DO OUTRO LADO DO ESPELHO
img img DO OUTRO LADO DO ESPELHO img Capítulo 4 POEMAS DE OUTONO
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Capítulo 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS - 1 - APRESENTAÇÃO img
Capítulo 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS - 2 - PREFÁCIO img
Capítulo 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS - 3 - POSFÁCIO e BIOGRAFIA DO AUTOR img
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Capítulo 4 POEMAS DE OUTONO

OUTONO

'Penso que a poesia é a outra face

onde guardo meu pranto..."

E...

[ E havia ternura no seu olhar...

[ E bem longe se ouvia o mar,

com seus abismos e mistérios!

[ E o céu se fazia

numa policromia intensa,

imensa, densa...

[ E o adeus era iminente

de quem fora tão presente,

eminente de todas as coisas

passadas e deixadas...

[ E os verdes campos se enraizaram

na eternidade dos olhares esquecidos...

[ E a solidão passou a noite à espera da luz!

Vinhedo, Outono de 2008.

ENTRE NÓS

Entre nós

Nem mesmo uma nuvem,

Nem mesmo a paisagem,

Nada mais...

Entre nós

Nem esse vento macio

Que passa sem alarde

Enquanto vai embora a tarde...

Entre nós

Restos de sonhos perdidos

Marcas de ternura esquecida

Promessas que não se cumprem jamais...

Entre nós

Essa distância chamada saudade,

Essa solidão que a tudo invade,

Esse silêncio que martiriza...

Entre nós

Eternas lembranças,

Pobres versos de esperança,

Num adeus que se eterniza...

Vinhedo, Outono de 2009.

ENTRE PENAS E AMORES

Neste mundo pleno de dores,

Penso eu, quem não as têm?

Procuro viver uma vida de amores,

E é isto que me faz tanto bem.

A minha escolha é ser feliz.

E sempre vivi sob esta bandeira.

De vez em quando alguém me diz:

Que para mim a vida é uma brincadeira.

Eu tenho as minhas dores, por certo.

E também sofro dos males deste mundo.

Mas sempre vejo as coisas como um lago

[aberto,

Livre de ondas, calmo, num azul profundo.

Para aquele que se esfalfa em penas,

Um recado eu gostaria de deixar:

Ame a Deus, sorria pra vida, torne-a serena,

E verá que viver é apenas uma questão de

[amar.

Vinhedo, Outono de 2008.

FABRICANTE DE SONHOS

Vou para bem longe...

Perto das estrelas,

Livre das preocupações.

Não tenho ontem.

Navego pela imensidão.

Voando com o vento

A deixar o amanhã para trás.

Cruzo os caminhos da fantasia

Para bem longe daqui.

Sou viajante do infinito

Sou fabricante de sonhos...

Vinhedo, Outono de 2009.

FLORESCER

Tento ser poeta

a caminhar em linha reta

e...

... descansar nas curvas

do meu amor.

"Piano, piano

si va lontano"

diz o ditado italiano;

pois é certo

que correria

não é pressa,

mas aquele

que chega atrasado

perde o trem

perde o dia

e o dinheiro também,

e é preciso se apressar

pra não perder o lugar...

O tempo é cada vez

mais veloz

nesta tal globalização,

e a vida é ligeira

que dificulta os olás,

e os abraços

cibernéticos

se resumem em FWDs

(ocos, amorfos, vazios)

distanciando a vida

que floresce

e refloresce

e um dia

desaparece...

Vinhedo, Outono de 2008.

MADRUGADA

Madrugada

instante de sonho

procuras em vão

silêncio presente

palavras ausentes

que não voltarão...

Madrugada

sonho que finda

restos de saudade

esperas inúteis

momentos perdidos

de felicidade...

Madrugada

porto do dia

estrela cadente

vento parado

música distante

amor ausente...

Ipuã, Outono de 1968.

NOVA ERA

A moda agora

é ser nova era;

sem essa de espera;

eu quero é fluir

curtir

e depois, partir

o pão

na estação

primavera-verão

do seu coração;

que vai no avião

desafiando o ar;

nas palavras

do meu celular

que fala sozinho,

nas asas do vento

que corre sem tempo

nas trilhas da luz;

da minha 'home page'

de cores 'new age',

enquanto um piloto

de chips e de cruz

me leva pra longe

do antes e do depois,

nesta história

que só tem nós dois...

Vinhedo, Outono de 2008.

NUNCA MAIS

Início de maio, tarde quieta e fria.

Uma multidão caminha a passos lentos

enquanto sinos dobram tristemente:

'nunca mais, nunca mais a tua voz'

'nunca mais, nunca mais o teu olhar...'

E tudo é tristeza que se arrasta

que se aninha nos cantos da alma

e se projeta no caminhar dolente

de toda esse povo, essa gente.

E o dobre continua em tom plangente:

'nunca mais vou te ver naquele rio'

'nunca mais naquele banco do jardim...'

'nunca mais, nunca mais, nunca mais'

'terei teu olhar em mim...'

(Para meu irmão Sérgio, com saudade)

Vinhedo, Outono de 2008.

OUVI ESTRELAS

Ouvi estrelas

na quietude imensa

sussurros outonais apenas

Senti calor

num sol sem luz

Gerei palavras

nas águas de azul

Ouvi estrelas

na prece do vento

Compus um sonho

no sono dolente

Evoquei serenatas

na sinfonia da lua

Ouvi estrelas

no segredo dos desertos

Cantei no silêncio

das flores colhidas

Ouvi estrelas

dizendo baixinho

palavras de amor...

Ipuã, Outono de 1968.

PACÍFICOS PROGRESSOS

A esperança que surge

na aurora da vida

Lembranças que ficam

nos poentes mortais

As noites sem lua

e os luares que brilham

O sol que aquece

O frio que consome

O amor vacilante

que espera o momento

Resumos sublimes

na dor que redime

Pacíficos progressos

que nascem em festa

pincelando a vida

na policromia eterna!

Ipuã, Outono de 1968.

PALAVRAS

Prometa-me que irás cuidar,

prometa-me que entenderás...

Mesmo nos tropeços e nas quedas

saberei que tu estarás...

Prometa-me beber

quando eu tiver sede;

e ser doação

quando eu tiver fome;

e rir quando houver alegria...

E dar teu ombro para descansar

quando doer minha cabeça...

Prometa-me um oásis de amor,

mesmo que seja

num deserto de lágrimas,

uma pedra brilhante,

num campo de sangue e dor...

Podes prometer-me um amigo?...

Quando o tempo escurecer,

e a impossibilidade dos encontros

fazer de mim alguém sozinho como agora;

E quando as luzes da cidade

bocejarem distâncias depois de mim,

e espreguiçarem estrelas num céu vazio:

Eu terei socorro e guarida!

E como um sono que é festejado

com a certeza dos sonhos,

eu saberei que quando acordar

tu estarás comigo.

Preciso abraçar-te agora:

minhas mãos estão tão vazias

como minha vida...

O fascínio das procuras terminou

e as paixões se desvaneceram

no ocaso das caravanas...

Eu nasci de um sol poente

e agora me sinto

como se assim também fosse...

Estou perdido

nestas estradas,

que são todas iguais

a levar-me a lugar nenhum...

...

Prometa-me, hoje, amanhã e sempre,

porque é nisto que acredito,

e é só isto que eu tenho.

Prometa-me estas coisas

e, se teu coração abrigar um sim

- Você pode!

E eu te prometerei a Lua,

mesmo que não possa dar-te!

(Para meu irmão Francisco com saudade!)

Vinhedo, Outono de 2008.

PÁRAMO

Senti um 'nadinha' de saudade

Despontar nas auroras vacilantes

Busquei inquieto – mas debalde –

Esperanças nas ladeiras estelares

Evoquei chegadas

No porto das partidas

Caminhei imune por entre sonhos inanes

E no gáudio dos bons tempos

Enquanto a brisa trazia

Neblinas de ilusões caladas

Nos bosques floridos de risos

- solstícios de outonos proibidos -

Procurei o amor

Singular, distante, discreto

Na imensidão silenciosa

De meu deserto...

Ipuã, Outono de 1968.

PEQUENAS POBREZAS

Povoai os abismos

de incertezas

Penhorai as dores

nos neologismos

Plantai sementes

de ingratidão

nos encontros perdidos

das prisões eternas

Cantai em sorrisos

os males da hipertrofia

buscando encontrar

restos de aurora

nos funerais do crepúsculo

Decolai nos labirintos

da decomposição dos defeitos

e, ocultando

em segredo

as belezas imortais

achareis na

imensidão vazia

pequenas pobrezas!

Ipuã, Outono de 1968.

POR VOCÊ

Vou ser poeta

Por Você!

Vou buscar a mais linda paisagem

Pra Você!

Vou viver cada segundo

Pensando em Você!

Vou sonhar todos os meus sonhos

Com Você!

Vou abrir minha janela

Pra ver Você!

Vou ser a própria poesia

Pra viver com Você!

Vinhedo, Outono de 2008.

PRIMAVERAS PERFUMADAS

Há em mim

desejos sublimes

ofertando-me esperanças...

Tesouros ocultos de felicidade

à espera que o tempo passe...

Há em mim

saudades peregrinas

ressuscitando fantasmas...

Restos de tardes mortas

esquecidas no meu passado...

Há em mim

procuras vacilantes, temerosas

trazendo-me, no silêncio dos meus passos

primaveras perfumadas

enfeitadas com flores que não nasceram...

Ipuã, Outono de 1968.

QUERO

Quero te amar

no teu silêncio

e na tua hora mais alegre

Quero te encontrar

na tua procura

e na candura dos teus sonhos

Quero te ouvir

na tua lembrança

e no teu agora mais feliz

Quero te ver

na tua serenidade

e na doçura do teu olhar

Quero te querer

no teu desejo mais sublime

e na tua vontade mais pura

Quero estar contigo

nas horas todas

de todos os tempos

Quero...

Vinhedo, Outono de 2008.

TALVEZ

Poderia

ser verdade

se falasse

de auroras

esquecidas nos jardins

além do céu e da terra

Bastaria

uma palavra

se experimentasse

o sabor das esperas

Sonharia

os mesmos sonhos

se encontrasse

as cores

do amanhã

Cantaria

a mesma canção

se amasse

os mesmos abraços

Viveria

em paz!

Vinhedo, Outono de 2008.

VIDA

"Aonde quer que eu vá

eu descubro que um poeta

esteve lá antes de mim..." ( S. Freud )

Ah, essa vontade que tenho...

Que há muito tempo

vive guardada em meu peito.

É saudade que não tem mais jeito.

É minha vida, meu alento,

às vezes, apenas tormento...

Chegar até aqui

e sentir os dias

cheios de quisera.

Uma vida de espera.

Se fosse aquilo que era...

Talvez...

Ir para onde?

Voltar?

para quê?

Os dias

repletos de porques.

As noites vazias,

escuras e frias

guardam

as lembranças na alma;

choram

solidão

pelos cantos...

Lá fora

Fervilham os sinais da alegria

Vida, manancial de energia

Que vem

Que vive

Que passa

Que vai...

Ir

Ir para onde?

Se tenho um peito que esconde

as dores que a vida trouxe.

Ah, quem me dera que fosse

capaz de olhar pela janela

e sentir dela uma presença doce...

Chegar até aqui

e ver os meus sonhos desfeitos,,

minha vida em fracasso...

Se tivesse meus passos refeitos,

cuidaria dos meus preceitos

e teria os teus abraços...

Ó solidão!

Que vive comigo,

Que me chama de amigo...

Frequenta minhas horas,

Minhas tardes vazias,

Meus egos, minhas dores,

Meus temores...

Há muitas cruzes na estrada

por onde passa o tempo...

Vejo a vida na vidraça

desse cárcere de vento...

Fui mago, rei da quimera.

Estive aqui, ali, acolá.

Semeei ventos nas tempestades.

Nas terras do Deus dará

colhi apenas saudades...

Prisioneiro dos meus erros,

sorrio, enquanto o coração chora:

Minha dor não mostro a ninguém...

Sou apenas um pouco de mim mesmo

que vive, lamenta e sofre

as dores das derrotas

nas noites de solidão...

Vinhedo, Outono de 2009.

            
            

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