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CORAÇÃO
Ah, coração cigano
Que culpa tenho eu -
- Se me mostras as belezas da vida –
As paixões
Os amores
As lembranças queridas?...
E assim vou eu,
Pé na estrada,
De cara pro vento,
Coração aberto,
Rumo nem sempre certo...
Felicidade,
Um trem de ferro na colina verdejante
Margeando um rio que corre
Caprichoso, sinuoso
Cujos olhos teimam em ficar!
Ah, coração
Se me amas tanto
Abranda de meu peito esta saudade
Dá-me de teus sonhos para sonhar
Abriga-me em tua ilusão
Agora e sempre
Para toda a vida
Eternamente...
Vinhedo, Verão de 2009.
OFERENDA (das horas sem tempo...)
Se quiseres
[Ó dúvida cruel
Por que esse desdém
Se até as flores têm
A dádiva do querer?...]
Serei água cristalina
Do riacho mais distante
Escondido da vazante
Que brota do teu olhar...
Se quiseres
Posso te ofertar
A estrela derradeira
Que um dia foi a primeira
Que no céu eu vi brilhar...
Se quiseres
A vida inteira
E mais além
Nossas almas serão companheiras
Por todos os séculos dos séculos
Amém...
Vinhedo, Verão de 2010.
INÚTIL
Queria dizer tantas coisas;
Outras tantas fazer.
O tempo passa...
A vida passa...
E há flores no jardim.
Vinhedo, Verão de 2009.
NÁUFRAGO
Onde será que deixei
aquela saudade doída
que tanto me fez sofrer
noite e dia sem parar?...
Ainda guardo doces recordações daquela tarde
O sol tingia de bordado as nuvens do céu
Éramos um só coração a caminhar entre as flores
E você era minha ternura e meu doce mel.
A felicidade acompanhava nossos passos
Em todos os cantos reinava a alegria
Havia muito amor, eram tantos os laços
E entre os abraços, uma suave sinfonia.
Tudo agora ficou tão distante
Não há mais tardes como aquela
Você deixou uma saudade lancinante
Neste navio naufragado, sem porto, sem vela...
Cravinhos, Verão de 2009.
ESSE AMOR
O amor que trago em mim
É uma suave canção
É bálsamo para a minha alma
É minha certeza e meu querer.
Acorda-me com as manhãs
E enfeita meu dia com risos.
Pinta meu horizonte
com as cores do infinito
E se põe a brincar.
À noite, traz-me poesia
Enche-me de sonhos e de alegria
E me convida para sonhar...
Às vezes penso
que a vida é mesmo assim
Vou vivendo iludido
Das dores e mágoas esquecido
Amando esse amor em mim...
Vinhedo, Verão de 2009.
DEFINITIVAMENTE...
Minhas manhãs
não têm mais canto de pássaros
não têm mais o odor das flores
não têm mais meu sol de maravilhas...
Meus dias
perderam a cor
perderam o candor
e meu tempo é passado
sem nenhum valor...
Há muito minhas janelas se fecharam
deixando-me um mundo solitário e triste.
Houve um tempo...
Agora...
Não há mais tempo
Não há mais alegria
Há somente essa ausência dolorida
de você na minha vida.
Não mais canto de pássaros...
Não mais o perfume das flores...
Vinhedo, Verão de 2009.
MINHA CANOA
Minha canoa
Navega por rios profundos
Vai em busca de outros mundos
Minha canoa vive a navegar...
Como sempre tem um rumo
Jamais perde o prumo
E quando sai
Não tem vontade de voltar...
Ela singra rios e lagos
É levada pelos ventos
Ela lê meus pensamentos
E me leva pra pescar...
E assim
Quando me ponho a sonhar
A saudade até
Arruma tempo pra ficar...
Vinhedo, Verão de 2009.
MEU MEDO
Se algum dia eu me perder de mim é porque não tenho
mais você na minha vida...
Sabe...
Tem hora que eu tenho medo:
Medo da vida.
Medo da morte.
Medo de não ser mais eu.
Medo de não ter você!
Às vezes sonho
e tudo se confunde
porque não consigo enxergar você na minha vida...
Tenho medo dos costumes tardios
que não mais despertam paixões adormecidas...
Tenho medo do amor.
Faz muito tempo
que já nem sei mais falar
das manhãs que acordava com flores
na minha janela.
Esqueci-me por completo
das cores do pôr-do-sol.
Em dias de cinza,
um vento manhoso
arrasta meus pensamentos
que voam como folhas arrancadas
do livro do destino.
Tenho medo de tudo!
Estou prisioneiro das minhas emoções
e esta solidão de você machuca-me a alma
levando para longe de mim, teus carinhos e teu amor.
Velhas canções despertam lembranças doces
[ e amargas
e povoam, impiedosamente, meus dias de solidão.
Estou só...
E sem você,
tenho medo de mim...
Cravinhos, Verão de 2008.
DIAMANTE DE LUZ
Ainda lembro, na mais tenra idade,
o desvelo terno e doce com que me cuidavas.
E depois ainda já na mocidade,
maior era o amor que me dedicavas.
E assim foi pela vida afora:
cheia de cuidados e de amores.
Até que um dia, serena, foste embora,
levada pelos céus, deixando apenas dores.
Ser querido, síntese da bondade.
Essência suprema do Amor Maior.
O mais precioso bem que se tem na vida.
Tesouro de luz infinita a rutilar,
para todo sempre hás de brilhar,
no meu coração, minha mãe querida!
Vinhedo, Verão de 2008.
PACTO DO AMOR DISTANTE
Acho que vivemos de espera,
Acho que fizemos um pacto
em outras eras...
Acho... que sei eu, para dizer acho,
deste amor por quem eu me racho
e me esborracho?
...
E este medo de amar
esta indecisão,
que coloca dúvidas na vida
e tranca o coração!
Mas...
Até quanto
isto tem de real?
E quem sabe dizer se é amor?
Se o que sei
é que o poeta é um fingidor...
É preciso sorrir nas tardezinhas
E depositar os nossos cansaços
nas distâncias que separam os sonhos
enquanto é tempo
no instante pequeno...
Acho...
Vinhedo, Verão de 2008.
ASAS DO TEMPO
Ah, essa vontade louca de ficar...
A vida inteira, se pudesse eu ficaria,
e a teu lado feliz eu viveria,
horas e horas, sem ver o tempo passar.
Ah, se pudesse, mas tudo me impede
e me arrasta, e me sufoca numa histeria,
que o espírito grita e o corpo cede,
prostrando-me nesta sofrida agonia:
Nas asas do tempo me faço refém,
pedaços de sonho de coisas esquecidas,
confundem-me a mente e a alma também.
Aceno um adeus e vou seguindo além;
como farrapos da vida enlouquecida,
parto e reparto e já não sou ninguém.
Vinhedo, Verão de 2008.
MALDIÇÃO
Quem se vê abandonado, sem amor
Por todos desdenhado e sem carinho:
Quem sofre a mais atroz e triste dor,
Quem, em silêncio, chora as mágoas sozinho.
Quem não pode descartado e esquecido
Buscar carinho entre todos deste mundo.
E a chorar vive como um vagabundo,
Sem ter quem lhe chame de querido.
Descansará desta vida tão ingrata,
Cheia de dias vazios, de tristeza infinda,
Que só aumenta a saudade que maltrata.
E lá naquele lugar soturno e triste:
Terá abrigo, numa fria e funda cripta,
Ao lado de tantos que a vida foi madrasta!
Vinhedo, Verão de 2008.
ELA
I
Quem é aquela
de nome bonito
que chega airosa
Tão bela,
singela,
desfilando encantos
na passarela
do meu olhar?
II
É a mesma
de ares benditos,
que passa depressa,
levando consigo,
meu coração...
Vinhedo, Verão de 2008.
VELA
Há uma vela
naquela janela...
Quem será
que ela vela?...
Quisera
ser ela...
A vela
que vela
aquela donzela...
Vinhedo, Verão de 2008.
INÚTIL POESIA
Sou simplesmente
um ser,
que ama,
que sofre,
e que canta,
que nasce mil vezes,
e morre outras tantas,
que busca seu lume,
no clarão das estrelas,
que escreve saudades,
no portal das lembranças,
que anda sem pressa,
mas que corre e que dança,
e que,
por isso,
não sabe,
se chora,
ou se ri...
Vinhedo, Verão de 2008.
SANTUÁRIO
Caminho por uma estrada florida
Envolta de ternura e graça
Até chegar a uma praça
Onde se ergue tão bela ermida.
Extasiado, quedo-me, de pé
E adentrando em tão belíssimo templo
Sinto aumentar a minha fé
Enquanto ouço um suave alento.
Mãe Rainha, és pioneira
Nesta terra ínclita e ordeira
Nesta Orlândia que admiro tanto.
Sê Rainha de nossos corações
Doce Mãe, sempre Altaneira
Mãe do meu mais puro encanto!
(para Celina, com amor e fé)
Vinhedo, Verão de 2008.
AMADA IMORTAL
Por mais que o céu me condene
Por mais que hajam castigos e dores
Por mais que tudo neste mundo
Seja um inferno de horrores
Não hei de, em momento sequer
Deixar marcas, nem rumores
Mesmo que para isto houver
Tesouros, riquezas e valores
O que guardo no coração
Recôndito perene da alma sofrida
É aquilo que levarei na partida:
Doces momentos de infinita paixão
Amada minha, eterna ilusão
Razão maior de toda minha vida!
Vinhedo, Verão de 2008.