Capítulo 4 quatro

Tempo atrás

Ouço o alarme ao longe, e como todas as manhãs me levanto com toda a disposição do mundo, tomo um banho, arrumo meu cabelo comprido, desço para a cozinha, Ana ainda está dormindo, ela não trabalha às segundas-feiras, preparo meu café, tomo rapidamente e saio, porque estou atrasada, não posso me atrasar.

Decido caminhar, a cafeteria não está muito longe e me perco em meus pensamentos, agradeço a Deus por este novo despertar, chego e cumprimento cordialmente como todos os dias.

-Bom dia, senhora Sandra -digo alegremente.

-Olá Rose, pronta para trabalhar?

-Claro que sim! -Sorrio ternamente, essa mulher vale ouro.

A cafeteria está lotada, decido atender e me mover por todo o lugar.

-Bom dia, bem-vindos ao Frisson Espresso, o que desejam beber? -Levanto os olhos do meu caderno e não posso acreditar.

Uns olhos azuis me veem fixamente com sua expressão fria.

-Primeiro, gostaria de saber seu nome, ontem à noite você me beijou e saiu correndo.

-Eu não te beijei, você me beijou primeiro, apenas me deixei levar, e realmente lamento, meu nome é Rose, poderia me dizer o seu pedido, por favor?

-Ok Rose, primeiro gostaria que me trouxesse um cappuccino com canela e um croissant, segundo preciso falar com você, não consigo tirar você da minha mente, seus olhos e seus lábios são algo que me fizeram sentir diferente.

-Não leve a mal, mas estou no meu local de trabalho e se me virem falando podem me demitir, por favor, peço que esqueça o que aconteceu.

-Oh querida! Se eu quisesse, já teria fechado este lugar. Você realmente não tem ideia de quem eu sou?

Sinto minha raiva emergir do fundo, mas quem ele pensa que é? Que virá e eu vou me render aos seus pés? Está muito enganado.

-Olhe querido -respondo-, primeiro me abaixe o tom e segundo, não estou interessada em sair com você, ou você acha que por um simples beijo já me conquistou? Você está muito enganado. Não sei o que está pensando que eu sou, mas não, não tenho vontade de falar com você, nem hoje, nem nunca - digo com um tom endiabrado.

-Minha intenção não é te ofender Rose, pensei que poderíamos conversar, gostaria de te conhecer, não importa se tenho que vir todos os dias a este lugar.

-Não, obrigada, não estou interessada em conversar com ninguém, se eu quisesse falar, garanto que preferiria conversar com um vagabundo do que com você. Entendeu agora, queridinho?

-Nesse caso, querida Rose, voltarei para te ver diariamente, até que você diga sim.

-No Frisson estamos encantados em atendê-lo, seu pedido será enviado.

Mas quem ele pensa que é esse desgraçado? Que poderia vir se fazer de charmoso e eu cairia? Bem, ele está muito enganado!

Saio em direção à cozinha e faço seu pedido, mas como não quero vê-lo, peço a outra colega de trabalho que faça a entrega, é melhor cortar o mal pela raiz, hoje será um dia longo.

FIM DO FLASHBACK

Decido ficar de pijama, afinal era domingo, e não tinha intenções de sair para lugar nenhum. Vou para a sala e coloco música alta, encontro um CD da Selena e está minha música favorita, "Como la flor", então decido cantar em voz alta.

"Como la flor, con tanto amor, me diste tuuu, se marchito... "

Sempre terminava mal, toda vez que tinha esses episódios de nostalgia e lembranças, terminava muito mal, então decido abaixar um pouco a música, limpo e limpo e limpo, só resta a cozinha, enquanto estou recolhendo as coisas, encontro um cartão preto com letras douradas na gaveta das facas, não sei o que estava pensando ao colocá-la ali, meus olhos leem a inscrição

- "Não vou parar até que você me dê um encontro" - «Amílcar Ferrer»

Ainda me lembro de cada detalhe, de cada cartão.