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O final da aula chegou rápido, e antes que eu pudesse dar uma desculpa para não participar, já estava no carro com Gael, Tay e Clara, a caminho da casa dela. Meu estômago estava em um nó. As provocações de Gael e os olhares de Clara não ajudavam nada – pelo contrário, cada segundo me deixava mais ansiosa, como se todos já soubessem que aquele não era um simples trabalho.
Ao chegarmos, Tay nos guiou até a sala de estudos, que ficava ao lado do quarto de Dimitri. Senti meu rosto esquentar ao pensar na possibilidade de vê-lo por ali. "E se ele tivesse acompanhado? Se ele tivesse...com alguma garota?" Esse pensamento apertou meu coração, como se eu não pudesse aceitar isso,como se de alguma forma ele já me pertencesse. Fingi procurar um lugar para acomodar meu material, mas, na verdade, estava tentando me preparar para qualquer encontro inesperado.
Estávamos tentando organizar as ideias para o trabalho, quando ouvi passos pesados no corredor. Meu coração acelerou. O som se aproximava, e eu sabia quem era antes mesmo de vê-lo. Dimitri entrou na sala de estudos, com um sorriso meio preguiçoso e aquele olhar enigmático. Estava chegando da academia,com a camisa no ombro e o corpo suado. Sua presença não impactava só a mim, Gael o olhava quase babando e Clara o encarava com um olhar cheio de intenções que eu não queria nem pensar. Ele parecia sempre se mover como se soubesse do efeito que causava.
- Ah, então são vocês que estão fazendo toda essa bagunça, - ele disse, apoiando-se no batente da porta, seus olhos me observando por um segundo a mais do que seria necessário.
- Oi, Dimitri, - Clara cumprimentou animada, dando uma risadinha que entregava exatamente suas intenções. - Nós viemos estudar... ou pelo menos tentar.
Ele sorriu para ela, mas seus olhos logo voltaram para mim. Senti um arrepio subir pela espinha, especialmente quando ele me deu aquele sorriso de canto de boca, que parecia feito sob medida para me desestabilizar.
- Então, como estão indo os estudos? - Ele perguntou, como se realmente se importasse. Mas eu sabia que era apenas mais uma de suas maneiras de mexer comigo.
- Não estão indo muito longe, com você por perto, né? - Gael entrou na conversa, com um tom provocativo e um olhar afiado, claramente se divertindo com a situação. - Quem sabe, se você se juntar a nós, as meninas ficam mais... concentradas.
Dimitri riu, aproximando-se um pouco mais da mesa, e senti meu coração disparar. Ele apoiou uma mão na cadeira ao meu lado, abaixando-se o suficiente para sussurrar, apenas para que eu pudesse ouvir:
- Cuidado, - ele disse, com um tom suave e provocador. - Eu não mordo... a menos que você queira.
O mundo pareceu parar por um segundo. Eu queria me afastar, mas meu corpo parecia colado à cadeira. Não consegui esconder o frio na barriga, e, antes que pudesse processar, Tay bateu palmas, chamando a atenção de todos.
- Vamos focar, pessoal! - disse ela, tentando retomar o controle, embora não parecesse tão incomodada com o rumo que o encontro tomava.
Dimitri deu uma risada baixa, mas se afastou, não sem antes me lançar um último olhar. Tentei me concentrar no trabalho, mas meu coração continuava a bater rápido demais, e as palavras do livro à minha frente simplesmente não faziam sentido. Era impossível fingir que nada tinha acontecido.Ele estava claramente flertando comigo e isso parecia tão improvável, que eu me pergunto se ele está apenas brincando com meus sentimentos,ou se as intenções dele são reais.
E, enquanto o estudo prosseguia, me pegava lançando olhares furtivos para o corredor, meio desejando que ele voltasse, meio temendo o que aconteceria se ele realmente o fizesse.
Tentei me concentrar nas palavras de Tay e Clara sobre fisiologia, mas era inútil. Minha mente estava em outro lugar, em outra pessoa. Dimitri havia deixado um rastro de tensão no ar que não se dissipava. Cada palavra, cada movimento meu parecia revelar o quanto ele me afetava. Até Clara e Gael lançavam olhares cúmplices, percebendo que algo estava fora do normal.
Estávamos finalizando o primeiro tópico, quando Dimitri reapareceu. Ele trazia uma lata de refrigerante e encostou-se na porta com aquele ar despretensioso e autoconfiante que me deixava fora de órbita.
- Não quer beber nada, Tay? - Ele perguntou à irmã, sem tirar os olhos de mim. - Seus amigos parecem que vão desidratar aqui. Especialmente... alguns. - A frase ficou solta, mas o olhar dele preso a mim deixava claro para quem era o comentário.
Gael, é claro, aproveitou a deixa.
- Ótima ideia, Dimitri! Por que não traz uma água pra minha amiga? Ela tá parecendo meio... nervosa, você não acha?
A gargalhada de Gael ecoou na sala, e Clara trocou um olhar divertido com Tay, que riu e saiu para buscar bebidas, como se também quisesse deixar a "cena" livre para o próximo ato, Clara e Gael a seguiram e antes que eu pudesse fazer o mesmo, Dimitri sorriu e se aproximou de mim, estendendo a lata de refrigerante.
- Para você, - disse ele, seu tom suave demais, quase uma provocação.
- Eu... estou bem, obrigada. - Minha voz soou mais fraca do que eu gostaria. Evitei olhar em seus olhos, fitei ainda mais o livro ,mas sabia que ele percebia minha hesitação.
Ele inclinou-se, chegando perigosamente perto, e sussurrou ao meu ouvido:
- Tem certeza? Parecia tão... distraída. - Ele se afastou lentamente, seus olhos dançando com um brilho divertido. - Acho que você não conseguiu entender o primeiro tópico da fisiologia, não é? Posso te ajudar, se precisar, eu sou muito bom com corpos.
A insinuação na voz dele era inconfundível. Eu senti um calor subir pelo meu rosto, e o pior era que ele sabia exatamente o que estava fazendo.
- Eu... eu não preciso de ajuda, obrigada. - Tentei soar firme, mas minha resposta saiu trêmula, o que fez Dimitri sorrir ainda mais.
Ele não recuou. Pelo contrário, aproximou-se, observando-me com um olhar intenso, até que finalmente falou:
- Sabe, você me intriga, - ele disse, baixinho, para que apenas eu ouvisse. - Você finge ser tão segura de si... mas eu consigo ver. Você não é tão indiferente assim, é?
As palavras dele me pegaram desprevenida, e por um instante fiquei sem reação. Ele esperou, como se soubesse que eu não teria uma resposta.
- Talvez você esteja enganado, Dimitri, - rebati, tentando soar fria. - Talvez eu não seja nada disso que você está pensando.
Ele sorriu, dando um passo para trás, mas não antes de murmurar:
- Ah, mas eu vou descobrir.
A simples promessa naquela frase me deixou atordoada, com o coração acelerado. Dimitri parecia determinado a me testar, a me desafiar, e eu não sabia até onde ele estava disposto a ir. O pior de tudo? Uma parte de mim queria descobrir.