Capítulo 5 Amanhã não, hoje!

-Eu estou com fome, e você? - perguntou Lucas enquanto ligava a caminhonete.

-Também. O que vamos comer? - ela perguntou enquanto colocava o cinto de segurança.

-Eu como de tudo, então você pode escolher. - disse ele sorrindo. Estava feliz por Laura estar ali, do seu lado.

E se o primo não estava com ela, talvez tivessem terminado. Ou será que eles tinham um relacionamento do tipo "aberto"? Não! Ela não parecia ser o tipo de mulher que teria um relacionamento desses. Na verdade o primo também não. "Tomara que eles tenham terminado", pensou ele. Não queria ser fura olho do primo, mas nunca tinha sentido aquela atração por nenhuma mulher. Não era só uma atração física. Era uma vontade de estar perto dela, conhecê-la mais intensamente. Era como se ela fosse um imã, uma força que o puxava. Precisava saber mais sobre ela. Se realmente ela estivesse com Fernando... ele se afastaria, mesmo sabendo que jamais esqueceria aquela noite, e aqueles beijos.

-Que tal comida japonesa? - sugeriu ela, e ele riu.

-O que foi? Por que você está rindo?

-Esqueci de dizer que como de tudo, menos comida japonesa. - ele riu alto e ela também.- Mas sei de um restaurante que tem a comida japonesa pra você e carne pra mim.

Lucas ofereceu a mão e ela pegou. Ele entrelaçou os dedos nos dela e apoiou na própria perna, e assim dirigiu rumo ao restaurante. Eles tomavam um vinho enquanto a comida não chegava.

-Um brinde a essa noite. - ele brindou.

-A essa noite. -ela repetiu.

-Eu não parei de pensar em você depois daquela noite lá no coquetel. - ele foi direto. - Os flashes daquele "incidente" vinham à minha mente o tempo todo. E realmente foi uma grata surpresa te encontrar essa noite.

Laura sentiu novamente aquela sensação de que os olhos dele atravessavam sua alma. Por algum motivo que ela desconhecia, ela confiava nele e acreditava na sinceridade de suas palavras. Ela sorriu e desviou o olhar para a taça em sua mão.

-Eu também estou feliz em te encontrar. - e olhou novamente para os olhos cor de mel dele.

-Tem uma coisa que eu preciso te perguntar. - começou ele. Laura já imaginava o que seria. Afinal, se ele estava no coquetel, ele era amigo ou no conhecido de Fernando e provavelmente tinha visto os dois juntos e como os demais devia achar que eles tinham algo sério.

-Pergunte por favor. - respondeu ela sem desviar o olhar.

-Você e o Fernando. O que há entre vocês?

Lucas a olhava com tanta intensidade que mesmo que ela quisesse seria impossível mentir para ele.

-Uma bela amizade.

-Mas estavam juntos no coquetel, não estavam?

-É uma longa história...

-Eu tenho tempo. - provocou ele. Não ia deixar ela fugir do assunto.

-Eu conheci o Nando na academia há 2 anos. Nos tornamos bons amigos e com o tempo descobrimos que tínhamos muito em comum e que também havia química. Achamos que seria suficiente e tentamos um relacionamento, mas não funcionou. É isso. - ela resumiu.

-E por quê não funcionou? - ele insistiu.

-Eu não consegui me apaixonar por ele. Não da maneira que ele merecia. Então resolvemos voltar a ser apenas bons amigos.

-Eu não vou dizer que sinto muito...- disse ele sendo sincero.

-E você? Tem alguma historia pra contar?-brincou ela. Lucas aproximou se um pouco debruçando-se sobre a mesa, olhando -a nos olhos.

-Sim, tenho uma história... Há 3 semanas atrás vi uma mulher entrando numa festa, e fiquei encantando. - ele parou de falar por um momento, e sorriu, enquanto segurava o queixo dela com os dedos. - Mais tarde, naquela mesma noite, ela me tocou e quase me beijou. - ele falava e a voz dele ficava mais baixa e mais rouca, fazendo-a se derreter enquanto sentia os dedos dele tocarem seu rosto. Ela não conseguia desviar os olhos da boca dele. - E desde então, perdi minha paz. Até que hoje... eu pude tocá-la e beijá-la. - Então ele a beijou apaixonadamente, porém eles foram interrompidos pelo garçom que limpou a garganta para anunciar sua chegada.

Enquanto jantavam, falaram sobre o show e o assunto seguiu para o tema "música", onde eles tinham muito em comum, ao contrário da culinária onde os gostos eram bem diferentes. Algum tempo depois Lucas parou a caminhonete na porta do prédio dela. Ele se encostou na caminhonete e a puxou pela cintura.

-Quero muito fazer uma coisa. - disse ele dando um selinho nela.

-O que é? - perguntou ela curiosa.

-Isso! - ele respondeu soltando o cabelo dela que caiu como uma cascata pelas costas dela. - ele a abraçou e mergulhou o rosto nas madeixas dela, sentindo seu cheiro. - Você é linda, Laura. - ele sussurrou no ouvido dela antes de beijá-la novamente. Quando o beijo terminou ela suspirou.

-Eu preciso entrar Lucas. - disse ela ainda com as mãos em volta do pescoço dele.

-Quero te ver de novo, Laura.- ele olhava nos olhos dela e ela desejava perder o resto de bom senso que tinha e chamar ele pra subir, mas não era certo.

-Podemos marcar alguma coisa na próxima semana.

-Negativo, muito longe. - recusou ele.

-Amanhã? - arriscou ela.

Lucas olhou no relógio, já era 1:00 da manhã do domingo.

-Amanhã não, hoje! Te pego às 10:00 e passamos o domingo juntos.

-Estarei pronta. - ela disse aproximando o rosto do dele, oferecendo os lábios.

Ele a beijou novamente, apertando-a em seus braços como se não quisesse soltá-la, e quando o beijo terminou, ele a manteve presa pela cintura, e pediu que ela salvasse seu contato. Depois a fez ligar para que ele pudesse salvar o contato dela quando o celular dele estivesse com bateria.

-Até já, Laura.

-Até já, Lucas. - ela deu um selinho nele e se foi, olhando para trás antes de entrar pela porta de vidro. Ele estava no mesmo lugar com os braços cruzados, esperando ela entrar.

Que noite foi essa? Laura se perguntava, enquanto se trocava e tirava a maquiagem. Ainda podia sentir o calor do corpo dele e o seu perfume estava impregnado nela. Jamais imaginou encontrar com Lucas tão rápido, embora desejasse revê-lo, porém não imaginou que aconteceria tão rápido, principalmente naquela noite. Quando estava com ele, sentia como se o conhecesse há anos. Era uma sensação de estar no lugar certo. Tudo nele a agradava. Se sentia segura e feliz. Como podia dormir se sentia borboletas no estômago?

Parecia uma adolescente.

Lucas se jogou na cama depois de um banho frio. Com os olhos fixos no teto branco ele repassava os acontecimentos daquela noite. Quanto mais ele revia o reencontro, mais se convencia de que o destino estava do seu lado. Ansioso para reencontrá-la ele apagou a luz e virou-se de bruços para tentar conciliar o sono. Mas mesmo dormindo, ela estava com ele. Sim, ela estava nos seus sonhos. Sempre olhando para ele com seus olhos doces e seu sorriso meigo.

Laura acordou com o sol entrando pela janela. Ela se levantou e foi tomar um banho. Lavou devagar e cuidadosamente os cabelos. Depois do banho foi para a cozinha com uma toalha em volta do corpo e outra na cabeça. Colocou água na cafeteria e a ligou, ligou também a torradeira. Olhou no relógio da cozinha e viu que era 7:00 horas da manhã. Nunca acordava tão cedo no domingo. Ligou a TV e buscou o celular no quarto. Já havia uma mensagem de Lucas. Enviada as 5:15 da manhã. Ele não dormiu quase nada, pensou ela.

A mensagem: "Bom dia, Laura. Sonhei a noite toda com você, e quando acordei você foi meu primeiro pensamento. Espero que o nosso dia seja tão, ou mais especial, que a noite de ontem. Até daqui a pouco!

A resposta: "Bom dia, Lucas. Eu não sonhei com você, mas pulei cedo da cama para continuar sonhando acordada. Até daqui a pouco!

Lucas estava voltando do estábulo, todo sujo de feno e cheirando a cavalo, quando o celular apitou avisando que havia chegado mensagem. Ele tirou o celular do bolso e sorriu ao ler a mensagem de Laura. Ela era tão doce... e apesar de ser uma mulher nitidamente forte, despertava nele o desejo de protegê-la.

Ele entrou e Desirè estava colocando a mesa para o café. Ela sempre fazia o café da manhã e o almoço aos domingos, a menos que Lucas não estivesse na fazenda. As vezes ela e o marido Gaspar almoçavam com ele. Afinal, eram quase da família, visto que trabalhavam há anos para os Lacerda. Eles tinham 1 casal de filhos, gêmeos, 3 anos mais novos que Lucas, mas ambos moravam em outro estado e vinham só de vez em quando. Beatriz e Luiz Fernando. A casa que Desirè e Gaspar moravam ficava há poucos metros da casa principal, e ela conseguia cuidar das 2 casas sem grandes problemas. Ela mesma fazia suas folgas conforme sua conveniência e seu bom senso jamais tinha deixado cair a qualidade na prestação de serviço para Lucas. Tudo era muito combinado para que a casa principal fosse prioridade.

-Oi filho, bom dia! - disse ela colocando a xícara na mesa.

-Bom dia tia Dê. - ele deu um beijo no alto da cabeça da mulher. - Você não ia visitar a Bia hoje?

-Sim filho, eu vou ainda, mas só depois de deixar o seu almoço preparado.

-Tia, não se preocupe com o almoço, eu vou pra cidade. - não era totalmente verdade, pois ele ia até a cidade para buscar Laura, pois pretendia passar o dia na fazenda com ela. Mas se dissesse a tia que tinha visita, aí sim ela não iria embora até preparar um banquete.

-Certeza, filho?

-Absoluta tia.

-Está bem. Então eu já vou. Deixei quitanda para o café de amanhã. porque vou chegar por volta das 10:00, ok?

-Fica tranquila. Não parece, mas eu sei me virar sem você. Pelo menos por um tempo. - brincou ele.

Ela riu e se despediu dele com um abraço.

-Fica com Deus, Lucas.

-Amém tia. Boa viagem.

Lucas tomou um banho demorado. Vestiu uma calça jeans clara e uma camiseta básica branca. Pegou a carteira, o óculos de sol e as chaves da caminhonete, e seguiu rumo a garagem. Ainda era cedo, mas pretendia passar no mercado antes de buscar a Laura.

                         

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