Mor revira os olhos.
- Leu sempre tenta esfregar algo na minha cara, tentando ser superior de alguma forma, mesmo eu ignorando todas as investidas dela - abana as mãos com desprezo.
- Ela te ama, mas sente inveja - ele fala mais para si mesmo que para ela. - Também não tenho uma relação boa com os meus pais.
- O que eles querem pra você que você não quer? - ela pergunta, roendo a unha da mão.
- Como sabe que é isso?
Ela da de ombros.
- São os casos mais populares.
Nein sorrir, assentindo com a cabeça.
- É, verdade - concorda. - Mas, eu não sei o que realmente eles querem, sabe? Eu tento de tudo os agradar a todo momento, mas não é o suficiente - ele encara as próprias mãos.
- Talvez você simplesmente deva parar de tentar - joga os cabelos pra trás. - Ficar o tempo todo buscando aprovação é um objetivo bem triste.
Sutilmente ele pressiona a palma da mão na garganta.
- É automático... - seu celular toca dentro do bolso do paletó, ele o pega vendo na tela que era o seu agente. - Desculpe, eu preciso atender.
- Fique a vontade - diz, desviando o seu rosto para o outro lado.
Alguns anos atrás ela havia tido problemas com a irmã mais nova por conta dessas atitudes, mas admitia que sentia falta de ter alguém mais nova para implicar, contudo Letícia foi crescendo e se tornando uma mulher insuportável e gananciosa. E é justamente por isso que ela acabou seguindo os passos de sua mãe e arrumando um velho rico, mas ainda sim ela ainda não estava satisfeita, queira tudo o que Mor tinha e só não havia tido filhos porque era estéril.
Depois de alguns minutos, Nein desliga o aparelho.
- Eu preciso ir, ocorreram umas coisas no estúdio que necessito resolver.
- Tudo bem, eu entendo.
Ele se vira para ir embora, mas retorna.
- Você quer almoçar comigo amanhã?
- Claro, por que não?
Ele rir.
- Te mando a localização por mensagem depois.
Mor revira os olhos.
- Às vezes esse seu lado hacker me assusta.
Ele pisca um olho pra ela.
- Você ainda não viu nada - ele passa as pernas por cima do parapeito indo para o lado do telhado e pulando, saindo para fora.
[...]
- Ok, respira. Você consegue fazer isso!
- Por que está falando sozinha, mamãe? - Arte olhou para as mãos de sua mãe apertando o volante e depois para o rosto dela.
- Nada, minha princesa. Coloque uma música.
A pequena colocou um sorriso largo no rosto, se debruçando por cima do banco, para apertar o botão do rádio. A música era pop, com uma melodia deliciosa de um homem que provavelmente não conhecia. Talvez seja um desses raros talentos pelo mundo e só esteja fazendo sucesso agora.
- Minhas amigas amam o Rhys! - Arte voltou a se sentar, arrumando o sinto de segurança.
- Que bom que elas adoram corte de espinhos e rosa, mas não acho que isso seja leitura para crianças - Mor franziu a testa. - Eu não sabia que vocês já estavam aprendendo a ler.
- Do que a senhora tá falando, mamãe?
- Do Rhys?
- ele é um cantor!!
Oh.
- Ah, não faço a mínima ideia de quem seja ele, então - Mor suspirou aliviada, o que ela menos queria era ser a última a saber que sua filha sabia ler, ainda mais que ela lesse um livro que obviamente não era pra idade dela.
- Ele é o cara mais fomoso do mundo, mamãe!! Como a senhora não conhece? Papai odeia ele - Ela disse a última frase dando uma risadinha.
Mor riu também.
- Oh, meu deus. Você ainda não fez 5 anos, está crescendo tão rápido, pare imediatamente!! Tem certeza que não gosta mais de galinha pintadinha?
A pequena sorriu, mostrando todos os dentinhos que havia na boca.
- Papai disse que sou uma mocinha.
- Sim, mas ainda é a minha menininha.
Mor parou em frente a creche, tirando seu cinto, abriu a porta e saiu, indo até o banco de trás, para ajudar Arte.
- Se comporte, seu pai vem buscar você quando terminar - tirou o cinto dela, ajudando-a sair do carro.
- penxei que eu ficaria com você hoje - choramingou.
- E você vai, mas seu papai quer levar você pra tomar sorvete - Mor beijou a bochecha da pequena. - Mamãe ama você muito, muito, muito.
- Eu também amo você muito, muito, muito - Mor sorriu de orelha a orelha, dando um abraço apertado na menor.
Depois de se despedirem, Mor foi direto para o restaurante, onde seu provável namorado a esperava. Após entrar no estabelecimento, viu Nein ao longe, sentado em uma mesa distante, não muito longe dos olhares.
- Sério que precisava ser em um restaurante? - Mor fez careta, depois de se aproximar e afastou a cadeira para se sentar.
- Algum problema?
- Odeio comer rodeada de pessoas, mesmo que elas não preste atenção em mim - olhou ao redor, notando com insatisfação que havia muitos olhares para mesa deles. - Por que diabos estão olhando para cá? - reclamou, baixinho.
- Calma, não precisamos comer, é só que querendo ou não, se quisermos fazer isso mesmo, temos que ser visto em público ao menos uma vez - Nein passou a mão livre pelos cabelos, enquanto a outra segurava um cigarro.
Ela não havia notado no outro dia, mas ele parecia uma montanha de tão alto. A mesma segurou o fôlego automaticamente, sentindo seu rosto queimar. Ele é uma escultura perfeita feita a mão pelos deuses; olhos acinzentados, cabelos pretos e liso que passavam um pouco da orelha, mandíbula quadrada, boca pequena porém bem preenchida.
-... mas se isso te incomoda a gente pode ir para um lugar mais reservado.
- Não precisa, vamos conversar o que temos de conversar aqui - ela se ajeita no banco, balançando a cabeça para afastar esses pensamentos. Um garçom aparece enchendo sua taça de champanhe pela metade. - Obrigada.
- Enfim, eu trouxe um contrato - ele pegou algo que estava no chão, ao lado dos pés dele, logo estendendo sobre a mesa, Mor segurou, olhando para ele com a sobrancelha arqueada.
- Eu sou a Anastasia agora?
- O quê?
- Cinquenta tons de cinza.
- Ahn?
- Esquece - revirou os olhos.
Olhou os papéis, lendo tudo cautelosamente, mas logo voltou seus olhos para o homem sentado na sua frente, sobrancelhas arqueadas.
- "Sem contato físico há não ser que seja estritamente necessário para convencer as pessoas"?
- Sim.
- "Não se envolver com outros até o contrato acabar"?
- Algum problema?
- Algum problema? Pelo amor de Deus! Eu sou uma mulher independente, eu gosto de ser tocada. Então se você não vai fazer isso, quem vai?
- Você quer que eu te toque? - um sorriso malicioso brotou no seu rosto perfeito.
- Aí credo, não faz essa cara - fez uma careta, na esperança de que isso impedisse seu rosto de ficar vermelho.
- Me dê - ele estendeu a mão sobre a mesa, Mor lhe entregou os papéis.
Ele leu novamente, logo tirando uma caneta do seu colete.
- Vamos deixar essa clausura em aberto - disse e riscou algo no papel.
- Então vou poder me envolver com outras pessoas?
- Não, apenas comigo.