- Eu que pergunto. Moro por essas redondezas, mas você parece estar perdido - respondi, com uma ponta de ironia.
- Sim, estou perdido - admitiu ele, com um sorriso no rosto.
- Vou tirá-lo daqui. Siga-me - eu disse.
A presa se tornava ainda mais fácil de seduzir quando estava disposta, e ele claramente estava. Decidi guiá-lo para o caminho da perdição, levando-o até o fundo da floresta, onde ninguém ouviria seus gritos de agonia.
- Ei, gatinha, acho que você também acabou se perdendo - ele disse, tentando brincar.
- Eu sei - pensei, que desperdício, ele até que era bonitinho.
- Então, o que vamos fazer? - perguntou ele. Aproximei-me e murmurei em seu ouvido:
- Você decide. Faça o que está pensando.
Ele não hesitou. Agarrou minha cintura, beijando-me com bravura e encostando-me em uma árvore. Quando afastou seus lábios dos meus e começou a beijar meu pescoço, murmurou:
- Como você é fria.
- Eu sei.
Empurrei-o com toda minha força, jogando-o no chão. Ouvi seu grito de dor; provavelmente havia quebrado uma de suas costelas.
- Olha o que você fez, garota maluca! - reclamou ele.
Aproximei-me num piscar de olhos, removendo os óculos e revelando meus olhos vermelhos.
- O que você acha que eu pretendia ao trazê-lo aqui? - perguntei, colocando a mão sobre sua perna. - Pensou que eu estava a fim de você?
Quebrei sua perna, e ele berrou de dor.
- Que tipo de monstro você é?
Aproximei-me ainda mais de seu ouvido e murmurei:
- Vampira.
Então, mordi seu pescoço, e ele gritou em agonia. O grito era uma das coisas que eu mais apreciava nas minhas vítimas - o grito de dor, tristeza, e medo de perder a vida. Seu sangue quente descia suavemente por minha garganta, saciando minha terrível sede.
Deixei o corpo lá e corri de volta para o castelo, já satisfeita.
Quando cheguei, cumprimentei a todos educadamente, e então meu irmão, Alex, veio falar comigo.
- E aí, o rango foi bom?
- Até demais. E o seu?
- Peguei uma garota que dizia ser obcecada por vampiros. Sabe, uma dessas que fica falando que queria que vampiros existissem?
- Entendo. Já passei por isso. - E muito, pensei. - E como você a matou? - perguntei, enquanto caminhávamos para o salão principal.
- Cheguei perto do ouvido dela e murmurei: "Você quer ver um vampiro de verdade?" E ela aceitou. Então, eu a mordi.
- Presa fácil - comentei.
- E você, como foi?
- Eu o seduzi.
- Outra presa fácil - disse ele.
Quando chegamos ao salão, encontramos Alfred, Cai, Marcos e os outros sentados em suas cadeiras.
- Jane, querida - disse Alfred. Aproximei-me e fiz uma reverência. - Minha criança, você se alimentou bem?
- Sim, senhor. Uma presa fácil, mas muito suculenta - respondi, estendendo a mão, que ele tocou. Ele tinha o poder de ver ações que havíamos feito, comprovando que ninguém estava mentindo para ele. Ou seja, não tinha como enganá-lo.
- Muito bom ter levado-a para as profundezas da floresta, Jane. Está de parabéns. E você, Alex?
Alex se aproximou e fez o mesmo que eu.
- Hum... Uma garota fascinada por vampiros. Que bom que você realizou o sonho dela, Alex, mostrando-lhe um vampiro antes de morrer.
Alex sorriu.
Fui dispensada e subi para meus aposentos. Coloquei uma música clássica - uma das minhas favoritas, "Lucia di Lammermoor" de Vitas - e comecei a dançar balé no grande espaço do meu quarto. Muitas vezes, eu havia me apresentado neste castelo para nossas presas.
Eu era a melhor bailarina de todos os tempos, como Alfred costumava dizer.
Girei pelo quarto, apreciando a música. Dançar era uma das coisas que eu mais gostava. Fazia um verdadeiro espetáculo ali.
Eu não errava um passo. Além de dançar, eu também tocava piano e violino, e cantava ópera.
Não apenas tinha o talento de torturar mentalmente, mas também possuía esses dons artísticos.
A música tocava, e eu cantava de acordo com ela. Depois de alguns minutos dançando, a música terminou.
- Belíssimo, como sempre - comentou Hector, na porta.
- Obrigada. Quer dançar? - convidei. Hector também dançava balé, e eu comecei a cantar a famosa música de "O Fantasma da Ópera", uma das minhas favoritas. Dançamos e cantamos pelo quarto.
Mesmo sendo uma vampira, eu me divertia com minha família.
Nunca pensei em arranjar um companheiro para viver um "felizes para sempre" comigo, e também não estava interessada.