Ela se virou para ele, os olhos arregalados e cheios de confusão.
____ Nunca mais se aproxime de mim - disse ela, tentando parecer firme, mas o tremor em sua voz a denunciava. Por dentro, Paola sentia uma mistura de medo e raiva, confusa sobre o que realmente queria.
___ Isso não devia ter acontecido e nunca vai acontecer de novo.
Diogo apenas sorriu de lado, cruzando os braços enquanto a observava sair. Seu olhar transmitia algo entre desprezo e indiferença, mas por dentro ele lutava para manter o controle sobre as próprias emoções, ferido pelo desprezo que ela exibia.
____ Concordo com você, e eu digo o mesmo: nunca mais venha à minha casa ou se aproxime de mim novamente. Eu sei o que mulheres como você costumam fazer com homens que não têm a mesma classe social que você, e não quero viver a mesma história novamente. Ser usado, humilhado e traído uma vez na minha vida já foi o bastante para mim.
Paola saiu correndo, o coração disparado. Assim que cruzou a porta do quarto, sentiu o ar fresco do corredor atingir sua pele quente, mas isso não aliviava a sensação de que algo nela havia mudado para sempre, deixando-a completamente confusa e vulnerável. Sua mente girava em torno do que havia acontecido, e uma parte dela se odiava por deixar que Diogo mexesse tanto com suas emoções.
Ela havia prometido a si mesma nunca se deixar levar por aqueles tipos de emoções que acabaram destruindo seu pai e agora estava quebrando essa promessa graças àquele homem que o destino se encarregou de colocar em seu caminho. E usou seu avô para isso, no momento em que ele resolveu contratá-lo para ser seu guarda-costas. Ainda bem que isso nunca acontecerá, pensou, tentando convencer a si mesma. Porque ela nunca vai querer ver Diogo novamente, muito menos tê-lo como seu segurança.
Mas com os sentimentos contraditórios e confusos que ele provocava nela, a última coisa que iria sentir era segurança ao seu lado. Ao entrar em seu carro, Paola sentiu o peso do mundo em seus ombros. O motor roncou, mas sua mente ainda estava presa no quarto de Diogo, nas palavras dele, no olhar intenso que ele lhe lançou. O desejo e a raiva se entrelaçavam em sua mente como um furacão, e ela lutava contra a onda de emoções que a inundava.
Na empresa, a atmosfera era diferente. A sala de reuniões estava cheia, e seus colegas conversavam animadamente, mas Paola mal escutava. Tentava focar nas tarefas, mas a imagem de Diogo continuava a assombrá-la.
O brilho da cidade de São Paulo pela janela não conseguia distraí-la. Tudo o que ela conseguia lembrar era do toque de Diogo, da maneira como ele a segurou, da maneira como seu corpo respondeu ao dele, mesmo contra sua vontade. Aquela sensação a perseguia, e ela se odiava por isso.
Ela se forçou a entrar em modo de trabalho, mas sua concentração falhava. As horas se arrastavam, e cada e-mail lido parecia um lembrete da confusão em sua vida. A produtividade que sempre foi seu forte estava sendo arruinada por um único homem.
Ela não tinha necessidade de trabalhar tanto. Afinal, era dona da empresa e tinha mais dinheiro do que conseguia gastar. Mas trabalhar sempre ajudou a preencher o enorme vazio em sua vida, por nunca ter se apaixonado por alguém. Seus encontros se resumiam apenas a sexo com homens que ela pagava para lhe dar prazer, tudo isso porque não queria nada além disso com homem nenhum.
Até a perda da sua virgindade não teve nenhuma importância para ela, e a única coisa que sentira foi dor, torcendo para que tudo terminasse logo. Ela perdeu a virgindade com um colega de faculdade no dia da sua formatura. Para falar a verdade, ela nem se lembrava direito e nunca mais o viu. Anos depois, foi com lástima que soube que o primeiro homem de sua vida havia largado os estudos e se entregado a um vício que, desde a época da faculdade, ele encarava como curtição. A ruína veio quando ele foi encontrado morto em seu apartamento, vítima de uma overdose.
Ela nunca curtira drogas e lamentou muito o fato de ele, e muitos jovens, não terem o mesmo pensamento que ela. Na época em que eles se envolveram, ela até pensou estar apaixonada, mas acabou descobrindo que ter ido para a cama foi mais por curiosidade de ver se o sexo era tão bom como algumas amigas da faculdade comentavam. E ela acabou descobrindo que não era aquilo tudo que diziam.
Depois, ela aprendeu a se dar prazer sozinha. Só então, conhecendo seu próprio corpo, ela aprendeu a sentir prazer com um homem. Mas nunca sentira tanto prazer como sentiu com Diogo. E ele novamente tomou conta de seus pensamentos, mesmo que ela tentasse negar a si mesma. Ela não queria pensar tanto nele daquele jeito, por isso mergulhou ainda mais no trabalho, tentando esquecê-lo. Mas um homem tão bonito e atraente como ele, com aquela sua personalidade forte e dominante, era muito difícil de esquecer.
Finalmente, quando o dia parecia não ter fim, Paola decidiu que precisava de ar. Saiu para a varanda, onde a brisa fresca a envolveu como um abraço, trazendo um breve alívio. Olhando para a cidade iluminada, ela refletiu sobre o que estava acontecendo. Por que Diogo, um homem que ela conheceu há menos de 24 horas, mexia tanto com ela?
As emoções a consumiam, e a resposta para essa pergunta parecia cada vez mais distante.