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Para além dos contos de fadas.

Dannyelle Queiroz
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Capítulo 1 Um encontro inesperado no elevador.

Sempre imaginei que viveria um conto de fadas ou um amor avassalador, indestrutível, como aqueles dos livros que eu devorava.

Eram sete horas da manhã, e eu estava ali, esperando o elevador, com um pedaço de pão na mão enquanto lutava para abotoar os botões da minha blusa. Gael já tinha me ligado umas trezentas vezes , estávamos atrasados para o colégio e, como eu não atendi, conseguia ouvir seus gritos lá do décimo segundo andar.

- Rapunzel, jogue suas tranças! - ele berrava, tentando chamar minha atenção. Sempre com um apelo teatral em seus gestos.

Finalmente, o elevador chegou, entrei ainda terminado de me vestir ,mas o elevador parou dois andares abaixo do meu. "-Droga, vou me atrasar ainda mais e além de perder a carona do pai da Tay, ainda vou ter que aguentar o mau humor matinal do Gael." Me abaixei para amarrar o tênis , o elevador parou e ao levantar a vista, me deparei com uma visão que paralisaria qualquer mortal, era Dimitri. Parecia um deus grego encarnado, esbanjando sua boa forma. Ele ia para academia. Sempre que me atrasava , recebia sua companhia como recompensa, mesmo que só por alguns minutos.

- Bom dia, Maymay. Atrasada de novo? - Ele falou como se meu atraso fosse proposital, soltando um sorriso que poderia derreter qualquer coração.

- S-sim... - respondi, gaguejando, quase sem voz.

- Você andou sumida. Nunca mais nos encontramos aqui no elevador... e também não apareceu lá em casa. Está me evitando? - Ele perguntou, aproximando-se, até que seu corpo quase tocasse o meu.

Engoli em seco e tentei me afastar, mas sem sucesso. Meu corpo endureceu, minha respiração ficou suspensa, e meu coração batia tão rápido que eu tinha certeza de que ele podia sentir.

- Te evitando? - perguntei, tentando disfarçar.

- Sim, parece que está fugindo de mim desde o dia em que me viu pelado. Ficou assustada... ou gostou do que viu? - Ele me lançou um sorriso provocador.

Antes que eu pudesse responder, ele se inclinou e, com um tom de voz quase sussurrado, continuou:

- Não precisa ter medo... eu não mordo. A menos que você queira.

Um arrepio percorreu meu corpo inteiro, e Dimitri percebeu, sorrindo ao ver o efeito que causava em mim.

O elevador chegou ao térreo. Dimitri saiu primeiro, com um sorriso de quem sabia exatamente o que tinha feito. Fiquei ali, estática, tentando recuperar o fôlego e sair do elevador antes que ele subisse novamente, mas antes que minhas pernas reagissem, Gael entrou no elevador como um furacão, me puxando para fora com uma expressão de pura curiosidade e empolgação.

- Amiga, o que aconteceu? Você está com a cara de quem viu um fantasma! Ou... - ele me olhou com um sorriso travesso. - Não me diga que você e o "deus grego" do Dimitri estavam... digamos... se pegando no elevador?

Tentei manter a compostura, mesmo sentindo o rosto queimar.

- Claro que não, Gael! - retruquei, tentando parecer indignada. - Ele é irmão da Tay, minha amiga de infância. Me envolver com o irmão dela é totalmente contra as regras da amizade!

- Ah, qual é! - Ele me olhou de lado, com uma sobrancelha arqueada. - Você vai mesmo dizer que não sente nada por ele? Nem um friozinho na barriga? Depois de ver aquele corpo ma-ra-vi-lho-so pelado no banheiro? Sério?

Suspirei, desviando o olhar.

- Aquilo foi um acidente, e eu nem lembro direito! - murmurei, sem muita convicção. - Além disso, ele me vê como a melhor amiga da irmãzinha dele. Você acha mesmo que ele vai olhar para mim assim? Eu só tenho quinze anos, Gael, ele me vê como uma criança. Além do mais, ele vive rodeado de garotas da academia, eu não tenho chance, olha pra mim.- falei, afim de por um fim no assunto.

Ele me observou por um instante, cruzando os braços.

- Para ser sincero, se eu fosse hétero, com certeza pegaria você. Sério! Pegaria você a toda hora. Você é maior gostosa, corpo impecável, cabelos longos, pele da cor do pecado, sorriso angelical com um olhar sedutor , bem meu tipo.- ele falou tentando levantar minha moral.

Sorri debochando da sua declaração e falei:

-Meu amor, se você fosse hétero, eu que pegava você a toda hora. - Falei gargalhando, mas como toda história tem um fundo de verdade não seria nada difícil me apaixonar por ele.

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