Capítulo 5 Uma noite sem estrelas... Uma manhã de sol quente

Naquela noite, cheguei em casa ainda sentindo os efeitos do beijo. Meus lábios formigavam como se o toque de Dimitri ainda estivesse ali, gravado em mim, e cada vez que fechava os olhos, revivia a cena. O jeito que ele segurou meu rosto, o calor de seu corpo próximo ao meu... tudo voltava em flashes intensos, me deixando sem fôlego. Nunca havia me sentido assim, ele era capaz de despertar meu corpo e meu coração com apenas uma palavra, um toque

Deitei na cama, abraçada ao travesseiro, tentando, sem sucesso, afastar a lembrança. A cada pensamento, meu coração disparava, e a pergunta que mais me incomodava era inevitável: o que aquilo significava? Dimitri era conhecido por ser mulherengo e desapegado, por isso vivia cercado de meninas. E eu? Eu sempre fui aquela que tentava ignorar sua presença, que fingia não perceber seus olhares, que lutava contra o efeito que ele tinha sobre mim.

Mas agora era diferente. A barreira havia sido rompida, e eu não sabia como recuar.Eu não queria recuar. Queria ver até onde tudo isso aí levar.

Rolei na cama, abraçando o travesseiro com força, enquanto pensava em todas as consequências de me envolver com ele. E se ele só quisesse uma diversão? E se eu acabasse sendo apenas mais um nome na lista dele? E se ele quisesse ir mais além , se ele quisesse fazer sexo comigo? Como eu diria que ainda não tinha rolado com ninguém? Será que ele me acharia ridícula por ainda ser virgem?Esses pensamentos me assustavam, mas havia algo em seu olhar, algo profundo, que me fazia questionar tudo o que eu achava que sabia sobre ele.

Passei a noite acordada, envolta nesses pensamentos e sentimentos conflitantes, até que, em algum momento, finalmente adormeci.

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Na manhã seguinte, com o rosto ainda marcado pelo cansaço, saí de casa mais cedo do que o habitual, tentando fugir das memórias que me assombravam e de um encontro com ele no elevador. Mas o universo parecia ter planos próprios. Entrei no elevador e apertei o botão do térreo, queria sair da zona de perigo o mais rápido possivel. O elevador começou a descer... Décimo primeiro andar... décimo andar e num solavanco o elevador parou,mas não havia ninguém, a porta estava prestes a fechar quando alguém segurou o elevador, e o meu coração quase parou ao ver quem era.

Dimitri.

Ele entrou casualmente, com aquela confiança que parecia fazer parte dele. O elevador fechou-se, isolando-nos em um espaço pequeno e silencioso. Senti o ar ficar mais denso,a tensão entre a gente era palpável e meu coração começou a bater acelerado. Não havia para onde escapar, e a lembrança do beijo ainda estava tão vívida que minha garganta ficou seca.

Ele ficou ao meu lado, os olhos fixos no painel, mas eu sabia que ele estava ciente de cada segundo do meu desconforto. E então, sem olhar diretamente para mim, ele falou:

- Não dormiu bem, hein? Teve pesadelos ou sonhos sacanas?

A pergunta parecia inocente, mas o tom provocador denunciava que ele sabia muito bem o motivo das minhas olheiras. Senti meu rosto corar, e cruzei os braços, tentando parecer indiferente.

- Tive pesadelos , os sonhos "sacanas" deixo pra você que é um pervertido- murmurei, tentando esconder o nervosismo.

Ele riu, um som baixo e rouco, que fez meu coração acelerar ainda mais. Então, finalmente, ele virou-se, seus olhos escuros prendendo-se aos meus. Ali, no pequeno espaço do elevador, ele parecia ainda mais próximo, e o cheiro do perfume dele me envolvia de um jeito quase sufocante.

- Os meus sonhos "sacanas" foram uma delicia - ele murmurou, com aquele tom suave e provocante que me desarmava. - Quer que eu te mostrei?

Antes que eu pudesse responder, o elevador deu um pequeno tranco e parou no nosso andar. Dimitri me lançou um último olhar – um olhar que parecia esconder mil intenções e promessas não ditas. Ele saiu primeiro, parando apenas por um segundo para olhar para trás e dar aquele sorriso torto, que já estava começando a me enlouquecer.

- Até mais tarde, - disse ele, em um tom casual, como se não tivesse acabado de fazer meu coração disparar mais uma vez.

Eu fiquei ali, sozinha no elevador, o som da porta fechando-se ecoando no silêncio, enquanto meu peito ainda vibrava com a intensidade daquele encontro e meu corpo reagia de uma maneira que eu nunca senti antes. E eu não sabia se isso era bom ou ruim,mas sabia que eu queria ver onde isso nos levaria.

                         

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