DO OUTRO LADO DO ESPELHO
img img DO OUTRO LADO DO ESPELHO img Capítulo 5 POEMAS DE INVERNO
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Capítulo 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS - 2 - PREFÁCIO img
Capítulo 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS - 3 - POSFÁCIO e BIOGRAFIA DO AUTOR img
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Capítulo 5 POEMAS DE INVERNO

INVERNO

"Minha alma é um anjo que vive comigo,

Que mora em meu peito num eterno sonhar..."

ALMA CATIVA

Mais uma vez

Volto ao ponto de partida.

Trago comigo

Palavras mal adormecidas,

Que ficaram

À espera,

Que um pobre poeta sofredor

As tirasse

Do sono da ilusão...

Andei por caminhos

De brisas e de sol,

De restos de paixão

E de luares amanhecidos.

Viajei com o vento peregrino

Ouvindo o canto do amor

E os pingos da chuva

Inundaram-me

O coração de saudades...

Agora eis-me aqui,

Despojado de mim,

Cativo de sonhos

E de solidão...

Vinhedo, Inverno de 2009.

DISFARCE

Queria gritar:

Amo!

Mas o silêncio é maior...

E assim

Lá se vai a vida

O tempo voa

E há essa distância

Que só aumenta

A solidão...

Queria falar

Mas é segredo

Que desde muito cedo

Mora neste coração de amor e dor...

É melhor ficar calado

Vivendo de paixão

amargurado

Neste mundo de ilusão...

Vinhedo, Inverno de 2009.

DIVAGAÇÕES EM BUSCA DE UM TEMA

Como são engraçados os caminhos...

Assaz interessantes as perspectivas...

A vida é plena e transbordante do novo...

É preciso esvaziar o velho para dar lugar

Àquele que nasce, ao que vem, ao que chega.

Será mesmo que o destino

Conduz aquele que quer

E arrasta aquele que não quer?

O ontem passou.

E agora tudo o que quero

É um sorriso...

É preciso viver

Gostando da vida...

É preciso amar

É preciso ser...

É preciso dar vivas à alegria

E, sobretudo, ser feliz!...

Vinhedo, Inverno de 2009.

INDEFINIÇÃO...

(pequena fantasia em compasso de valsa)

I

Quanto tempo...

e somente

a monotonia

de uma solidão interminável...

II

Abro minha janela pela noite adentro.

Nos luares tardios faço meu ninho.

Restam ternuras inúteis

daqueles que eu tenho pena e dó.

III

Noites sem vozes vagam pelos cantos

e sonhos lembram sal e bênção.

Onde estão as palavras mansas

das tristezas que ousam sorrir?

IV

Eu te procurei nas estrelas

e nos olhares dos viajantes...

Mas ficaste perdida

no meio da noite

e as coisas impossíveis

te fizeram prisioneira

dos pensamentos

sem acordo, sem razão.

E havia perfume de rosas no ar...

Vinhedo, Inverno de 2009.

INÚTIL

Ó solidão!

O que trazes no teu silêncio contagioso?

O que ocultas na tua boca muda? Levaste

De mim o teu baú das ilusões

Deixando-me vazio e inútil perante o olhar do mundo...

Minhas mãos ficaram invisíveis de toda cor

Meus sonhos não mais visitam os caminhos do amanhã...

Não há mais flores na minha janela

Nem mais lembranças nas asas do vento

Nenhuma saudade habita minhas memórias...

Não consigo mais ver a palavra:

Como poderei enxergar a minha alma?

Vinhedo, Inverno de 2009.

LIÇÕES DE INFINITO

Para você, mil vezes tudo de novo faria

E no sonho, a ternura dos encontros

As marcas do tempo têm o hálito das flores

E amores se escondem na simplicidade dos dias

A mente cansada viaja por entre nuvens e ilusões

E reflete imagens que o tempo não apaga

De ausências a vida é sufocada no pó das estradas

E o aroma das manhãs não pernoita nas janelas

De coisas do agora vivem apinhados os recantos

E a saudade não mora mais aqui...

Vinhedo, Inverno de 2008.

PEQUENA CANÇÃO NOTURNA

A lua bela

brilha no céu, aleluia!

O riso da criança

enche de ternura e graça

a singela flor

no jardim da praça.

Meu coração dá boas vindas à alegria.

É tão bom fazer sorrir

a quem nos ama...

E a saudade

viaja de graça

nas entrelinhas

de um pobre poema de amor...

Vinhedo, Inverno de 2008.

PÍNCAROS PROFUNDOS

Perdidos

nas mensagens intangíveis

meandros linfáticos

de olhares impossíveis

Sinfonias de prece

se elevam em silêncio

enquanto

ruídos distantes

passos vacilantes

em busca das grandezas adormecidas

renascem na quietude

singular existente

à procura

incessante do Amor

nos píncaros profundos

dos labirintos eternos!

Ipuã, Inverno de 1968.

PROMESSAS PROIBIDAS

Prolóquios sublimes

divagam em prantos

nas procuras vacilantes

das grandezas ausentes...

Pinceladas de aurora

nas cores proejadas

de mares distantes...

Liberdades acalentadas

em primevos perdidos...

Mentiras desmoronadas

castelos ruídos...

Nos anseios da espera

apenas vozes sussurram

em palingenesias

pansofias pantagruélicas

promessas proibidas!...

Ipuã, Inverno de 1968.

TARDE

Quando o sol se põe

pinta uma saudade avermelhada

no meu coração.

Cores de ausência voam

nas asas das borboletas

que chegam, passam e vão...

Há em tudo uma vontade lânguida

de refugiar entre minhas dúvidas.

Estou perdido no labirinto dos desejos

que me guardam prisioneiro

na torre da ilusão.

Minhas procuras encontram

o vazio da indiferença.

Sou barco, porto e tempestade.

Jaz na pedra que me retém

uma réstia de luz

nua e fria

na tarde vazia...

Vinhedo, Inverno de 2009.

VAGA MÚSICA

(O amor no perfume das flores)

O brilho do olhar

da mulher amada

reflete a luz das estrelas...

O amor está gritando

no silêncio da noite fria

e de mãos dadas

ele canta

a mais bela canção...

Na imensidão azul

desfilam cores e paixões.

Na memória das árvores

restam sonhos embalados

pelo vento da noite.

Passou o Outono:

O frio congela a alma

e o amor concede

flores de um tempo esquecido...

Na parede da casa adormecida

a policromia do vazio

reflete a solidão...

Águas de Lindóia, Inverno de 2008.

VIDA DE SONHO

"Quando crescer, estarei muito velho para sonhar..."

Hoje acordei

com uma vontade imensa

de lhe contar minhas alegrias.

Queria lhe falar

do amor que preenche com ternura

a vida da gente,

trazendo o sonho

e a vontade de viver...

Com a felicidade no coração,

queria lhe dizer

que a paz impera

por toda esta terra...

Queria lhe contar

que as crianças

são portadoras da esperança

e o sorriso está

em todo lugar...

Eu sei que você

até dançaria a'tarantella'...

... e ternamente

me chamaria de menino...

Mas, infelizmente,

faz tanto tempo

que você se foi,

que decidi

inventar essa história de sonho

só para me sentir um pouco feliz...

(Para minha Mãe, com saudade...)

Vinhedo, Inverno de 2009.

                         

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