Capítulo 3 Acordado

O som abafado do choro fazia sua cabeça doer, a dor latente, o que estava acontecendo? Ele abriu os olhos, tentando identificar de onde vinha aquele choro, mas sua busca pelo choro foi interrompida quando sentiu o tubo em sua boca, descendo por sua garganta, o desconforto iminente. Ele não conseguia se mover ou falar, quanto mais tentava, pior se sentia, enquanto o choro barulhento continuava, Colin ficava imediatamente irritado. Ele não tinha ideia de quem estava chorando ao seu lado; ele só queria que parasse.

Colin não entendia o que estava acontecendo. Sua mente estava em branco, sem lembranças dos últimos dias. Era como se sua mente estivesse em um vazio, sem saber por que ele não conseguia se levantar.

Devido ao trauma na cabeça, ele não conseguia se lembrar de ter sido gravemente ferido em um acidente, sua mente estava confusa e perdida, o que era compreensível.

Ele ainda tentou olhar para a mulher que estava no local. Embora ele estivesse acordado há algum tempo, ela nem havia notado. Tudo o que ela fazia era chorar alto, o que era irritante, especialmente quando ele nem a conhecia. Por que ela estava lá, afinal?

Verônica sentia-se desolada, ignorando qualquer som ao seu redor, sentindo apenas a dor de cabeça tomar conta dela, sentia a maquiagem borrada, não sabia como sair daquela situação. O que ela poderia fazer? Ela enterrou a cabeça nos braços e chorou ainda mais, sentindo as lágrimas escorrerem por sua pele.

O som estranho ecoava pela sala; era como se algo tivesse sido jogado no chão. Ela viu o copo parar ao seus pés. Não havia ninguém lá, além dela e de Colin. A mulher olhou para frente, levantando-se rapidamente do chão, encontrando o par de olhos azuis de Colin.

Ela não tinha percebido ele, então Colin, com muito esforço, levantou a mão e derrubou o copo da mesa ao lado da cama. Ela se aproximou, sem saber exatamente o que fazer, além de ajudá-lo e apertar a campainha para chamar as enfermeiras; Ela não sabia se esse despertar seria sua salvação ou sua completa destruição.

Transformou-se em completo caos quando o homem declarado vegetativo há algum tempo acordou. Nos primeiros dias, limitava-se a exames e conversas com o médico, mas todas as noites ela passava no quarto dele, afinal, era sua esposa. Embora os dois fossem estranhos, alguns fatos estavam sendo omitidos dele. Colin ainda não sabia a verdade sobre a mulher que o acompanhava lá; Madeline achou melhor dizer que seria sua enfermeira por um tempo.

Colin olhou para o médico à sua frente; Ele estava cansado de estar lá, especialmente quando sua empresa estava à mercê de seus acionistas gananciosos. Mas ele não podia sair agora; ele ainda não conseguia falar nem andar; Por enquanto, ele teria que focar em sua recuperação. Com o passar dos dias, ele não entendeu o propósito da presença de Verônica em seu quarto; ela não parecia uma enfermeira, muito menos uma cuidadora, mas ele não achava que seria um problema tão grande?

Ele viu o médico colocar a prancheta na mesa ao lado da cama. Naquele momento, a mulher não estava lá. Ele ainda queria ter uma boa e longa conversa com sua avó sobre o que ela vinha fazendo enquanto ele estava em estado vegetativo. Foi uma pena que ele ainda não pudesse falar porque gostaria de esclarecer muitas coisas.

O médico que o acompanhava era um psicólogo. Quase todos os dias, eles faziam avaliações mentais de Colin, o que era irritante, mas não totalmente ruim porque ele ainda não conseguia falar.

- Você já sabe como é feito. Acenar para cima e para baixo para o sim, para os lados para o não. Podemos começar?

Assim o fez, acenando com a cabeça. Ele queria que acabasse o mais rápido possível. Gostava do silêncio que o quarto tinha. Ele viu o homem se acomodar na cadeira, cruzando as pernas confortavelmente.

- Faz um tempo que tenho curiosidade sobre algo. Esperei alguns dias para perguntar, já que você parece melhor hoje em dia.

Colin soltou um suspiro silencioso. Aquele homem realmente falava muito, mas sabia que não poderia escapar enquanto estava naquela cama de hospital. Principalmente quando a avó nunca deixava faltar nenhum tratamento para ele. Ela era mais uma mãe do que uma avó, se ele fosse honesto.

- Você se casou de uma forma que não podia se opor, essa era a questão que eu queria abordar. O que você sentiu quando descobriu que sua esposa é filha do homem que o colocou em estado vegetativo?

Colin, que estava olhando para o outro lado da sala, virou-se para encarar o homem, pensando que ele não havia entendido corretamente. Ele olhou com um vinco se formando entre as sobrancelhas. Casado? Com a filha de quem? O acidente ainda era um borrão para ele, mas ele se lembrou de um carro entrando em sua frente em alta velocidade. Ele não fazia ideia de que Verônica era filha da pessoa que causou o acidente de carro, e tudo indicava que foi de propósito.

Colocou a mão sobre a boca, apertando-a com força, sentindo a mente confusa. A mulher chorosa que perturbou sua paz durante a noite era filha do homem que o deixou naquele estado? Seu coração não podia deixar de sentir ódio, mais do que ele poderia imaginar.

- Olhando para a sua expressão, acho que você não sabia disso.

Ele assentiu. Colin se perguntou se sua família fez isso apenas para se vingar, qual era o propósito desse casamento, além disso, por que aquela mulher se submeteria a ele? Ela também perdeu o pai; Por que ela se casaria com alguém em estado vegetativo que ela nem conhecia? Tudo parecia uma conspiração contra ele.

Verônica ainda não havia conseguido superar nada disso; ela estava presa em um loop de raiva e tristeza; ela ainda não sabia o que aconteceria com ela agora que Colin estava acordado. Os dias passavam devagar; na maioria das vezes, ela passava o dia andando pelo hospital o máximo que podia, mas quando a noite chegava, ela ficava com Colin, não porque quisesse, mas mais porque era proibido circular pelo hospital. Em particular, Veronica chorava baixinho todos os dias quando Colin dormia. Mas ela não podia imaginar que ele ouvia suas lamentações durante toda a noite, deixando-o cada vez mais confuso sobre o que realmente estava acontecendo.

Fazia alguns dias que ele estava com a garganta melhor, mas Colin não tinha dito uma palavra. Sentou-se na cama, sentindo dor na coluna. Mesmo fazendo fisioterapia, a dor não parou completamente. Mas o médico havia deixado claro que, se ele não tivesse um condicionamento físico tão bom, levaria pelo menos oito meses para conseguir sentar sozinho. Ouviu as batidas na porta. Não demorou muito para abrir. Quem ele queria ver estava lá? Verônica entrou no quarto com Madeline.

- Senti sua falta, Colin.

Disse Madeline. Ele sorriu fracamente; fazia alguns dias que ela evitava vê-lo. Agora que ambos estavam lá, ele pôde ser o mais claro possível. Ele podia ver quando sua avó se aproximava da cama, seu sorriso era enorme. Ele sabia que ela queria, de todas as maneiras possíveis, fazer aquele casamento confuso funcionar. Ele não queria se casar; Por isso, ela aproveitou o acidente dele para casar com alguém.

- Deixa a menina ir.

Madeline parou. Seu neto finalmente estava falando, mas sua primeira frase foi deixá-la ir? Ela não pôde deixar de franzir a testa. Afinal o esforço que eles fizeram, ela não podia deixar que terminasse assim. Especialmente quando ela acreditava que Verônica tinha sido trazida para sua família como um amuleto da sorte.

Sua avó era supersticiosa. Ouvia com frequência que o neto estava em estado vegetativo, em situação crítica. Mas, de repente, ele se casa com Verônica e, pouco depois, acorda como se nada tivesse acontecido.

- Não vou permitir. Acho que temos uma grande oportunidade pela frente.

- Oportunidade?

A avó acreditava que Verônica lhes traria boa sorte, principalmente para o neto. Além disso, Madeline tinha em mente que poderia aproveitar a oportunidade de ter um bisneto, mesmo que o método utilizado fosse o menos tradicional possível. Enquanto fosse seu bisneto, não havia problema.

- Sim, eu acredito que ela deveria ter um filho com você.

Ele olhou fixamente para sua avó; Ele não podia acreditar que ela disse isso com tanta calma. Ele mal conseguia andar naquele momento, e ela queria que ele tivesse um filho? Seus olhos fitaram Madeline com aspereza. Isso não aconteceria de jeito nenhum.

- Você é velha, Madeline, não é louca.

- Olha a forma que você fala com a sua avó, garoto.

- Obrigá-la a se casar comigo enquanto inconsciente já é ruim o suficiente. Agora ter um filho com um homem que ela nem conhece, não é demais?

- A decisão não é só sua; ela pode escolher também.

Disse Madeline, virando-se para Verônica. Ela não queria um filho dessa forma. Se os dois se conhecessem, as coisas facilitariam. Mas mesmo que eles se conhecessem, ela não poderia fazer algo assim sem pensar na responsabilidade de ter um filho.

- Casamento, tudo bem, mas uma criança, não.

Verônica falou, sentindo o olhar frio de Madeline sobre ela; ela tinha um olhar que podia assustar qualquer um, mas sua atenção foi desviada para Colin que a chamou; ele parecia um homem sensato, pelo menos, embora fosse mais assustador do que Madeline.

- Sinto que você está perdendo a cabeça, Madeline! Não vou ter um filho tão casualmente.

Verônica tinha certeza de que ele era sensato; saber disso a deixou ainda mais calma enquanto assistia à discussão deles; Ela não pôde deixar de notar que ele era realmente um homem bonito. Se eles tivessem se encontrado antes, poderia haver algum interesse mútuo?

Enquanto Verônica divagava, Colin se opôs veementemente; sua avó estava se tornando mais ousada a cada dia; ela realmente estava forçando a paciência dele. Ele pôde ver o suspiro escapar dos lábios da mulher mais velha. Ele amava Madeline como nenhuma outra pessoa, mas não podia deixar as coisas escalarem a um nível tão extremo só porque ela queria um bisneto.

            
            

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