daquele tom profundo e doce. "Do que você tem medo?"

Chelsey mordeu o lábio inferior, permanecendo em silêncio, mas seu corpo tremia levemente. Ela parecia um coelhinho em alerta, pronto para fugir ao menor sinal de perigo.

Uma revista pousou com um baque na mesa de Jason, aberta em uma página que exibia a imagem de um anel de noivado.

Era uma faixa dourada, incrustada de diamantes, cujo interior trazia um padrão gravado que simbolizava o amor eterno.

O coração de Chelsey acelerou ao olhar para Jason.

No mês passado, durante uma viagem de negócios, eles haviam visto o anúncio desse mesmo anel. Naquela época, era vendido apenas sob uma pré-encomenda, e Chelsey ficou instantaneamente atraída por ele.

Ela perguntou a Jason, de maneira nada sutil, o que ele achava do anel.

Ele simplesmente deu uma olhada rápida e disse que não valia o preço.

Chelsey se lembrou de como seu ânimo despencou instantaneamente. Seu primeiro pensamento foi comparar a opinião dele sobre o anel com a opinião dele sobre ela mesma: bonito e agradável, mas nada de especial.

Depois daquele dia, ela nunca mais se atreveu a mencionar o anel.

Por que Jason estava trazendo isso à tona agora? O que ele estava tentando fazer? As mãos dela se cerraram em punhos.

O sorriso de Jason se aprofundou, claramente satisfeito com a reação dela.

Até o coelho mais errante se tornaria obediente se a cenoura certa fosse pendurada na sua frente.

"Você gostou?", ele perguntou, com a voz baixa e quase persuasiva.

Chelsey ficou atordoada, sem saber como responder. No passado, ela teria dito sim sem hesitar, mas agora, depois de tudo o que havia acontecido entre eles, tudo o que sentia era medo.

Seus punhos se afrouxaram e depois se apertaram novamente. Ela não conseguia formular uma resposta.

Antes que ela conseguisse decidir, Jason tirou um cartão de banco de uma gaveta da mesa, o colocou em cima da revista e bateu duas vezes. "Vá comprar."

O coração de Chelsey começou a bater mais rápido.

Ele queria que ela usasse o mesmo cartão de banco que ele lhe dera na primeira noite deles.

A mulher estava confusa, se perguntando se ele queria que ela comprasse o anel com aquele dinheiro, e não entendia onde ele queria chegar.

As palavras seguintes dele, no entanto, finalmente esclareceram tudo para ela, caindo sobre ela como um balde de água fria.

"Faça com que a loja embrulhe bem e traga o mais rápido possível. É um presente pra alguém."

A mente de Chelsey ficou em branco, tanto suas apreensões quanto suas ilusões equivocadas desaparecendo num piscar de olhos. A zombaria estampada no rosto de Jason parecia queimar na mente dela.

Que ridículo ela ter pensado que o anel era para ela!

Seu rosto queimou de vergonha.

Chelsey respirou fundo, abrindo os punhos para recuperar a compostura.

Era isso que ela queria, não era?

Jason era realmente um demônio manipulador. Chelsey sabia disso desde o início e mal podia acreditar que quase havia caído na armadilha. De qualquer forma, era melhor assim.

Se todas suas esperanças desaparecessem, o risco de dor no futuro também desapareceria.

"Claro, senhor Martin."

Chelsey fez uma leve reverência e pegou a revista e o cartão do banco, depois girou nos calcanhares e saiu do escritório com as costas retas e a cabeça erguida.

Crack!

A caneta luxuosa que Jason segurava se partiu ao meio.

O homem pensou que finalmente poderia desabafar sua raiva e frustração, mas elas pareciam apenas se enrolar ainda mais em seu coração.

Ele tinha pedido a Chelsey que comprasse o anel que ela queria, usando o dinheiro que, supostamente, era dela, e dito a ela que o anel era para outra pessoa!

Mesmo assim, Chelsey parecia calma com tudo isso.

Jason podia ser teimoso e obtuso às vezes, mas estava claro para ele que, dessa vez, Chelsey estava falando sério e estava realmente determinada a terminar com ele.

Uma hora depois, Chelsey estava batendo novamente na porta do escritório de Jason. Ela entrou e colocou a caixa de joias embrulhada para presente na mesa dele, junto com o cartão do banco e o recibo.

"Está tudo resolvido, senhor Martin. Se for só isso, voltarei ao trabalho", disse ela, com uma atitude indiferente que irritou Jason.

"Ela não gostou. Pode ficar com ele."

Claramente perturbada, Chelsey parou no meio do caminho e se voltou para ele com um olhar vazio.

Jason franziu a testa e estreitou os olhos, questionando: "O que foi? Você não gostou? Não quer mais?"

Chelsey já estava bastante abalada, e não tinha tempo nem energia para lidar com as oscilações de humor de Jason.

Era verdade que ela vinha de uma origem humilde. Também era verdade que ela ainda não havia conquistado nada significativo. E sim, em muitas ocasiões, ela se rebaixara para aquele homem.

Mas ela não era completamente sem valor.

Ela tentou segurar firme os pequenos fragmentos de alegria que ainda restavam em sua vida, mas sem sucesso.

"É bom que a garantia permita devoluções. Então vou resolver isso agora mesmo."

Chelsey foi até a mesa para pegar a caixa e o recibo, mas antes que pudesse fazê-lo, Jason agarrou seu pulso com força.

"O que diabos você está tentando fazer, Chelsey?", ele exigiu, sua voz vibrando com fúria mal disfarçada.