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Na saída da festa, Anna seguia fingir estar com dor, estava feliz de poder ir embora de uma festa onde seria empurrada a conhecer solteiros ricos para agradar sua mãe, mas confusa por se ajudada e usada por um recém-conhecido.
- Desculpe te usar para sair, mas achei que você também queria ir embora – sussurrou ele ainda a apoiando pela cintura.
- Tudo bem – foi só o que conseguiu responder, pois uma brisa passou fazendo o cheiro do perfume daquele homem fosse mais perceptível ainda, era um cheiro ótimo - "Ele tem namorada" - pensou ela mordiscando os lábios - "É bonito, cheiroso, mas comprometido".
- Espere aqui um pouco – ele a soltou e foi na direção do manobrista – poderia pegar o meu carro por favor.
- Nome por favor - respondeu um senhor de meia-idade, cabelos grisalhos pretos peteados para trás, com camisa azul clara, pegando uma lista com os nomes dos convidados e seus respectivos carros estacionado.
- Pedro Meyer Gambino.
- Claro, um momento, alguém já virá com seu carro – informou ele se afastando e passando as informações pelo rádio.
- Obrigado – ele disse voltando ao lado de Anna Maria – Onde você mora?
- Quê? - ela parecia confusa.
- Tenho de te levar para casa, seria estranho você chegar sem mim, sendo que era para eu te levar no hospital – explicou ele.
- Não precisa, vim de motorista – ela disse olhando para o chão, finalmente a vergonha lhe invadindo, antes ela estava com raiva dele pela grosseria, por isso a timidez ficou de lado, mas agora ela estava muito consciente dele, fazendo sua timidez aflorar.
- Onde ele está? - ele olhou em volta procurando.
- Droga – ela torceu os lábios olhando para os lados.
- O que foi?
- Esqueci que pedi para ele voltar e buscar meus pais – ela parecia alarmada.
- Não tem problema, eu te levo – ele sorriu percebendo as mudanças sutis da jovem, que agora demonstrava uma timidez que inicialmente não parecia existir.
- Mas...
- Não se preocupe, eu não mordo – ele disse indo para frente, seu carro estava chegando.
Ela abaixou a cabeça novamente sentindo um forte calor no rosto, estava muito vermelha com esse comentário, enquanto ele pegava as chaves do sua BMW prata com um jovem magro de cabelos longos castanhos, em seguida ele abriu a porta para ela entrar.
- Vamos Anna?! Ah, espera – ele correu até ela a apoiando pela cintura - você está machucada, lembra? - ele disse sorrindo.
Sem falar nada ela seguiu seus passos entrando no carro, ele fechou a porta e foi para o lado do motorista, os dois colocaram os cintos de segurança e antes de ele começar a dirigir pegou o celular vendo se tinha alguma mensagem ou ligação, por um instante ele parecia chateado, respirou fundo, colocou o celular de lado e começou a dirigir.
- Preciso saber o endereço - ele disse com um sorriso forçado.
- Ah, não precisa, pode me deixar um pouco a frente, eu chamo um táxi – ela parecia desconfortável olhando pela janela.
- Não mesmo, está escuro, esse bairro é seguro, mas nunca se sabe, é muito isolado também, vamos, me diga.
- Sério, então me deixe em um posto de gasolina.
- Mesmo se fosse o caso eu teria de saber a direção, está com medo de me falar onde mora? - brincou ele.
- Não, é que sua namorada pode ficar zangada se souber que você deu carona para uma mulher desconhecida.
- Em primeiro lugar, você não é desconhecida, é prima da Clara, segundo, tenho certeza que ela não vai se importar.
- Você conhece a Clara, não eu – ela fava sem olhar para ele, olhava para fora e às vezes para o próprio colo – e é claro que ela se importa.
- Se ela se importasse teria vindo comigo – comentou ele demonstrando um pouco de irritação, ele acionou o GPS do carro dirigindo bem devagar, pois não sabia para onde ir – coloque o seu endereço aqui por favor, eu garanto que isso não vai interferir no meu fatídico relacionamento e nem no seu.
- Meu?
- É, você estava falando com ele.
- Eu? - ela finalmente olhou para Pedro.
- É, no telefone.
- Não, não, não, não, não - ela começou a rir – nunca, estava falando com a minha melhor amiga e depois com meu melhor amigo.
- Desculpe eu...
- Imagina – ela continuava rindo, colocando seu endereço no GPS do carro – eu e o Rapha, ele é praticamente meu irmão.
- Não é longe – ele acelerou – e seus amigos iriam vir?
- O Rapha viria se não estivesse em uma viagem de negócios, mas a Carol é mais complicada, ela odeia esse tipo festa, o que ela puder fazer para escapar ela faz.
- Mas ela vem amanhã então?
- Não, e você?
- Acho que sim.
- E sua namorada?
- Duvido muito – ele respirou fundo – nem sei se ela realmente me considera namorado dela ainda – desabafou ele.
- Vocês brigaram?
- Não, esse é o problema, ela está seca, me evitando, se ela tivesse me dito que não queria vir na festa eu iria para outro lugar com ela, mas ela só disse para eu ir que ela estava ocupada.
- E foi do nada?
- É complicado, ela passou por uns problemas e se fechou, mas eu dei um tempo para ela respirar e as coisas só pioram, eu não sei mais o que fazer, eu preferia que ela tivesse terminado comigo do que fazer isso, me sinto um nada.
Depois desse desabafo veio um silêncio constrangedor, Pedro havia explodido e desabafado com uma estranha, e Anna estava escutando um desabafo que a deixava incomodada, pois ela não sabia o que fazer, normalmente consolar as pessoas era coisa da Carol, ela era mais ouvinte.
- Me desculpe, acabei falando demais, é que tentei falar com ela hoje de novo e ela não me atende, poxa, é véspera de Natal, eu respeitei o tempo dela, mas estou no meu limite – ele começou a dar pequenas batidinhas no volante – estamos chegando.
- Olha, eu não conheço sua namorada, não sei pelo que vocês estão passando, mas vocês precisam conversar, pois se esse espaço que você está dando para ela não te faz bem, ela não tem como saber se você não disse, fala com ela e se resolvam, não adianta ficar assim e os dois saírem magoados.
- Chegamos – ele disse estacionando – e você está certa, vou dar um jeito nisso.
- Desculpe, não sou boa dando conselhos, foi o melhor que pensei, e se precisar conversar, a Clara é uma ótima amiga.
- A Clara – ele segurou a risada – tudo bem, obrigado, te vejo amanhã?
- Até amanhã - ela disse com um sorriso tímido tirando o cinto e saindo do carro.
Pedro saiu com o carro enquanto Anna pegava as chaves de casa em sua clutch, ela olhou disfarçadamente o carro dele partir antes de finalmente entrar, ela não queria admitir, mas achou ele bem atraente, porém ela tinha princípios, nunca sairia com alguém comprometido.
Enquanto isso no carro, Pedro parou na esquina da casa de Anna, apoiando a cabeça no volante, depois recostou no banco pegando seu celular e ligou para sua namorada, que não atendeu a ligação, ele então escreveu uma mensagem.
"Ana, precisamos conversar hoje, é importante, por favor me ligue! Se não me ligar vou considerar que terminamos".
Ele ficou um pensativo se mandava ou não essa mensagem, mas por fim resolveu enviar, não demorou um minuto para sua namorada retornar a chamada.
- Oi