- Mas é longe. - Kaike suspirou. - Você acabou de sair. - Ele olhou por cima dela, para o hospital, depois voltou a olhá-la. - Tem que descansar. A estrada é péssima, o carro vai pular muito... As visitas lá também são somente no período da manhã por trinta minutos. Começa as oito.
- Já descansei por três dias. - Bianca olhou a hora. - São seis horas da manhã kaike. - Ela o olhou. - Da tempo, quero ver meu bebê!
Elisa sorriu quando sua filha a observou, ela estava preocupada, mas orgulhosa, ela também faria o mesmo se fosse ela. Mãe é mãe. Mesmo ouvindo de todos que Gabriel estaria instável, Bianca ansiava por vê-lo. Ela sabia que instável não era realmente uma coisa boa. Para ela, era o mesmo que estar entre bom e ruim. E ela estava ansiando para que o lado bom pesasse mais na vida do seu filho.
Sem perguntar duas vezes, kaike levou Bianca até a cidade de Apucarana. Como sabiam que o tempo para a visita seria pouco, ninguém mais foi, para não tirar esse tempo dela. Elisa ficou na casa de Bianca para esperar pela filha. Bianca se certificou de pegar todos os pacotes RN para levar com sigo.
Kaike tentou ir o mais devagar possível, tentando evitar os baques do carro nos buracos da pista, mas ele desviava de um e caía em outro. Quando isso acontecia, ela sentia uma leve dor na barriga, parecia que seus órgãos estavam soltos e a cada solavanco eles rolavam dentro dela. Mais aquilo para ela naquele momento não era nada, ela estava indo se encontrar com o seu filho pela primeira vez.
Kaike ainda não tinha cnh, mas era um bom motorista. Mesmo assim eles foram com um pouco de receio, mas tinham que ir, ninguém com habilitação ia ter disponibilidade para levar Bianca em todo o momento. Apucarana é muito mais policiada do que as cidades menores. O carro do casal também era um mais antigo um gol quadrado, azul escuro, ele estava em bom estado.
Quando kaike seguiu o trajeto com a ambulância ele observou que havia um posto policial dentro da cidade, especificando em um dos caminhos até o hospital, mas como seu pai foi junto e era um homem habilitado, depois que kaike havia resolvido tudo na recepção e visto seu filho, eles dirigiram por algum tempo dentro da cidade, em busca de encontrar outro caminho, um que não estava patrulhado. E conseguiram. Foi por esse caminho, um pouco mais longo que kaike passou com Bianca.
Ele teve que estacionar um pouco mais afastado, o hospital estava localizado em um local bem movimentado e as vagas eram limitadas, questão de sorte encontrar local para estacionar perto, o melhor dia seria aos domingos por que diminui o fluxo semanal.
Enquanto o casal caminhava em direção ao hospital, o coração de Bianca estava quase saltando por sua boca. A cada passo ela poderia sentir suas mãos suando, seus dedos trêmulos e as suas forças quase a abandonando. Bianca também estava encantada ao olhar em volta, muitas pessoas na rua, algumas vindo na sua direção contrária, outras indo na mesma. Crianças, adultos, carros. O oposto da sua cidade pacata, lá era possível contar em seus dedos quantas pessoas se encontravam na rua.
Bianca estava andando ao lado de kaike, mas em nenhum momento ele segurou a sua mão, quando ela pisou na calçada, sua cabeça se levantou lentamente, enquanto ela observava os andares daquele enorme prédio. A cor das paredes eram em tons pasteis e todas as janelas tinham grades de proteção.
Quando ela olhou para a recepção, já havia uma fila de pais aguardando. Naquela fila havia pais de uti, parentes da pediatria e os da maternidade. Mamães que estavam internadas para ganhar neném. Na recepção era tudo organizado, os pais da uti subiam primeiro, depois os da pediatria e depois o andar das mamães grávidas. Uma organização impecável.
Bianca estava na fila segurando sua identidade com mãos trêmulas, quando chegou a sua vês, a segurança digitou sua ficha no computador e pediu para todos os pais aguardarem quando finalizou a fila da neo natal, ela iria pedir a liberação para a entrada, do pediatra plantonista.
Em todas as visitas esse protocolo deveria ser seguido, pois poderia haver alguma intercorrência no horário e os pais deveriam esperar eles instabilizar o bebê que estivesse necessitando do atendimento.
Depois que foi liberado, a porta foi aberta e alguns pais subiram de escada, outros de elevador. Inclusive Bianca que estava seguindo kaike, em sua primeira vês, ela encostou na parede e fechou seus olhos, sentindo um frio na barriga, quando ele começou a subir. Alguns outros pais olharam para ela, mas ela estava com medo, quando as portas se abriram ela olhou todos saindo, inclusive kaike.
Kaike estava caminhando na sua frente, já Bianca estava dando passos lentos, ela estava com medo do que poderia encontrar, de como ele estava. Kaike no caminho havia dito que ele estava com vários aparelhos, Bianca não tinha certeza se queria ver, ao observar os pais entrando, ela respirou fundo e se aproximou parando atrás de kaike.
As enfermeiras muito gentis, ajudaram as mães a fazer os procedimentos, todos os aparelhos, e joias ficaram em um armário, direcionado a cada parente, depois todos começaram a vestir toucas plásticas. Um avental hospitalar que amarrava nas costas, cobrindo todas as roupas, mangotes do ombro até os pulsos e para finalizar depois de lavar bem as mãos, foram adicionadas luvas.
Kaike foi caminhando na frente, seu corpo maior estava cobrindo a visão de Bianca para a incubadora de Gabriel, então ela olhou em volta, notando vários pais abraçados e olhando seus pequenos bebês ali dentro.
O barulho suave dos aparelhos das crianças, fizeram os olhos de Bianca se encherem de lágrimas, um 'pi. Pi. Pi.' Que ela nunca mais vai esquecer em sua vida. Kaike parou deslizando
para o lado, quando os olhos de Bianca se focaram na incubadora a sua frente.
Seu filho estava ali, Gabriel estava deitado imóvel, com vários aparelhos conectados a ele, Bianca pensou que ao vê-lo sobre os cuidados médicos ela iria se sentir melhor, mas ela estava errada a dor que ela sentiu naquele momento fez seu soluço sair alto, enquanto ela mesma tampou sua boca, deixando apenas suas lágrimas escorrerem silenciosas. A enfermeira que estava encarregada de cuidar de Gabriel naquele dia, se aproximou.
- Tudo bem mamãe! - Bianca a olhou, ainda com suas lágrimas escorrendo. - O pediatra está conversando com alguns pais agora, mas ele já vem falar com vocês.
Bianca assentiu lentamente. A enfermeira sorriu para ela e lhe deu uma leve acariciada em seu ombro, olhou para kaike sorriu em apoio, ele apenas assentiu, enquanto ela se virou e foi atender outros pais.
Bianca estava em choque, ela queria acreditar que estava tudo bem, mas seu filho estava intubado. Naquele momento as palavras do enfermeiro passaram por sua mente em forma de deixar seu coração ferido em pedaços. 'de lá eles só se saem vivos ou mortos.' Bianca fechou seus olhos, mordendo seu lábio inferior com força, impossibilitando seu grito de dor sair. Kaike estava ao seu lado, seu olhar era vago. Ela não sabia o que ele estava pensando, até porque ele não disse nenhuma palavra.
- Bom dia! - uma voz profunda soou pelos ouvidos de Bianca e ela pulou no lugar. Seu foco estava apenas em Gabriel, isso fez ela esquecer que haviam mais pessoas ali. - Desculpe mãe. Te assustei? - Bianca olhou rapidamente para o lado do pediatra e negou envergonhada. Ela realmente pulou no lugar involuntariamente. - Vocês são os pais do pequeno Gabriel. - Kaike assentiu com uma expressão rude, enquanto olhou para o médico rapidamente, voltando sua atenção para Bianca, percebendo que ela havia corado um pouco pela vergonha de ter levado o susto, mas kaike não pensou que aquilo era pelo susto. Enquanto o pediatra continuou:
- Muito prazer, sou um dos pediatras plantonistas hoje, me chamo Liam Alencar.
Liam Alencar era um dos médicos pediatras, responsável por alguns plantões na uti neo natal, ele não estava presente quando Gabriel chegou, mas já havia revisado todo o quadro clínico do bebê. Ele era um homem alto, com músculos bem definidos, se via de longe que ele tinha um físico de academia mesmo usando seu jaleco branco, seus cabelos eram castanhos claros cortados socialmente, lhe dando uma visão mais máscula. Seus olhos tinham uma cor castanhos claros, que ficariam ainda mais claros com a luz do dia. Por trabalhar em uma unidade de terapia intensiva, ele não usava barba.
Bianca estava olhando na direção dele, mais para baixo, ela estava cogitando perguntar ou não sobre o estado do seu filho, ela estava sentindo um arrepio profundo, seus olhos estavam fixos no chão, enquanto ela temia até mesmo fazer aquela pergunta, mas então Bianca respirou fundo, levantou seu olhar lentamente e disse:
- Doutor, como está meu filho? - sua voz saiu quase inaudível...