Ele para seu cavalo perto da entrada da casa principal, que é uma casa bem grande com umas cinco janelas, uma porta que mais parece um portal enorme. O local é bem mais limpo que todo aquele lamaçal que passaram logo a pouco.
Também parece muito aconchegante, tem até uma chaminé, o que indica ter um fogão à lenha e um pouco mais atrás parece ter um pequeno estábulo. Duas casas brancas com portas e janelas de madeira azuis bem menores paralelas atrás, que parecem ser as dos convidados ou trabalhadores.
Pedro desmonta mais uma vez e olha para Ana que nesse instante estar tremendo de frio. Ele levanta os braços e pede.
- Dona Ana, pode se jogar para que consiga descer do cavalo.
Ana olha de volta incrédula.
– O que disse!?
"Como eu vou me jogar de uma altura de quase dois metros!? O cavalo médio que Pedro falou parece um gigante nesse instante. E, ele com seus 1.85 m, parece ter encolhido!" – Reflete a moça apreensiva.
– Não consigo descer moço. Acabei de descobrir que tenho muito medo de altura.
- Pode confiar, não tenha medo dona. Lembre-se que sou o "salva vidas" dessa região. Não vou deixar que se machuque faço isso praticamente todos os dias. Eu seguro até pessoas bem mais robustas que você.
- O- Onde você aprendeu a falar desse jeito? Fez algum curso para lábia?
- Não, fiz faculdade de agronomia. Esse outro curso, ainda desconheço, rs.
- O senhor está tendo muita confiança. Se é assim, vou descer. Olha, se me derrubar, juro que lhe processo.
- Pode confiar, pule que eu te seguro dona. Olhe, tenho os braços bem fortes. – Diz mostrando um braço.
Ana passa as pernas para o lado que Pedro está, segura em seus braços que parecem ser bem fortes mesmo e se joga, indo de encontro ao corpo esguio do rapaz. No mesmo instante os dois parecem estar abraçados, pois ele precisa ter firmeza para não deixar a moça e nem ele caírem.
Nesse exato momento ele olha dentro dos olhos de Ana, ficando instantaneamente rubro. Percebeu que aquela figura que encontrou na lama, literalmente jogada na lama, e que parecia ser só mais uma forasteira desajeitada tinha algo mais a lhe oferecer.
"Como é possível tanta beleza em uma mulher pequena? Ela é linda!" – Pensou e ficou sem jeito.
Pedro ao segurar a moça pela cintura perdeu o equilíbrio e cambaleou deslizando da posição que estava.
- Desculpe! Você é mais pesada do que eu tinha imaginado, rs. "Sério, será que foi somente isso mesmo?" – Pedro ponderou.
Ana já havia reparado no rapaz pelo menos de relance, no entanto agora olhando diretamente nos olhos esverdeados dele o seu coração disparou.
- Estou excitada! – Disse sem nem pensar.
- Oxi! O que você disse!? Acho que por causa do vento e da chuva não entendi direito, dona. - Ele ficou nervoso.
- Não é isso. Eu queria dizer que... Obrigada mesmo! Nossa, outra gafe. Devo ser a rainha das gafes, para o senhor. Deve ser a fome ou o frio. Quem sabe depois de um analgésico e de um bom banho eu volte ao normal.
Pedro continuou falando sem tirar os braços da cintura de Ana, estando tão perto que os corpos estavam paralelos. Com os braços dela em seus ombros.
Ele prosseguiu.
- Olha Ana é normal. Você não deve estar bem. Aqui dessa maneira em um lugar tão distante do seu lar que deve ter outro clima. Depois que você estiver acomodada ficará bem melhor. Eu acredito...
Nem terminou de falar ouviu.
- Mãe, o Pedro trouxe uma namorada para casa! Corre mãe vem ver. Logo ele, que parecia triste quando a Maria foi embora daquele jeito. Corre logo aqui mãe senão ele vai embora. - Era Rita sua irmã mais nova.
O rapaz ficou mais vermelho do que já estava ele largou a Ana que perdeu mais uma vez o equilíbrio quase caindo no chão.
- Eita! Olha a mana! – Pedro disse.
E no mesmo instante e sem jeito, teve que puxar a moça de volta para que ela não caísse, voltando à posição anterior.
Ana e Pedro voltam a ficar de frente e bem pertinho com olhos nos olhos.
- Meu Deus! O que aconteceu nesse exato momento!? Eu estou sem jeito, acho que por estarmos com frio deve ser o motivo da tremedeira. - Ana também ficou vermelha e ainda por cima lembrou da última gafe.
- Deve ser, isso mesmo. Deve mesmo ser o frio. – Diz Pedro desviando o olhar.
E em seguida Pedro demonstrado recuperar a agilidade se afastou e saiu a passos largos constrangido. E já buscando a sua irmã para tomar satisfação.
- Rita, sua fedelha venha aqui. Como você ousa tratar nossa visita deste jeito? Você não vai aprender nunca?
- Irmão, você sabe que eu nunca canso disso.
A irmã mais nova tem uns 26 anos, cabelos longos, negros, olhos acinzentados e por volta de 1.70 m ade altura ela sai correndo quase esbarrando em sua mãe que vem ver o motivo de tanta algazarra.
A mãe uma senhora de cabelos grisalhos, baixa e olhos claros e bondosos ao chegar em frente à porta no mesmo instante pede.
- Entrem ou vocês vão morrer de tanto frio. Coitadinha dela estar tremendo tanto... O que deve ter acontecido com você moça, para estar toda suja de lama? Vamos, entrem logo. Vou arrumar roupas limpas e um quarto para você passar a noite moça.
E, olhando para seu filho Pedro.
– Você, moço novamente se metendo nesses resgates perigosos. Que bom que meu filho pôde ajudar mais alguém!
- Dona Antonella, seu filho é o melhor, não é? – Ele fala beija a mãe no rosto e segue para seu quarto que fica no final do corredor, para se limpar da lama e voltar para o jantar.
- Filho, vá tomar um banho quente e se trocar que está gelado.
E, dona Antonella nesse instante chama a filha de volta.
- Rita, venha logo, traga uma roupa seca. Que eu vou ver algo que ainda temos para comer, pois como sabe temos uma visita.
- Certo, mãe. Já estou indo.
Pouco depois ela vem trazendo um vestido esverdeado e uma toalha branca, limpos.
- Aqui estão. Venha, vou lhe mostrar seu quarto. – Rita disse olhando para Ana e entregando a roupa e a toalha.
- Obrigada! Rita é assim que se chama?
- Sim. – Ao mesmo tempo que responde seguem caminhando.
A Ana segue a moça e entra no quarto.
- Dona Ana é tudo muito simples, mas acredito que vai ser melhor que enfrentar a chuva ou os animais lá fora.
- Nem imagina o alívio que senti quando consegui ajuda.
- Eu posso imaginar, meu irmão é ótimo. – Diz com um sorriso.
E, Rita sai de lá.
Ana começa a olhar o quarto e percebe na hora que parece ser um lugar bem confortável apesar de ter somente uma cama quentinha, uma penteadeira com uma cadeira de madeira e um guarda-roupas.
- Pelo menos não vou passar a noite ao relento e naquele lamaçal.
Ela observa mais e nota que tem uma pequena porta nos fundos do quarto, e para sua surpresa neste instante ela visualizou.
- Um banheiro com chuveiro elétrico, essa é mais uma vergonha que passei. Difícil não conhecer o lugar e deduzir certas coisas antes. Por essa o Pedro já esperava.
- Agora a melhor parte. Vou tirar toda essa lama de cima de mim e voltar a ser a pessoa maravilhosa que sempre fui, rs.
Depois do banho Ana trocou de roupa, vestiu o vestido verde que parecia ser da Rita, apesar de ter características diferentes da moça que lhe entregou.
- Agora sim estou renovada, e com o cheiro de rosas que eu precisava.
E, ela seguiu em direção ao corredor. Descobriu que não sabia andar pela casa, a solução foi abrir, de porta em porta, até descobrir onde ficava a sala de jantar.
Entrou na primeira porta e nada.
E, quando ia para a segunda ela teve uma ideia que parecia ser brilhante.
Quando a Ana abriu a porta ficou parada sem reação, segurando a maçaneta e olhando fixamente para a escultura humana exposta bem na sua frente.
- Oxe! O que é isso dona!?