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TEMPO DE AUSÊNCIA II
Muito cedo corrias pela vida a sorrir
Foste a rosa do meu coração
Agora, esse tempo que vive nas minhas lembranças
É apenas o que resta do riso e da flor.
Foste chuva em dias de estio
Aqueceste meu coração descrente e frio;
Levaste minha alma a cantar,
Tudo isto passou sem se dar conta,
O tempo é impiedoso e a tudo afronta.
Vivo de esquecer o meu próprio destino:
Vou nem sei para onde
Faço da solidão o meu hino...
Vinhedo, Inverno de 2009.
EU SOU FELIZ! (Cântico novo)
Eu sou feliz porque Te vejo nas manhãs
Quando o sol tinge de amarelo
O dia belo...
Sou feliz porque Tu me conheces
Tu sabes o meu querer
E há primavera no Teu olhar
Sou feliz porque
Trazes luar nas Tuas mãos
Repartido em sonhos de luz
Sou feliz porque sei o Teu caminho
Tua boca entende o meu silêncio
E porque há paz em mim...
Vinhedo, Inverno de 2009.
SEM MIM
Toco a vida sem assunto e sem promessas.
Meus dias não têm luzes nem flores;
Apenas um vento frio gela as minhas vontades.
Prisioneiro de meus egos loucos,
Vou morrendo aos poucos...
Paredes sem janelas,
Brancas, nuas, paralelas
Num labirinto sem lume...
Nesse cárcere de ilusão,
Entreguei meu coração
E dos meus ais
Nem sei mais ...
Às vezes sou rio que passa,
Outras sou vento,
Deixando meu pensamento
Pelos caminhos...
(Uma cigana leu minha sorte
E me deixou assim...)
Lembranças sussurram palavras no silêncio
...
Há tanto tempo que te amo
Que nem sei mais de mim...
Vinhedo, Inverno de 2009.
A PRIMEIRA VEZ
Eram de pedras
Os caminhos
Que me levavam ao mar...
Ainda sinto
A suavidade da brisa
O colorido do olhar
O azul do céu...
A primeira vez!...
Doces lembranças
Revivem
Amores longínquos
Mistérios
De areia
E água...
Resta
O sabor do sal
E esta saudade...
...
... São de pedras
Os caminhos...
Vinhedo, Inverno de 2009.
NOTURNO
Não caminhes
Pela rua
Na noite escura
Há sonhos desfeitos
Pelos becos escondidos
E as lágrimas da paixão
Tua alma entristecem...
Não caminhes
Pela rua
Na noite escura
O silêncio
Atrai fantasmas de vento
Que dançam
Como folhas adormecidas...
Não caminhes
Pela rua
Na noite escura
Aguarda mansamente
A lua
E o brilho das estrelas
Te dará sonhos para sonhar...
Vinhedo, Inverno de 2009.
SÓ
Em tudo uma saudade doída
Essa ausência sem fim
Destino meu, minha triste vida!
Folha arrastada pelo vento
Vou pouco a pouco morrendo
Sem amor e sem alento.
Sozinho nessa noite fria
Pobre ser abandonado
Sem luar, sem companhia
Olho para a lareira apagada
Nesse frio na madrugada
Sou mais um na solidão...
Por mais que a vida ensina
Por tudo que a vida dá
Sou uma sombra do passado
Um eterno desprezado
Vou escrevendo, vou vivendo
Meus pobres versos sem rima...
Vinhedo, Inverno de 2009.
SINFONIA NOTURNA
Ao longe... uma doce canção
Enquanto flores espalham perfumes no ar...
O amor canta pelos caminhos
E a solidão não desperta com os sonhos...
Vou procurar a estrela
Do brilho mais belo
E serei feliz...
Vinhedo, Inverno de 2008.
MINHA SOLIDÃO
A noite trouxe
lembranças de um dia
outrora feliz...
Vislumbro sorrisos no meu pensamento
e os sonhos dançam
uma espécie de valsa
na minha alegria peregrina.
Sinto-me alfa e ômega
das minhas vontades,
que voam esperanças
nas asas da minha ilusão.
Bebo do cálice da sua ausência,
a transportar desejos
até o porto da minha ansiedade.
Na claridade da minha janela
amanheço a minha solidão...
Vinhedo, Inverno de 2008.
POR ONDE ANDEI
Não me falaram das lembranças
Não me contaram da saudade,
Não vi as andorinhas,
Nem tampouco beija-flores...
Nos retratos pendurados
não tinha meu nome,
nem minha história...
Na velha casa,
só restaram marcas
dos meus passos
perdidos na escuridão...
Vinhedo, Inverno de 2008.
BRINCAR DE SONHAR
Eu queria fazer um poema de amor,
com louvor.
Versos que contassem
e mostrassem
com rimas bem feitas,
quase perfeitas,
a razão da minha vida
querida,
a ternura do meu viver,
bem querer...
Eu queria um luar de prata,
iluminando a mata.
Música linda, e grata
serenata.
E de mãos dadas com alguém,
- meu bem,
espalhar alegria
harmonia,
ser feliz, amar:
Brincar de sonhar!...
Vinhedo, Inverno de 2008.
PEDAÇOS
De pedaço em pedaço
Sem dó, nem piedade
Ela foi levando tudo
e deixando atrás de si
só tristeza e solidão.
Levou consigo
o melhor dos meus dias,
minha vida de alegria,
minha alma
e meu coração.
Não me importa mais a saudade.
Não me importa a solidão.
Foram-se os tempos
que das janelas
se via a imensidão.
Hoje é viver de migalhas:
restos de sonhos vividos,
doces momentos de amor.
Não mais amores queridos,
apenas tristeza e dor...
Vinhedo, Inverno de 2008.
PARTILHA
Reparto os momentos
que me fizeram feliz,
... doces lembranças
que enfeitaram a vida
e acariciaram a alma.
A água que purifica,
o sal que equilibra.
Reparto o pão que vivifica
e o sonho,
que é toda razão
e todo o meu amor...
Vinhedo, Inverno de 2008.
POEMA DE AMOR
É preciso fazer poemas de amor
Para alegrar um coração solitário.
Para pintar novas cores na paisagem
E espantar o tormento e a dor.
Tem horas que é preciso cantar baixinho
Para não acordar um sonho de amor.
Sair caminhando de mãos dadas com o vento.
Para bem longe, nas asas do pensamento.
É preciso ter um coração cheio de amor e paz
E transformar a vida num eterno sonhar.
É preciso iludir a alma muitas vezes iludida
E fazer da vida, uma paixão infinita!
Vinhedo, Inverno de 2008.
CÂNTICO
São longos os dias de sofrimento
e a lembrança é companheira das noites vazias.
A saudade faz morada em tempos silenciosos
e enche de tristeza o coração solitário.
É necessário que se rejubile na abastança
entoando louvores à terra do acolhimento.
Como a estrela que ilumina
as noites com seu brilho de luz,
não tem maior amor aquele que sempre amou:
apenas ama, e esta é a razão de todo o seu viver.
Vinhedo, Inverno de 2008.
ESSÊNCIAS
Se o riso é pouco
As lágrimas caem
Como chuva miúda
Fecundam a terra
Trazendo bonança
Palavras elevam
Enquanto as guerras
Separam amores
Sem grito de adeus
No horizonte perdido
Desfolham poemas
Que o vento carrega
Sem direção...
Vinhedo, Inverno de 2008.
INVERNO
É frio. Densa neblina se avoluma,
e um vento cortante se avizinha.
Os pingos da chuva parecem neve
a gelar cada vez mais na natureza fria.
Nem um ruído é ouvido na vila deserta;
No céu, o sol ainda não surgiu.
Nem parece que já é tarde certa,
Nesta terra que faz muito frio.
Entre a névoa diviso ramagens e flores,
que ora surgem, ora se escondem,
e a friagem aumenta mais os meus tremores;
Eis que mais além avisto uma janela entreaberta,
e de lá, um som que estranhamente me acalma:
E é hilário dizer que é "frio en el alma"...
Vinhedo, Inverno de 2008.