_ Você é o dono do restaurante, não é mesmo? _ ela quis saber, pois se lembrava de ter lido o nome dele em algum lugar, enquanto pesquisava sobre o recinto.
_ Digamos que o sucesso não é apenas meu, mas faço a maior parte do trabalho. _ Guido brincou, piscando para ela. _ Mas não contem isso para o meu sócio, se um dia o conhecerem, tudo bem?
_ Não se preocupe conosco. _ Carolina respondeu, sorrindo.
_ Então, quem é a aniversariante essa noite? _ ele quis saber, olhando para todas as garotas, sem reconhecer nenhuma delas.
_ É ela! _ Alice respondeu no mesmo instante, apontando para Carolina.
_ Dezoito anos? _ ele quis saber, olhando fixamente para Carolina.
Ela corou, antes de responder:
_ Como soube? _ ela perguntou, então revirou os olhos diante de uma pergunta tão boba, quando se lembrou dos dados que ela havia preenchido no momento da reserva. _ Oh, apenas ignore a minha pergunta.
Guido sorriu para ela.
_ Não é a primeira vez que recebemos um grupo assim, tão grande de mulheres, para comemorar um aniversário. Fiz apenas uma suposição, senhorita Caruso. _ ele respondeu. _ Agora, por favor, me sigam. Vou mostrar onde fica a mesa de vocês e voltarei logo em seguida com o menu.
Elas seguiram atrás de Guido, e Carolina ouviu o comentário de uma de suas amigas:
_ Nossa, não acredito que o próprio dono do restaurante veio nos receber! _ ela comentou.
_ Juro que até me senti uma pessoa importante... _ outra comentou, baixinho.
Guido parou perto de um conjunto de mesas, organizadas lado a lado, transformando-as em uma só.
_ Tomei a liberdade de unir as mesas, para que ficassem mais a vontade. _ Guido explicou. _ Mas posso voltar todas para os seus devidos lugares, caso prefira assim...
_ Não, está ótimo assim, obrigada! _ Carolina respondeu rapidamente antes de olhar em volta mais uma vez.
Não havia mais ninguém no restaurante além delas e os garçons formavam uma fila, prontos para atendê-las.
_ Vou buscar o Menu e já volto. _ Guido falou. _ Por favor, sintam-se à vontade.
_ Caramba, Carolina! _ uma das meninas falou, inclinando-se sobre a mesa para que ninguém mais ouvisse. _ Se eu soubesse que o atendimento aqui era tão bom, teria reservado algumas mesas no meu aniversário também, ao invés de fazer aquela festa...
Carolina forçou um sorriso, lembrando-se da festa de aniversário da garota, dois meses atrás.
Foi uma festa enorme e muito bonita, mas Carolina ainda se lembrava das piadinhas a seu respeito, quando apareceu na festa com um vestido que seu pai escolhera, que evidenciava cada curva em seu corpo. O problema, era que ela não tinha seios grandes o suficiente para preencher o decote do vestido e suas amigas zombaram disso a noite inteira.
Guido retornou um minuto depois, distribuindo o Menu para todas nós, para que escolhêssemos o nosso jantar.
_ As senhoritas bebem vinho? _ Guido perguntou, olhando para todas elas, que assentiram no mesmo instante, menos Carolina. _ Isso é muito bom! Vou pedir que sirvam um Château Cheval Blanc, 1947.
_ Mas... _ Carolina estava prestes a dizer que aquele era um vinho muito caro e não queria abusar do cartão que seu pai lhe dera aquela noite, para comemorar seu aniversário.
_ Não se preocupe. _ Guido falou, piscando para ela. _ Considere como um presente de aniversário, do Dom Salvatore.
_ Ual! _ Alice murmurou, ao lado de Carolina.
_ Eu... _ Carolina gaguejou, sem saber o que dizer. Mas não podia negar, pois suas amigas pareciam ansiosas para experimentar aquele vinho. _ Tudo bem, eu... agradeço.
Guido sorriu para ela antes de pedir licença e se afastar novamente, enquanto elas escolhiam o que iriam comer.
Assim que entrou na cozinha, Guido parou de sorrir.
_ Não acredito que me fez fazer isso! _ Guido resmungou, enquanto encarava Domenico.
_ Você conseguiu descobrir qual delas é a filha de Dante? _ Domenico quis saber.
Ele decidiu que seria melhor se cancelassem qualquer reserva para aquela noite, assim seria mais fácil reconhecer Carolina e se aproximar dela.
_ Sim. _ Guido respondeu, a contragosto. _ Acho que posso dizer que é a garota mais tímida da mesa. Cabelos loiros e olhos azuis. Ela está sentada em uma cadeira no centro da mesa e acho que é a única loira natural naquela mesa. Não sei por que essas meninas de hoje em dia insistem em pintar os cabelos...
_ Você fala isso porque tem preferência por morenas. _ Domenico respondeu, arqueando uma sobrancelha.
_ Eu tenho bom gosto, cara. _ Guido respondeu. _ E você também, já que escolheu um vinho tão caro como cortesia.
_ Não se preocupe com o vinho. _ Domenico respondeu. Arcarei com as despesas dessa noite.
Foi a vez de Guido arquear as sobrancelhas, surpreso.
_ Isso é sério? _ ele quis saber.
_ Claro que sim. _ Domenico respondeu, antes de lhe dar as costas e seguir até a adega de vinhos.
Escolheu uma garrafa de Château Cheval Blanc, 1947, e voltou para a cozinha.
_ Agora é com você! _ Guido falou, afastando-se e se juntando aos cozinheiros do restaurante.
Domenico preparou o carrinho, selecionando as taças de vinho e colocando a garrafa dentro do balde de gelo, antes de sair e levar tudo até a mesa onde as garotas estavam sentadas.
_ É estranho... _ uma delas dizia, enquanto ele se aproximava. _ É um restaurante tão caro e famoso... Porque somos as únicas aqui, essa noite?
_ Você reservou todo o restaurante para comemorar o seu aniversário, Carolina? _ Outra garota quis saber, surpresa.
_ Não eu...
_ Boa noite. _ Domenico falou, ao se aproximar da mesa. _ Desculpe a intromissão, mas essa noite costuma ser menos movimentada do que as outras. Por isso o restaurante está vazio.
_ Ahhh. _ uma delas murmurou, satisfeita com a resposta.
Domenico parou ao lado da cadeira de Carolina e abriu a garrafa de vinho. Então colocou uma taça diante dela e apontou para a garrafa de vinho tinto.
_ Posso? _ ele quis saber e Carolina assentiu, encarando-o.
Ele era um belo rapaz, ela pensou, admirando-o disfarçadamente enquanto Domenico servia o vinho em sua taça.
Na verdade, se o tivesse encontrado dentro do restaurante, ela julgaria que ele era um cliente, e não um funcionário.
Principalmente, por conta do perfume que ele usava naquele momento, e que preenchia suas narinas.
Domenico se afastou para servir as outras meninas, mas não sem lançar alguns olhares na direção de Carolina, vez ou outra.
Quando ele se afastou, levando o carrinho vazio consigo, as outras garotas riram e gracejaram:
_ Acho que ele não parava de olhar para a Carolina... _ uma delas comentou.
_ Ele é um gato! _ Alice comentou, fazendo com que Carolina olhasse para ela com surpresa. _ Uma pena que o seu pai jamais permitiria que se envolvesse com um garçom.
_ Meu pai não liga para essas coisas. _ Carolina respondeu, de imediato. _ Mas, vocês estão exagerando. Ele estava sendo apenas atencioso, já que é o meu aniversário.
_ Hum hum... _ Alice comentou, com um sorriso repleto de malícia, antes de provar um gole do vinho. _ Puta merda, acho que nunca tomei um vinho tão bom em toda a minha vida...
_ Até parece que já tomou tanto vinho assim... _ Caroline respondeu e todas riram, divertidas, enquanto Alice apenas revirava os olhos.
_ Você não sabe de nada, garota! _ ela respondeu. _ Agora prove!
Carolina olhou para a taça, a sua frente, e hesitou antes de pegá-la e levá-la aos lábios.
Tomou um pequeno gole, enquanto suas amigas faziam o mesmo.
_ É muito bom. _ Caroline falou, admirada.
_ Não sei como conhece tanto sobre vinhos, sem saber que gosto tem! _ Alice resmungou, antes de pegar o Menu.
Alguns minutos depois, elas decidiram o que iriam comer e Guido voltou para anotar os pedidos, antes de voltar para a cozinha.