Capítulo 7 Pegajoso!

"Amor..." Morana releu e um sorriso sinistro cruzou seu rosto.

A mulher sabia o que fazer. Ela estava esperando o momento certo para trazê-lo de volta. Lyla pensava que apenas manter sua mente fechada, para que Morana não pudesse lê-la, era o suficiente para esconder as coisas.

"Essa garotinha não entende que eu estou sempre um passo à frente!" Morana se recostou no sofá macio. "Lyla não conseguiu cumprir seu papel da última vez; mas irei garantir que desta vez, tudo corra como planejado."

A mente de Faolán estava acelerada.

"Malditos rogues!", ele praguejou. "Provavelmente foram eles que incendiaram as nossas terras!". Eles esperaram que o Alfa saísse para que pudessem atacar.

"Não se sinta tão mal. Pelo menos encontramos nossa companheira." -Lonn disse.

Faolán concordou. Apesar de tudo, agora eles tinham Lyla. Bem, não exatamente, já que ela era um pouco mais difícil do que um lobo está acostumado a lidar.

"Ela vale tudo." - Faolán sorriu.

O Alfa estava com as mãos "coçando" para enviar outra mensagem a Lyla, uma vez que ela não tinha respondido a anterior. Ele se lembrou dela dizendo que se ele não pudesse se encontrar com ela, então não se encontrariam nunca mais para assuntos pessoais. Isso deixou Faolán ansioso.

"Mas não posso forçar mais. Lyla não gosta de ser pressionada", ele suspirou. "E preciso me concentrar na matilha. Falarei com ela quando resolver isso. Assim, terei toda a minha atenção apenas para a minha Rainha."

Ele nem conseguiu dormir no avião. Quando a aeronave pousou, ele foi o primeiro a se levantar e caminhar até a porta e esperar que ela se abrisse. Faolán havia pensado em pegar um jato particular, que era um pouco mais rápido, mas não havia nenhum disponível no momento. A porta do avião se abriu e ele praticamente saiu correndo.

Kieran não pôde ir buscá-lo, obviamente. Portanto, Faolán teve que pegar um táxi, para ser deixado em algum lugar seguro, esconder a mala e depois se transformar. Correndo como um lobo, ele chegaria ao território da matilha mais rápido do que qualquer veículo humano. Após resolver o que precisava, ele voltaria pelos pertences dele. Aquela não era a primeira vez que ele fazia aquilo.

Quando já estava próximo, ele avisou por mind-link o Beta, que logo avisou aos outros e eles estavam prontos para o ataque surpresa que Faolán daria nos rogues.

O grupo de rogues era relativamente grande, cerca de vinte lobos. Quando Faolán chegou, pelo menos onze deles ainda estavam de pé, lutando. O cheiro de sangue podia ser sentido de longe, e Faolán sentiu a dor de saber que alguns dos lobos de sua matilha foram feridos ou mortos.

Aparentemente, não havia nenhum lobisomem com status de Alfa entre os rogues. Mesmo não fazendo parte de uma matilha, às vezes havia um ou outro que era desertor ou filho bastardo de algum Alfa, o que faria deles os líderes do grupo de rogues, ainda que não conseguisse manter o controle sobre os outros lobos.

"Eu não entendo. Eles não parecem rogues comuns. Eles estão mais fortes e resistentes do que o normal." - Kieran disse a Faolán, através do link deles. Maddox, o lobo de Kieran, estava cansado. Assim, quando Faolán entrou em contato com eles, o lobo sentiu um grande alívio. Ele rapidamente se conectou com Lonn.

Faolán era um lobo muito maior que os outros, e quando os rogues o viram, em vez de se assustarem com aquele grande lobo branco, como era a reação mais natural, pareceram ganhar mais ímpeto para atacar. Os outros lobos da matilha não entendiam, mas não tinham tempo para refletir sobre o assunto, pois a luta estava ficando cada vez mais difícil.

"Protejam a matilha dos rogues, e alguns de vocês precisam descansar, ou então sucumbiremos." - disse Faolán.

E então ele administrou os demais membros de sua matilha, dividindo-os em grupos e decidindo quando cada um deveria entrar na casa principal para se recuperar. Os grupos se revezaram, o que durou algumas horas. Faolán, como Alfa, teria que se manter firme.

Quando todos os rogues pareciam derrotados, uma flecha atingiu Faolán abaixo das costelas em seu flanco direito. Ele uivou e começou a cair. Então um rogue que ainda não estava morto se levantou e correu para atacá-lo. Kieran foi rápido e conseguiu impedir o lobo de atacar o Alfa.

Faolán voltou à sua forma humana e foi levado às pressas para a enfermaria médica, que estava um pouco bagunçada por causa do incêndio, mas ainda utilizável. A ferida era estranha, apresentando um tom esverdeado. O lobisomem responsável pelo tratamento do ferimento, Randal, após verificar Faolán, chegou à conclusão de que a flecha havia sido envenenada. Porém, ele precisaria de um pouco mais de tempo para saber por qual substância.

Kieran sabia que Faolán era um Alfa e portanto mais forte que o normal, porém, o fato de ter encontrado sua parceira e não estar com ela foi algo que o enfraqueceu, ainda mais porque eles não estavam marcados. O cheiro do lobo mudava quando ele estava marcado.

O Beta esperava que o fato de Lyla não ter rejeitado Faolán fosse o suficiente para que o Alfa não ficasse fraco demais. Por sorte, Randal era um excelente curandeiro.

- L-Lyla... - Foi tudo o que Faolán conseguiu balbuciar, antes de cair na escuridão.

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Lyla estava esperando há mais de vinte minutos e nenhum sinal de Faolán. Ela se recusou a ligar para ele. Como não houve notificação de mensagem dele, Lyla entendeu que não houve nenhum imprevisto, ou ele avisaria.

"Ou deveria, não é mesmo?", ela complementou mentalmente, irritada.

- Madame, posso trazer-lhe outra taça de vinho? - O garçom perguntou, e ela concordou. Cada minuto que passava deixava seu coração ainda mais amargo.

"Aquele bastardo continuou me importunando para sair com ele só para me fazer de idiota! Que ódio!"

Um homem que estava sentado em outra mesa a observava. Ela era linda, mas parecia estar esperando alguém. Com o passar dos minutos, a impaciência da ruiva e as olhadelas da mesma no relógio, o homem compreendeu que ela havia levado um "bolo".

Ele até fez menção de se levantar e ir falar com ela, porém, quando ela virou o rosto e ele encarou o olhar assassino da moça, pensou melhor e ficou onde estava.

Lyla esperou até que seu relógio de pulso marcasse nove horas. Uma hora inteira de espera foi suficiente. Ela chamou o garçom e pediu a conta. Depois de pagar, ela foi para o carro e começou a dirigir, mas não voltou para casa. Morana ainda estava lá e Lyla não tinha a menor paciência para lidar com os dramas da bruxa.

Ela dirigiu até Deetz Nature Preserve, a poucos minutos do centro da cidade. Ela só queria um lugar um pouco afastado das pessoas em geral, e que se conectasse um pouco com a natureza. Quando estava viva, deitava na grama, principalmente quando estava triste ou nervosa. Ou ansiosa, como estava naquele momento, embora não conseguisse entender o porquê. O dia inteiro foi assim.

Ela desligou o celular assim que chegou ao destino e ficou lá até as três da manhã. Lyla estava grata por Morana não ter ido atrás dela, já que a bruxa às vezes podia ser um pouco intrusiva.

Falando em "intrusivo", Lyla lembrou de Faolán.

"Idiota pegajoso!". Não fazia sentido ele tê-la deixado no restaurante, sem dizer nada.

Depois de se levantar da beira do lago, onde ficou com os pés imersos na água, Lyla pegou o carro e voltou para casa. Ela pretendia ligar para Faolán assim que amanhecesse, e seria melhor que ele tivesse uma excelente explicação!