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Nash praticamente me obrigou a deixar ele me levar até em casa. O que não fazia nenhum sentido, os soldados que estavam junto dele na caça se ofereceram para fazer o mesmo e ele não aceitou. Ele parecia querer ser meu amigo o que eu também não compreendia. A mata - Bem dizer, por que era tão pequena que não podíamos chamar de floresta - era perto de onde eu morava, tinha uma trilha que levava direto a minha casa. E por algum motivo, Nash mudou o caminho. Fomos caminhando, até que quando percebi, estávamos na cidade. No centro dela.
Eu nunca ia a cidade, nem mesmo para experimentar vestidos, acho que ninguém dali sabia como era o meu rosto.
- Nos devíamos ir para minha casa. - Digo dando uns passos para trás.
- A não seja chata. - Diz vindo por trás de mim e me empurrando para caminhar.
- Príncipe. - Digo relutante, odiava ser formal, mas ele ainda era o herdeiro, tinha de ser formal.
Ele me encara, e faz uma expressão de desgosto.
- Nash. - Ele diz. E eu me sinto aliviada por não ter que ser formal.
- O que vão falar? - Digo ainda lutando contra ele para voltar para trás.
Mas além de mais forte, e maior que eu, eu estava afim de conhecer a cidade. Eu não tinha ninguém agora, além de Lisa e Iam, talvez fizesse algum amigo. E pensei na hipótese do Nash se tornar um amigo e logo esvaziei minha cabeça. Eu era a noiva do meio irmão dele.
- Minha querida, por que você liga? - Ele diz perto de meu ouvido, me fazendo ter calafrios.
Sua voz faz meu corpo estremecer, e sinto meu coração queimar e acelerar muito. Até a minha respiração fica ofegante. Não, ele não tinha esse poder sobre mim.
Eu tentei me enganar.
- E o seu irmão? - Vejo de canto o seu sorriso e era um sorriso malicioso.
- E por que você se importa? O máximo que vai acontecer é você se livrar dele. - Susurra em meu ouvido.
Concordo com a cabeça. E sigo caminhando para a cidade. Ao entrarmos tinha uma espécie de ponte pequena, em baixo se passava um riacho. Logo vejo crianças brincando na água. E ela nos veem e acenam pro Príncipe. Não sei se ele iria acenar, mas me sinto péssima em pensar que duas garotinha, estavam sendo ignoradas.
- Acena. - Digo e logo retribuo o aceno. Ele me encara e dá uma risada.
- Que bondosa você é. - Ele acena e dá um longo sorriso para as crianças.
- Ou você que é muito frio.
- Todos me odeiam. - O vejo mudar de uma expressão feliz para uma meramente triste. - Não teria o por que de eu ser simpático.
- As pessoas te odeiam, por que você é grosseiro. - Digo e ele me encara enquanto caminhamos. - A gentileza que leva a pessoa gostar de você. E é mais sobre você do que a pessoa.
Ele fica quieto, não me encara nos olhos, apenas caminha e continua me guiando. Achei que tinha ficado triste com o que eu disse. Quando ele para em frente a um lugar que cheira muito bem, e quando eu viro, tem algumas mulheres, senhoras, até soldados desfrutando do café e dos quitutes.
Ele faz um gesto para mim avançar em direção a padaria.
- Eles tem um ótimo café. - Tenta dar um sorriso.
Me pergunto se devo ou não entrar e ser vista com o príncipe. Mas quando me dou conta, todos já estão nos encarando. E dessa vez me pergunto: o que seria pior que Fin?
Dou um sorriso e começo a caminhar para dentro. Quando entramos na porta, posso ver uma senhora, parece ter uns 50 anos, um senhor carequinha e barrigudo, e dois jovens. Os dois abrem a boca e parecem indignados.
- Você é a sensação do momento Príncipe. - Cochicho para ele.
- Talvez. Mas com uma moça linda dessas, é impossível não ser. - Sinto um rubor subir pelas minhas bochechas.
E ele vê, droga! Ele parecia feliz por saber que tem algum efeito sobre mim e esse com certeza não era o plano.
Quando menos esperamos, os dois velhos, estão na nossa frente. Praticamente suando.
- Sua alteza. - Eles reverenciam Nash.
E por dois minutos me pergunto: eu também devia ter feito isso. E agora estava ainda mais confusa, por que estava sendo tratada diferente?
- Soube que seu café é o melhor. - Eles sorriem e concordam com a cabeça ainda abaixada.
- Sim alteza! Somos novos na cidade, viemos de uma cidade que faz seu próprio café torrado. Gostaria de provar?
Antes que ele possa responder. Eu me sinto completamente ofendida por aqueles dois estarem nos tratando igual reis.
- Antes. - Nash me encara e os dois ficam calados esperando a ordem. - Por favor, nos olhem nos olhos. Vocês são gente como a gente.
Os dois sobem a cabeça e parecem estar completamente chocados. Nash me encarando tentando entender qual era a lógica daquilo.
- Eu e minha dama gostaríamos de uma mesa. - Eles sorriem.
Sua dama?
A mulher mais velha, nos leva até uma mesa perto de uma janela. Podia ver um pouco da nossa floresta pequena, os trabalhadores e soldados passando a todo momento. Ela nos entrega um papel com todas as coisas que tinham na padaria escritas.
- Qual seu nome? - Pergunto e a vejo sorrir.
- Janete senhorita.
- Sou May! É um prazer. - Nash ainda me encara.
- Enfim. - Ele nos interrompe. - Queremos dois cafés. E o melhor quitute que você tiver. Obrigada.
Ela se vai. E ele encara a vista por vários e vários momentos. Não o interrompo, por vários motivos. Eu não sabia como Nash tinha sido criado. Apesar de saber que ele não foi amado. Nenhum infarto é amado, mas depois que descubriram que ele era o filho que seria rei, as coisas mudaram, agora não era só um filho que receberia um tanto de terras para administrar ou casar ele com alguma filha que não tivesse irmãos e o marido tinha que assumir, agora ele era o príncipe herdeiro.
Esperamos o café vir em silêncio. Janete trás as coisas e dá um sorriso seguido de um aviso, que se precisássemos de algo, era só avisar.
Pego o café e acabo dando um pulo, ele estava bem quente. Nash da uma risada e bem tosca por sinal.
- Você é bem boba. - Ele pega um pano de boca e passa sobre a minha boca delicadamente.
Estávamos sentados um de frente pro outro. Sinto ele dar toques delicadamente sobre minha boca. E sinto um arrepio que vai do meu pé a minha alma.
Engulo seco.
-Não sabia que gostava de café. - Digo bebendo um gole do meu café que agora sim estava bom.
- Gosto. Claro que prefiro frutas, mas você gosta, então. - O encaro.
- Como?
Ante que eu possa fazer qualquer pergunta. Ele toma um gole devagar, o bastante para me fazer o admirar. Aqueles olhos, tão lindos olhos.
- May. - Ele me chama.
Como era bom ouvir ele me chamar daquele jeito.
-Fin não a merece. - Disfarça olhando novamente pela paisagem .
- Por que não?
- Por que você é gentil, pensa nas pessoas, e sabe como o povo pensa. Você vale a pena. Ele é tolo. Todos somos.
Ele me achava gentil e tão bondosa? Ele ficou comigo menos de meia hora e me achava tão bondosa? Por que?
- Você não me conhece direito Nash.
- Me deixe conhecer.
Quando penso em responder e eu deveria, vejo um soldado entrar. Acompanhado de Stanley. Que quando me vê, parece ainda mais confuso que todos ali.
Ele vem até nos, devagar o bastante para Nash não perceber.
- Herdeiro. - Stanley diz fazendo a mesma referência patetica. - Senhorita May, temos ordens de lhe levar novamente para sua casa. Seu pai e seu noivo a aguardam
Vejo o punho de Nash fechar e apertar. Não queria guerra.
- Stanley. Pode por favor voltar? Diga a meu pai que já estou a caminho. Nash me levará. - Sorrio.
Nash sorri satisfeito. Deixa o dinheiro em cima da mesa e segue a saída comigo. E junto de nós, um sorriso de vitória.