Capítulo 4 Será o destino

Uma semana depois.

Sábado á noite.

Laura dava os últimos retoques no visual. Para aquela noite especial ela tinha escolhido uma calça pantalona preta e uma blusa frente única também preta. Colocou brincos de moissanite e prendeu os longos cabelos num rabo de cavalo alto com a franja solta, deixando as costas bem desenhadas à mostra. Aquela era uma noite muito especial, pois ela ia ao show de Andrea Bocelli. Infelizmente ia sozinha pois as amigas não gostavam desse estilo de música. E o Fernando, bem durante a semana anterior toda eles tinham se estranhado. Discutiram várias vezes porque ele não queria que ela fosse ao show sozinha. Ele estaria viajando a trabalho e não poderia acompanhá-la. Laura não estava entendendo aquele ciúme repentino dele. Afinal eles nunca haviam se quer discutido, menos ainda por ciúmes. Talvez ela estivesse mais distante e ele estivesse percebendo que ela tinha intenção de terminar. Ela o fez. Sugeriu que seguissem como bons amigos que eram. Ele havia insistido para que continuassem no relacionamento, mas ela tinha criado coragem. Talvez quando ele voltasse de viagem dali 15 dias, ele teria se convencido de que era melhor assim. Disposta a não se atrasar e nem se estressar procurando estacionamento ela tinha decidido ir de Uber. Ela deu uma última olhada no espelho e colocou a pequena bolsa preta no ombro. O aplicativo avisou da chegada do Uber e ela desceu sentindo um frio na barriga.

O lugar estava lotado e ela caminhava com cuidado até o setor onde ela assistiria o show. Fileira C poltrona 52. Enfim, achou seu lugar e se sentou sentindo aquele frio na barriga pela ansiedade. Era realmente um momento muito esperado e muito especial. Ela fechou os olhos e respirou fundo para controlar a ansiedade e se desconectar de tudo para mergulhar na emoção daquele show.

Lucas enfim conseguiu estacionar. Devia ter vindo de Uber, pensou ele enquanto caminhava rapidamente para adentrar no teatro e procurar seu lugar. Olhou no celular a procura do seu voucher, fileira C poltrona 51.

Não demorou muito e ele encontrou a fileira C e começou a procurar pela poltrona 51 e alguns passos antes de chegar percebeu a mulher na poltrona ao lado da sua. Não podia ser! Ele sentiu um frio percorrer a espinha e parou por um momento. Laura! Era ela ali, de olhos fechados ela parecia viajar em seus pensamentos. Ela era tão linda! O lugar estava escuro, poucas luzes estavam acesas. Como se percebesse que alguém a estava olhando, Laura abriu os olhos e olhou para cima para ver o rosto do homem que estava de pé. E o frio da barriga passou de frio para gelado. O homem estava muito elegante. Vestia uma calça esporte fino cáqui e uma camisa branca de manga comprida com as mangas dobradas até a altura do antebraço. Ele

a olhava com aqueles olhos cor de mel e com tanta intensidade que ela se sentia derretendo. Não podia ser! Era o Lucas!

-Lucas?

O nome dele saiu de sua sua boca involuntariamente. Quando ela percebeu, já tinha falado. E ela não saberia dizer em que momento tinha ficado de pé.

Ela se lembra do meu nome. Então provavelmente não esqueceu o que aconteceu também.

-Laura... - o nome dela vindo da boca dele, naquela voz rouca e forte, fazia ela ter vontade de pedir que ele dissesse novamente, e novamente e novamente o seu nome, mas dessa vez no seu ouvido. Como se tivesse lido seus pensamentos, ele se aproximou para cumprimentá-la. Ele tirou uma das mãos do bolso e colocou na cintura dela, deu um beijo no rosto dela, muito perto da orelha e se demorou ali dizendo com a voz que a fazia perder o ar:

-Bom te ver, Laura.

Ela ficou sem reação. Sentia as pernas moles como manteiga se derretendo no fogo.

As luzes se acenderam, todas de uma vez e eles se afastaram, voltando a atenção para o palco.

Ambos pensavam a mesma coisa: Será o destino?

A tensão, era quase palpável!

Ambos sabiam que aquele momento seria impossível de ser esquecido. Cada música seria uma memória daquele momento mágico, das trocas de olhares e do desejo de se jogarem nos braços um do outro. Laura imaginava como seria dançar com ele, sentir o calor dos braços dele ao redor do seu corpo. Lucas queria sentir a textura da pele dela, soltar aqueles cabelos e sentir o cheiro deles, beijar aquela boca...

Só por aquele momento ele queria esquecer que ela era a namorada do primo Fernando. Afinal, onde ele estava? Se ela fosse a sua namorada, jamais a deixaria sair sozinha! Não se arriscaria a perdê-la. Em um determinado momento, Lucas a viu se emocionar, e apesar de sorrir, uma lágrima desceu discretamente pelo seu rosto. Como que num instinto, ele secou a lágrima com o dedo. Ela virou o rosto para olhá-lo e por um momento seus olhares se encontraram e permaneceram assim, como se buscassem resposta nos olhos do outro para aquele turbilhão de emoções. Laura baixou o olhar primeiro, e voltou a atenção para o palco. Quando o show terminou, ele ficou de pé e estendeu a mão para ajudá-la. Ela aceitou, e percebeu que se sentia muito segura com ele. Como isso era possível? Ele era um estranho. Um estranho que se quisesse, a levaria para onde quisesse naquele momento. Sem questionar ela o seguiu até a saída do teatro. Como havia muita gente, ele andava um passo a frente dela, abrindo caminho para a passagem dela. Ela olhava para o homem a sua frente ansiando por poder tocar os cabelos claros e fartos dele. Quando eles finalmente saíram do meio da multidão, ele parou e ficou de frente para ela, e sem dizer uma única palavra ele abraçou-a pela cintura e a beijou. Ela não ofereceu resistência. Colocou as mãos no peito dele e correspondeu ao beijo. Um beijo apaixonado... e lento... eles se saboreavam e se descobriam...

-Vamos sair daqui? - ele disse com a testa colada à dela, sem soltá-la.

-Lucas... está tarde e...

-xiiii - ele a calou com outro beijo. -Onde está seu carro?

-Eu não vim de carro.

-Vamos. - ele a puxou pela mão até a caminhonete dele, abriu a porta para ela entrar e novamente a beijou.

            
            

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