Capítulo 4 POEMAS DE OUTONO

NATURAL

Moro numa rua que não tem porteiras

Numa casa sem paredes e sem telhado

Habito uma terra sem fronteiras

Levo a vida de forma normal

Meu riso é natural

Vivo a vida ...

Quantos passos são precisos para se chegar até alguém?

Quantas palavras ainda serão ditas para entender a vida?

É preciso silêncio nos corações para ouvir a paz?

No ar, doce canção

Há dança...

Dancemos!

...

Eis que sorrateiro o tempo passa

Leva o riso,

Leva a graça

Leva a dor...

Leva a vida,

Leva o amor...

Vinhedo, Outono de 2009.

QUADRINHAS DE AMOR E PAIXÃO

Passa o tempo, passa a vida

Só lembranças e ilusões.

Restos da saudade sofrida

Que martiriza os corações.

Vou embora, vou andando

E nem sei pra onde vou.

Quando eu não tenho você

Até esqueço quem sou.

Esta vida é engraçada

Mistura de riso e de dor.

Dela não se leva nada

Nem riqueza, nem amor.

Vinhedo, Outono de 2009.

VEM COMIGO

"Em cada canto, um poema

Em cada abraço, uma ternura

Em cada riso, um beijo meu..."

Vem caminhar comigo

Pelas estradas da vida...

Sair por aí

De mãos dadas

A espalhar sorrisos

E colher amor.

Vamos correr com o vento

No campo das flores.

Nas noites serenas

Contaremos estrelas.

Beijaremos o silêncio

Nas réstias de luz...

Vem comigo enquanto é tempo

E o instante é pequeno...

Levaremos apenas

Aquilo que somos

E os nossos sonhos

Guiarão nosso caminho.

Vem...

Vinhedo, Outono de 2009.

AH, O AMOR...

Se essa saudade,

Que mora em meu peito,

Batesse asas

E para sempre fosse embora,

Simplesmente eu não teria

O amor de todo dia...

Não haveria ninguém por perto,

Minha vida, um deserto

Só lamento e solidão.

Viveria amargurado,

Seria um desterrado,

Sem lira, sem canção...

Ah, o amor...

É todo o meu sonhar,

Motivo para viver

Minha vida a cantar...

É instantes de infinito,

É terno, é doce, é bendito

É sonho de um nunca acabar.

É saudade,

Inquieta paixão,

É alegria, é mistério

É ilusão...

É vida que vibra

Num só coração!

Mandaguari, Outono de 2009.

EM SILÊNCIO

Radiosa surge a manhã

Ornada de flores e cores...

De encontro às pedras

A onda vai e vem...

No céu repousam as nuvens

No alto vai o sol...

Leva as folhas caídas o vento suave

Na tarde vazia...

No cenário da vida

Um barco esquecido...

Em silêncio passa minha alma

Passa minha vida

Passa meu amor...

Vinhedo, Outono de 2009.

VENTURA

Ó tu que surges formosa, airosa,

mostra todas as cores

que ornamenta o mundo!

És o baú dos sonhos

tão docemente acalentados,

realizados alguns somente,

outros infelizmente relegados!

Mostra as tuas vontades,

estranha beldade

nascida do amor e da verdade,

criada na ternura e na dor.

Tinge com a alva cor

a tua bandeira.

Faze que a paz

seja verdadeira!

Espalha o rubro e o escarlate

nos corações carcomidos,

endurecidos...

Cuida que o verde das esmeraldas

cubra de bênçãos os sonhos

dos que amam.

Que a cor do ouro,

seja de todos, fonte de alimento

e tesouro, numa terra de esperanças.

E que seja o azul do céu

eterna dádiva e a conquista

de todas as promessas

para um mundo cada vez melhor!

Vinhedo, Outono de 2009.

VESTÍGIOS

Eu

canto

a vida

que passa ligeira

nas asas do tempo.

Refém

dos desejos,

em vão procuro minha imagem,

que ficou guardada no espelho do ontem.

Nas esquinas do vento

nascem sonhos do porvir.

Sou cavaleiro andante que chora e que ri.

No abraço da noite

faço e refaço a minha solidão...

Vinhedo, Outono de 2009.

O QUE É A VIDA?

Como um rio que passa em silêncio

Vai passando meu destino, minha vida

Vai em frente, sem jamais voltar

Vai passando, caminhando até acabar

Como são tristes minhas tardes sem você

Como é cruel o tempo sem te ver

Às vezes fico a olhar o horizonte vazio

À espera que tua presença me faça feliz

E este frio que se aninha na solidão

e que traz o vento da minha saudade

A assobiar cruelmente nos telhados

Como a dizer que o amor é apenas dor

Como um rio que passa em silêncio

Passa minha vida, passa meu amor...

Vinhedo, Outono de 2008.

CANSAÇO

Estou cansado

desta vida inútil,

deste tempo parado

que fica ao meu lado

sem nada fazer...

Cansei de contemplar

poentes de sonhos coloridos

que jamais se realizarão...

Cansam-me os encontros

que se tornaram tardios

nos portos da esperança...

Quisera ser manhãs de promessa

que nascem silenciosas,

perfumadas e se depositam

nas lembranças, como sonhos

acalentados no coração.

Quisera...

Vinhedo, Outono de 2008.

AMOR

Numa noite silenciosa e fria

Fiquei a escutar meu coração

Que em suspiros de amor dizia

Ama, que o resto é ilusão.

A riqueza é supérflua, passageira

A sorte, mágica roda ilusória e vã

A girar os destinos da terra inteira

Sem encontrar o prazer e o afã.

Ama que o resto é ilusão

Volta a dizer em suspiros de amor

A doce voz do meu coração

No silêncio da minha paz interior...

Vinhedo, Outono de 2008.

DEIXEI MINHA ALMA

Deixei minha alma

descansando

debaixo de uma árvore

e saí caminhando

à procura de meu passado.

O tempo passou

e minha vida inteira

estava na minha alma

que em algum lugar deixei...

Às vezes minha alma perdida

aparece nos meus sonhos,

outras vezes, nas canções

que a vida canta

à beira dos regatos ou

que chegam com o vento que passa...

Há certos dias que

a presença dela

se dá com maior intensidade,

que por ironia, ou por capricho

é sentimento forte e profundo,

nas noites silenciosas

da minha solidão...

Vinhedo, Outono de 2008.

TEMPO DE AUSÊNCIA

Não, não posso escrever!

Desapareceu a lira; os versos,

a luz e a crença se foram!

Os dias passam

e a rotina apodrece

nos umbrais do tempo.

Houve uma vez

que das minhas janelas

podia avistar o mundo

de flores, cores, alegrias

e amores...

Havia a água e o sal

o canto e a distância...

Agora, este vazio

que me consome

a alma e me impede

de abrir os portais

da magia

e, este silêncio

que punge, que arrasta

que enleva e que mata...

Poesia, onde estás

que não respondes?

Em que masmorra

trancaste teus versos

que são meus sonhos,

fragmentos multicores

de amor,

fé, esperança?

Em que mar

navegas minhas ilusões

meus sonhos

meus amores

minha vida?...

Vinhedo, Outono de 2008.

LEMBRANÇAS TARDIAS

O tempo passou

e uma eternidade de folhas

foi arrastada pelos ventos

nos outonos da vida.

Uma infinidade de flores

desabrochou em toda primavera.

Magníficos raios de sol

iluminaram todo e qualquer verão.

E o gélido tempo de inverno

evidenciou a minha saudade...

Nem por isso

eu deixei de amar

as doces lembranças de Você...

Nossas palavras muitas vezes

ficaram apenas nos pensamentos.

E no segredo dos olhares tardios

permaneceu entre lágrimas

um denso silêncio

no ocaso de um talvez...

É triste viver

quando os sonhos se vão

como grãos de areia

por entre os dedos

do amanhã...

Quem sabe, algum dia poderei,

ajuntando

todas

as lembranças

da alma,

ter você comigo

novamente,

a olhar o mesmo céu,

a mesma estrela,

num mesmo olhar...

Vinhedo, Outono de 2008.

NA SOLIDÃO DE VOCÊ

Ah, essa paixão que me devora

que me arrasta, que me punge o peito

e dilacera a alma, como turbilhão

em busca de um raio de sol...

Enche-me a noite de visões

que caminham nos meus sonhos

e se aninham nas estrelas fugidias...

Queria!, como queria

ter aqui, real, agora e sempre

- reflexo de mim -,

a repartir alegrias e ternuras

na doce volúpia do ser ou não ser...

Queria, ah, se pudesse, queria

do alto de minha janela

ser muitos, ser vários

consubstanciando-me em versos

de múltiplas cores, humores, sem dores

a voar pelo mundo distante

à procura de olhares amantes

sedentos de auroras

no encontro translúcido

de mim mesmo...

Vinhedo, Outono de 2008.

É DOCE OUVIR...

É doce ouvir as ondas do mar

quando elas trazem o canto da amada

que vem e volta, e que enternece

e alegra os dias meus...

É doce ouvir o zunido do vento

quando ele traz a voz da amada

que me fala num suave sussurro

da esperança dos dias meus...

É amargo ouvir a chuva

quando ela traz as lágrimas da amada

que me mostram com saudade

as doces lembranças dos dias meus...

Vinhedo, Outono de 2008.

UM DIA DE CADA VEZ

Quando converso com você,

parece que estou lendo um livro,

onde nossas aventuras se misturam

como o amor que nos deixa cativos.

E assim segue toda a história,

que sempre começa e termina por certo,

na vontade de nos amar cada vez mais,

e passar a sonhar como um livro aberto.

Penso então que esta vida é a maravilha

de ser, e se ter um dia de cada vez,

na doce ternura de cada momento,

que pulsa, que vive, que vibra,

nos corações dos amores eternos,

agora e para sempre, agora e para sempre,

para sempre, para sempre,

sempre, sempre,

sem...

Vinhedo, Outono de 2008.

NINGUÉM

Já fui olhado por

1000 olhos.

Já fui falado

por 1000 bocas.

Fui marcado e contado.

Andei pelos 4 cantos de mim mesmo...

Estou aqui:

Neste mundo sem portas,

nem janelas,

sem sede,

sem sal,

só...

Vinhedo, Outono de 2008.

            
            

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