Capítulo 2 Algo inesperado, Jardim

Eu ouvia apenas soluços e alguém em prantos. Meu coração acelerou.

-Oh mãe, por favor responda! - minha resposta foram os gemidos de dor e

angústia vindos do celular.

Sem pensar duas vezes, desliguei o celular e corri às pressas em

direção à minha casa. Alguma coisa deve ter acontecido. Será que ela

passou mal? Não, eu não podia pensar o pior. Se o medo tomasse conta

de mim, certamente, mal conseguiria ajudar, seja lá o que fosse. Tenho

que ser otimista, mesmo em meio ao caos e ao silêncio.

Cheguei.

-Vai chave! FUNCIONA!- Disse em meio ao desespero - consegui!

Encontrei minha mãe jogada ao chão, desacordada. Ah, e agora, o

que eu faço??? Liguei para a ambulância. Em vinte minutos estavam à

porta. Alguns seguravam a maca, apressados. Um deles me questionou:

- O que aconteceu? Qual a sua relação com a paciente?

- Eu sou filha dela. Ela me ligou mas não respondia, estava voltando da

escola, corri para saber o que aconteceu e, quando cheguei, a encontrei

assim.

- Entendido. Você pode vir como acompanhante dela.

Saltei ambulância adentro. Duas horas depois ela acordou. Seus

olhos pareciam inchados como se tivesse chorado por horas e sua pele,

gélida e pálida. Foi então que me dei por conta, onde estava meu pai?

Tenho certeza de que o médico deve ter avisado ele, mas porque ele não

está aqui? Geralmente, ele sai desesperado do trabalho, mesmo quando

minha mãe tem apenas enxaqueca!

-Porque... - fez uma pausa para recuperar o fôlego- você está... olhando

para... todos os lados?

-Estou vendo se meu pai não chega. Não é estranho? Ele já deveria ter

aparecido. Mas, o que aconteceu com a senhora?

- Ele... não virá. Snif!

- Como assim, porque ele não viria? Ele está viajando?

- Ele estava... minha filha! - disse e, logo se pôs a chorar, aos prantos.

- MÃE, O QUE ACONTECEU?

- Seu pai... morreu. - Meu coração gelou ao ouvir.

- NÃO! Não pode ser! - eu gritava feito uma louca- Porque? Como? É uma

piada, né? Mãe, para. Eu não gostei. Não tem graça nenhuma! Me diz que

é mentira, por favor!

- Oh, como eu queria... que fosse mentira! Oh, meu esposo! Oh, que...

falta me faz! Ele estava fazendo uma viagem... a trabalho, mas, no

caminho, o carro... da empresa... bateu de frente com um... caminhão

desgovernado. Disseram que o motorista... dormiu ao volante, o cochilo

dele... custou a vida de seu pai! A vida... do MEU MARIDO!