_ Não vai tentar embebedar a garota e levá-la para casa?
Domenico o encarou novamente.
_ Que tipo de homem acha que eu sou?
Guido desviou o olhar, envergonhado.
_ Foi mal, cara. _ ele falou.
O atendente do bar entregou as bebidas de ambos e Domenico deu um gole da sua bebida, enquanto se virava e olhava em volta.
A boate estava lotada àquela noite e várias pessoas dançavam no meio do salão, segurando suas bebidas, enquanto outras permaneciam sentadas em suas mesas, reservadas apenas para clientes VIP.
Seus olhos procuraram por ela, sem encontrá-la em lugar algum.
Paciente, Domenico bebeu mais um gole de sua cerveja, até que finalmente viu um grupo de garotas dançando a alguns metros de distância do bar.
Uma delas, com mechas loiras no cabelo, segurava a mão de uma loira, tentando convencê-la a dançar.
Domenico observou enquanto ela tentava deixar a vergonha de lado e se remexia, tentando imitar sua melhor amiga.
Domenico não saberia dizer quanto tempo tinha ficado ali, observando a garota dançar, até que Guido chamou sua atenção.
_ Eu vou me sentar lá na mesa. _ ele avisou, fazendo Domenico se voltar para ele. _ Se a amiga dela atrapalhar, você arruma um jeito de me avisar que eu dou um jeito de afastá-la de vocês, por algum tempo. Quanto as outras...
Guido fez um sinal para o lado, chamando a atenção de Domenico para as outras amigas de Carolina, que já estavam ficando bêbadas.
_ Ok. _ Domenico respondeu.
Assim que Guido se afastou, Domenico notou que Carolina falava algo no ouvido da amiga, antes de caminhar até o bar.
Virando-se de costas para ela, Domenico tomou mais um gole de sua cerveja.
_ Oi... Você pode me servir mais uma cerveja, por favor? _ Carolina pediu e o rapaz do bar assentiu, se virando para pegar a sua bebida.
Um minuto depois ele trazia uma garrafa de cerveja e encarou Carolina.
_ Sua identidade, por favor. _ ele pediu e Carolina murmurou alguma coisa antes de mexer em sua bolsa e pegar o seu documento.
_ Aqui está... _ ela disse, claramente constrangida.
_ Está tudo certo. _ o rapaz falou, antes de entregar o seu documento e a bebida. _ Sinto muito, mas são normas da casa.
_ Tudo bem... _ Carolina respondeu, antes de dar um gole em sua bebida.
Domenico permaneceu olhando para frente, tomando a sua cerveja com calma, até Carolina olhar em sua direção e franzir o cenho.
_ Você... _ ela falou, fazendo com que Domenico se voltasse para ela. _ Você é o garçom do restaurante Don Salvatore, não é mesmo?
Domenico franziu o cenho, fingindo que não a estava reconhecendo por um momento, antes de assentir.
_ Sim. _ ele respondeu.
_ O que faz aqui? _ ela perguntou, com um pequeno sorriso. _ Por acaso está me seguindo?
_ Ah... não. _ Domenico respondeu. _ Sempre venho aqui depois do trabalho, para relaxar.
Então ele tirou um cartão de membro VIP do bolso e mostrou para Carolina, deixando-a sem graça.
_ Ahh... _ ela murmurou, corando. _ Me desculpe. Fiz uma pergunta tão idiota...
_ Não se preocupe com isso. _ Domenico respondeu. _ Eu pensaria a mesma coisa, se estivesse em seu lugar. É muita coincidência, não é mesmo?
_ É sim... _ Carolina respondeu. _ Então, acho que já disse o meu nome lá no restaurante..., mas não sei o seu.
_ Domenico. _ Domenico respondeu. _ Mas, pode me chamar de Dom.
Carolina corou diante do seu olhar intenso e desviou os olhos por um instante.
_ Então, Dom... Há quanto tempo trabalha naquele restaurante?
_ Faz pouco tempo. _ Domenico respondeu. _ Na verdade, estive fora do país por um tempo e acabei de voltar.
_ Então, deve vir muito aqui, para conseguir um cartão de membro assim, tão rápido. _ Carolina falou e Domenico se xingou internamente.
Carolina parecia ser muito inteligente, então ele teria que tomar cuidado quando estivessem juntos.
_ Você tem razão... _ ele respondeu apenas, dando de ombros. _ Digamos que não tenho muito o que fazer em casa, então prefiro passar aqui e me distrair um pouco.
_ Não tem família aqui na cidade? _ ela quis saber, curiosa.
_ Não. _ ele respondeu, bebendo mais um gole de sua cerveja.
_ Eu tenho apenas o meu pai. _ Carolina contou, com um sorriso triste. _ Minha mãe morreu ano passado e...
Carolina parou, encarando Domenico por um momento.
_ O que foi? _ ele quis saber.
_ Desculpe. _ ela se desculpou mais uma vez. _ Nós acabamos de nos conhecer e eu já estou falando sobre a minha vida triste...
_ Como ela morreu? _ Domenico perguntou, ignorando suas últimas palavras e pegando Carolina de surpresa.
Ela hesitou por um momento, antes de responder:
_ Um acidente de carro. _ ela contou, girando a garrafa de um lado para o outro, antes de beber mais um gole.
_ Sinto muito. _ Domenico falou. _ A minha morreu de câncer, muitos anos atrás. Sei como você se sente...
_ Sinto muito... _ Foi a vez de Carolina dizer.
_ Quer mais uma cerveja? _ Domenico ofereceu e Carolina olhou para a sua garrafa praticamente vazia.
Estava tão concentrada na conversa de ambos, que ela nem percebeu que tinha praticamente esvaziado a garrafa.
_ É por minha conta. _ Domenico ofereceu mais uma vez, fazendo sinal para que o rapaz do bar trouxesse mais duas cervejas.
_ Não precisa... _ Carolina tentou negar, mas Domenico não lhe deu ouvidos.
_ Considere como um presente de aniversário. _ ele falou, oferecendo-lhe a garrafa de cerveja.
Carolina a pegou e Domenico ergueu a dele no ar, deixando-a confusa.
_ Um brinde ao seu aniversário. _ ele falou e Carolina ergueu sua garrafa, batendo-a suavemente na dele, antes de sorrir.
_ Obrigada. _ ela agradeceu, tímida, antes de beber.
_ Carolina, nós estamos indo ao banheiro! _ Alice se aproximou dela, avisando, antes de olhar para o homem ao seu lado e reconhecê-lo no mesmo instante. _ Oh... Bem, já estamos indo!
Alice piscou para Carolina, antes de se afastar com um sorriso repleto de malícia em seus lábios.
Carolina corou, torcendo para que Domenico não tivesse percebido isso.
_ Porque não estava lá dançando, com as suas amigas? _ Domenico quis saber, curioso.
Carolina suspirou, dando de ombros.
_ Digamos que eu adore as minhas amigas, mas não consiga ser como elas. _ ela respondeu. _ Não estou acostumada a tudo isso e... não sei se poderia me acostumar algum dia.
_ O que gosta de fazer, então? _ Domenico quis saber e Carolina sorriu.
_ Cozinhar. _ ela respondeu, corrigindo-se logo em seguida: _ Quer dizer, eu gosto de fazer bolos, pães, doces... essas coisas. Pretendo fazer um curso de confeitaria, mas meu pai quer que eu vá para a faculdade e, depois, assuma os negócios da família. Mas, eu acho que não nasci para administrar um hotel. Não consigo me ver rodeada de papéis e sendo obrigada a tomar decisões importantes.
_ Não há nada melhor do que fazer aquilo que gostamos. _ Domenico disse, brincando com a garrafa em suas mãos.
_ Então, você gosta de ser um garçom? _ Carolina quis saber, curiosa a seu respeito.
_ Não é sobre ser um garçom... _ Domenico respondeu. _ Mas eu também gosto de trabalhar na área de alimentação.
_ Entendo... _ Carolina murmurou, ficando em silêncio logo em seguida.
_ Bem, eu acho que vou lá procurar as minhas amigas. _ ela falou.
_ Não sei se estou sendo precipitado... _ Domenico falou, chamando a atenção de Carolina para ele, novamente. _ Mas, o que acha de nos encontrarmos novamente?