Meu Pequeno Arco-íris
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Capítulo 3 Capitulo 3

O que tentaram impedir Bianca de ver, foi seu filho completamente roxo e quase sem vida. Esse foi o motivo dela não ouvir o seu choro, nem o ver depois do seu nascimento. Levaram imediatamente o recém-nascido quase sem respiração, sem movimentos até a pediatra que o aguardava na sala ao lado. Quando a enfermeira entrou correndo na sala, com o pequeno Gabriel em seus braços, enrolado somente em sua manta, sem movimentos e completamente roxo. A pediatra olhou somente por cima, voltando sua atenção a enfermeira, que a olhava um pouco assustada.

- Esta criança já está morta. - A mulher falou áspera - Não vou me responsabilizar por ela!

A única pediatra disponível naquele município, virou as costas para o pequeno Gabriel, ignorando o fato dele ainda estar respirando, muito fraco, mas estava. Ela não apenas saiu da sala, a pediatra foi embora do hospital, deixando todos surpreendidos.

Buscando salvar a vida daquele anjo, os enfermeiros tomaram a frente. A mulher deitou Gabriel na maca, rapidamente ela recebeu uma máscara de oxigênio do seu colega de trabalho que presenciou a sena, mesmo não tendo para o seu tamanho. Eles conseguiram adaptar para ele receber o oxigênio necessário. Enquanto eles faziam de tudo para manter Gabriel vivo, o doutor entrou na sala, após terminar de cuidar da mãe.

Enquanto eles lutavam pela vida de Gabriel, o doutor já providenciava sua transferência para um hospital infantil rapidamente, mediante ligações com urgência. O doutor fez a sucção dos líquidos que o bebê poderia ter ingerido. Quando recebeu a liberação da vaga de UTI que Gabriel necessitava, um suspiro de alívio foi ouvido pela equipe. Mas a transferência teria um percurso de trinta e dois minutos, já que Novo Itacolomy ficava a essa distância de Apucarana, a cidade que tinha recursos para socorrer Gabriel.

Novo Itacolomy não tinha suporte para esse tipo de emergência, nem recursos para esses quadros por ser uma cidade pequena, mas pelas mãos de Deus. Eles conseguiram manter Gabriel respirando. O Samu já havia sido acionado e estava a caminho, enquanto isso eles só poderiam manter o oxigênio próximo do rosto de Gabriel para que ele pudesse respirar o pouco que conseguia.

Com o tempo passando o Samu não estava conseguindo chegar, foi um daqueles momentos em que o médico plantonista decidia aguardar e perder seu paciente, ou tomar uma decisão drástica. E ele tomou, deitou o pequeno Gabriel em uma maca enorme. Ele parecia uma boneca diante daquela cama gigantesca, o doutor informou que a ambulância da cidade iria levá-lo, mesmo sem os suportes necessários. Eles precisavam agir. Gabriel precisava da unidade de terapia intensiva e quanto mais o tempo passava, mais a vida dele se evadia.

Enrolaram Gabriel em sua manta, o médico não poderia deixar o hospital, ele era o único responsável, além dos enfermeiros. Então designou dois colegas da enfermagem para acompanhar Gabriel na ambulância da cidade até Apucarana...

Quando eles saíram empurrando a maca e a enfermeira segurava a máscara de oxigênio próxima do rosto de Gabriel, o pai apareceu e os observou assustado, com a correria no local. Ele estava acompanhado dos seus familiares, todos acabaram surpreendidos. Kaike perguntou o que estava acontecendo? Após o doutor explicar rapidamente, ele afirmou que Gabriel iria precisar de alguém maior de idade lá no hospital por ele. Imediatamente kaike se prontificou a acompanhá-lo.

Kaike era um jovem rapaz de vinte e dois anos, alto, seu corpo não era atlético, e nem muito magro, sua pele era parda e seus cabelos escuros. Ele entrou rapidamente na ambulância observando seu filho com olhos marejados de remorso. Ele pensou que deveria ter estado presente em seu nascimento. O filho que ele tanto ansiava.

Era visível a dificuldade de Gabriel em respirar, sua pele ainda estava roxeada. Algumas fotos, mesmo estando em um estado crítico, o pai queria recordações do seu filho, mesmo que fossem as únicas. Kaike também estava ciente de que Bianca não estava sabendo de nada e de que não teve a oportunidade de ver Gabriel. Ele quase perdeu também se tivesse demorado mais um pouco.

Em alta velocidade e com as sirenes ligadas, a ambulância ultrapassava automóveis que abriam espaço. Fazia manobras arriscadas se fosse para outros condutores que não estivessem carregando uma vida que estava dependendo dessa agilidade. O pai de kaike seguiu com o seu automóvel atrás para acompanhar o filho e o neto, enquanto o restante da família de kaike que estava no hospital retornaram para suas casas.

Ao chegar em Apucarana, a ambulância seguiu direto para a emergência do hospital, na entrada médicos pediatras e enfermeiros já aguardavam eles. Rapidamente Gabriel foi transportado para a UTI, o pai não teve tempo nem de vê-lo. Então ele seguiu até a recepção, dar entrada no internamento do recém-nascido.

Na UTI Gabriel foi entubado imediatamente, o necessário já havia sido passado em seu prontuário, mas eles precisavam deixar Gabriel instável, para aprofundar os exames e descobrir o que causou o seu quadro clínico.

Não foi fácil instabilizar Gabriel, foi uma luta intensa, havia muitos pediatras plantonistas e enfermeiros. Ele estava sedado, mas os aparelhos apitavam alto e constantemente avisando que ainda havia algo errado, mas depois de um certo tempo, tudo começou a se normalizar e a tranquilidade reinou figurativamente dentro da UTI pediátrica, além de Gabriel. Havia vários bebês em incubadoras.

Se via uma enfermeira escrevendo em uma plaquinha, próxima à incubadora de Gabriel. O nome dele e da sua mãe foi pendurado em sua incubadora, enquanto ela observou com um sorriso doce, Gabriel um recém-nascido pequeno, magrinho, e usando apenas uma frauda que era quase do tamanho dele. Deitado ali dentro, conectado a vários aparelhos. Um deles era o que estava mantendo seus pulmões funcionando.

Seu olhar varreu as incubadoras, ao lado. Os olhos daquela enfermeira se encheram de lágrimas, muitas crianças estavam ali, algumas delas precisavam apenas de ganho de peso, mas também havia casos graves assim como Gabriel, ela engoliu em seco e voltou a trabalhar. Enfermeiras de UTI ainda mais pediátrica, tem muita força, até porque algumas delas são mães. Ou serão. A medicina deveria ser muito mais valorizada, principalmente por aqueles profissionais de saúde que realmente estão ali por amor a vida do próximo, que estão ali por prazer em salvar vidas. Sabemos que tem aqueles profissionais que não deveriam atuar por sua brutalidade, ignorância e até mesmo indiferença. Mas ali não. Gabriel estaria em maravilhosas mãos.

Todos os tipos de exames disponíveis já foram solicitados pelos pediatras, quando Gabriel realmente estava instável eles foram iniciados, começou com coisas simples como; exame de sangue, urina, fezes, até chegar ao momento dos raios-x, tomografias..., mas antes disso o pai precisava ver seu filho. O pai foi direcionado até a UTI, após resolver tudo na recepção. Após tomar os cuidados necessários, o pediatra plantonista se aproximou dele.

- Pai, meu nome é Jose Carlos. Sou o plantonista que atendeu o seu filho no momento... - Kaike apenas acenou com a cabeça. Olhando em volta, ele estava procurando seu filho.

- Como ele está doutor? - havia angústia nas palavras daquele pai.

- De início ele está instável. Foi difícil instabilizá-lo, mas agora podemos dar início nos primeiros exames. Em breve teremos mais respostas, assim que os resultados saírem. - O doutor olhou para o leito de Gabriel. - Se o senhor desejar vê-lo, a enfermeira poderá acompanhá-lo.

Depois do breve assunto, kaike já havia feito os procedimentos necessários para estar ali dentro, então a enfermeira responsável por Gabriel o acompanhou até sua incubadora. Enquanto o pediatra seguiu observar seus outros pacientes. Kaike sentiu a emoção de ver seu filho ali, parado, com inúmeros fios o ligando a aparelhos, nas mãos, dedos, colados em seu pequeno peito e o assustador aparelho de intubação.

- Oi, garoto! - a voz de kaike saiu embargada. - Que susto você deu no pai, hein! - Um sorriso triste apareceu em seus lábios. - Pai vai trazer a sua mãe tá bom. Ela deve estar doida para te ver...

Kaike levantou seu olhar ao perceber que algumas lágrimas haviam escapado, percebendo estar sozinho ele os enxugou rapidamente. É torturante para qualquer pai, ou mãe. Presenciar seu filho imóvel, necessitando de aparelhos para estar vivo, essa dor é dilacerante, qualquer dos pais desejariam trocar de lugar com o seu filho em um simples resfriado. Imagina ao saber que seu filho corre risco de vida. É algo inimaginável.

Kaike permaneceu pouco tempo na UTI, porque estava fora do horário de visitas, ele se despediu do seu filho e se retirou após receber apenas um pedido das enfermeiras, para trazer fraudas. Pois Gabriel iria precisar. Nada de roupas, a incubadora é aquecida, Gabriel e nenhuma outra criança passará frio lá dentro. Agora o que esperamos, é que kaike retorne até sua esposa e a ampare nessa dor...

            
            

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