A virgem e o Mafioso: A filha do meu inimigo
img img A virgem e o Mafioso: A filha do meu inimigo img Capítulo 4 3
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Capítulo 4 3

*Ava**

Já se sentiu perdida no tempo, como se o mundo ao seu redor fosse uma ilusão, e as pessoas, meros frutos da sua imaginação? Era assim que eu me sentia. Minha mente ecoava com uma voz interior, como se estivesse vazia por dentro. E, de certa forma, eu estava. Sentada à mesa, tomando café ao lado do meu maior inimigo, a quem eu era obrigada a chamar de pai, o vazio era palpável.

Era impressionante como ele agia com naturalidade, conversando e sorrindo, como se tudo estivesse bem. Ele nunca foi assim, especialmente quando minha mãe estava viva. Logan sempre estava de mau humor, encontrando qualquer desculpa para gritar, berrar, e dizer o quanto ela o decepcionava. Ele sempre fazia questão de lembrá-la de como se arrependia de ter casado com ela. Bem, ele realmente não teve escolha. Se minha mãe tivesse, ela nunca teria se casado com Logan Ford.

Ele era o segundo na linha de sucessão, herdando isso de seu pai, e a condição para assumir o controle do lado sul da cidade era se casar com minha mãe, uma garota doce e inocente que acreditava, ingenuamente, que ele mudaria. Logan sempre foi um homem sem escrúpulos, sem coração, que nunca se importou com os sentimentos dos outros.

Ele se aproveitava de todos, das menores migalhas, das mulheres, e nem se dava ao trabalho de esconder. Após a morte de seu pai, Logan revelou sua verdadeira natureza: amizades falsas, crueldade sem limites, tudo o que eu mais odiava nele. Se eu pudesse, mudaria meu DNA para não ter nada desse homem. Sua voz ao meu lado me dava dor de cabeça, e a presença de Jason, que fazia questão de tomar café, almoçar e jantar conosco, só piorava as coisas.

Eu, que já era bastante calada, me tornava ainda mais solitária e envolta em um mundo sombrio desde que minha mãe partiu. Minha existência era algo que eu queria apagar. Não queria que eles me notassem, não queria que me dirigissem a palavra. Só queria terminar meu café e sair dali. Nas últimas duas noites, passei horas refletindo sobre tudo o que aconteceu comigo e o que ainda poderia acontecer. Planejei algo, embora não soubesse se daria certo.

Questionava minhas escolhas, pois sabia que, se desse errado, eu morreria. Mas isso não seria um fim tão ruim, considerando que já estava morta por dentro. E se eu não morresse ou não fugisse desta casa, acabaria casada com Jason. Só de olhar para o rosto dele, sentia nojo. Ele era tão desprezível quanto meu pai, e seus olhos fixos em mim cantavam vitória, pois ele havia conquistado mais vantagens sobre o lado norte da cidade.

Nesses últimos dias, venho ouvindo, vendo e pesquisando mais sobre o inimigo do meu pai. Sabia que, se quisesse derrotá-lo, teria que usar todas as minhas cartas, e Dante era uma delas. Mas tudo o que descobri sobre ele me dizia que era tão sujo quanto Logan, o que me assustava um pouco. Ainda assim, precisava lembrar que não sou uma coitada qualquer, amedrontada por um homem. Não, eles não serão mais fortes ou mais poderosos do que eu. Serei eu quem moverá as peças deste xadrez, e vou derrotar ambos, mesmo que isso me custe a vida.

Eu queria que eles me ignorassem, mas Jason não estava disposto a isso. Seus olhos pidões logo pousaram em mim, e tentei desviar o olhar, focando no meu copo de café. O simples ato de olhar para ele me causava náusea, a ponto de me fazer parar de comer ou beber qualquer coisa. Sabendo que sua voz me irritaria, ele perguntou:

- Ava, você está muito quieta. Tem certeza de que está bem?

Era impressionante o quanto ele era insuportável. Nunca se importou e nem se importava com o que eu sentia; só queria me importunar. Eu o ignorei, mas meu pai, sempre pronto para tomar as dores, falou:

- Menina, você está sendo insuportável, sabia? - Respirei fundo, tentando não reagir às provocações, mas ele continuou: - Só vive chorando, lamentando. Parece até que está morta também.

Ao ouvir isso, senti meu sangue ferver. Olhei para o homem à minha esquerda com tanto ódio que ele deve ter sentido na pele. As palavras saíram sem pensar:

- Sinceramente, de todas as pessoas no mundo que eu achei que morreriam primeiro, nunca imaginei que seria minha mãe. Na verdade, rezei por todos esses anos para que fosse você. Rezei para que você tivesse um fim, mas, parece que, para me punir de alguma forma, como tantas outras vezes, você acabou matando minha mãe.

Os olhos azuis do meu pai ficaram vermelhos de raiva. Ele não disse uma palavra sequer antes de levantar a mão e me dar um tapa no rosto. A dor queimou minha pele, e quase caí da cadeira, mas não chorei, nem gemi. Segurei o local onde ele me bateu, olhei-o nos olhos, segurando as lágrimas, e disse:

- Está satisfeito? Era isso que queria fazer desde o dia em que a enterrou?

Então, levantei-me e saí dali, indo direto para o meu quarto, determinada a colocar meu plano em prática de alguma forma.

            
            

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