Determinada a confrontá-lo, Paola sabia que, a partir daquele momento, nada mais seria simples.
O homem que a havia levado ao limite fora um aproveitador mentiroso.
O endereço que conseguiu com o avô estava em suas mãos, e ela dirigiu com a cabeça fervendo de raiva.
Ao chegar à rua, parou o carro de forma brusca.
Lá estava Diogo, perto de sua casa. Ele se despedia de uma mulher com um sorriso leve, e uma menina de seis anos estava ao lado deles, segurando a mão da mãe. O coração de Paola acelerou e a fúria borbulhou dentro dela. "Então ele é casado! Claro que é", pensou.
A imagem da família reunida a irritava ainda mais, e as memórias da noite que passaram juntos agora pareciam um insulto. "Como ousa? Fingiu ser outra pessoa e ainda é infiel à própria esposa!", deduziu rapidamente. Ela odiava traições, especialmente depois de tudo que viveu com sua mãe infiel.
Diogo deu um beijo na testa da criança e se afastou.
Paola aproveitou o momento e saiu do carro, caminhando em passos rápidos até a entrada da casa. Quem abriu a porta foi um senhor simpático, que sorriu calorosamente.
____Boa tarde, senhorita. Posso ajudá-la?
Paola manteve a postura, sem esboçar um sorriso.
____ Boa tarde. Eu gostaria de falar com Diogo.
O senhor pareceu confuso por um momento, mas assentiu e a convidou para entrar, chamando Diogo.
Logo, ele apareceu na sala, vestindo um avental e com uma toalha de prato sobre o ombro. Seus olhos se encontraram, e ambos sentiram o impacto da lembrança da noite que compartilharam.
_____ Podemos conversar... a sós? - pediu Paola com a voz firme.
Diogo percebeu o tom sério e gesticulou para que ela o acompanhasse até seu pequeno quarto.
Assim que ficaram sozinhos, Paola, sem hesitar, levantou a mão e deu uma bofetada no rosto dele, que ecoou pela sala.
____ Você é um mentiroso! - ela disse com raiva, o rosto corado de frustração. - Um aproveitador! Como ousou fingir ser outra pessoa e se aproveitar de mim dessa maneira? Eu vou denunciá-lo por fraude e abuso!
Diogo esfregou o rosto, um sorriso sarcástico se formando em seus lábios. Ele manteve a calma enquanto olhava diretamente nos olhos de Paola, o que a deixava mais confusa. Diogo não parecia estar mentindo, mas seu orgulho e humilhação a impediam de admitir isso tão facilmente.
____ Se tem alguém aqui que se aproveitou de alguém, foi a senhorita - disse Diogo, sua voz baixa e controlada, como se saboreasse cada palavra.
_____ Quem confundiu as coisas foi você, senhorita Assunção. Eu nunca menti sobre quem eu era. Você nem me deu a chance de falar. Eu até tentei detê-la, mas é muito difícil para um homem resistir a uma mulher linda como você, seminua, me agarrando do jeito que fez. - Ele a olhou de cima a baixo, o olhar cheio de intensidade.
Paola sentiu o calor subir em seu rosto. As palavras de Diogo a atingiram como uma rajada de vento gelado. Ela não conseguia acreditar que estava ouvindo aquilo. Parte de si queria gritar, acusá-lo de estar mentindo, mas outra parte sabia que ele tinha razão. Ela o havia confundido e não dera espaço para explicações. Mas admitir isso? Jamais.
_____Eu... - Paola tentou responder, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ela respirou fundo, tentando recuperar o controle da situação, mas o olhar penetrante de Diogo a desestabilizava.
- Isso não muda o fato de que você deveria ter insistido. Você sabia que eu era apenas um mal-entendido, e mesmo assim, se aproveitou disso.
Diogo deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Paola recuou instintivamente, seu coração batendo mais rápido.
_____ Como acabei de dizer, eu tentei lhe dizer quem eu era, mas você estava faminta por sexo, foi logo me beijando, e eu só lhe dei o que você queria. E cá para nós, você estava adorando cada segundo e não estava nem um pouco preocupada se eu era ou não o gigolô que contratou.
_____ Como sabe que eu... eu contratei um acompanhante?
_____ Acho que depois da intimidade que compartilhamos posso chamá-la por "você", não é? Pois bem, você deixou isso claro quando disse que eu tinha que fazer valer a pena o que pagou por mim. Então, é óbvio que pensou que eu era o gigolô que contratou... Eu só não entendo por que uma mulher linda como você tem que pagar por sexo. Qualquer homem se sentiria lisonjeado de levá-la para a cama.