Capítulo 3 POEMAS DE OUTONO

TURBILHÃO

E vem essa vontade louca

Que sacode a alma

Esse querer ser teu e fazer-te minha

Essa saudade intensa que a tudo invade

Essa distância que cada vez mais se avizinha...

E então sonho contigo em meus braços

E nesses instantes sou teu e tu és minha

E tudo é encanto, é riso, é sonho, é amor

A vida vibra de luz, de som, de cor

Sou teu, eternamente teu

Em teus braços finalmente descanso

Mas esse sonho infelizmente termina

E vem essa tristeza imensa

Nessa minha pobre sina...

Vinhedo, Outono de 2009.

QUANTO TEMPO MAIS...

É preciso acreditar

Embora a hora seja difícil...

É preciso ter fé na vida

Ter fé em Deus

Crer no amor.

Há que se viver perseguindo um sonho

É preciso vibrar com o coração.

É preciso acreditar embora tudo diga não

É preciso viver a vida numa eterna paixão...

Quanto tempo mais eu terei

Para ver o sorriso de uma criança

O desabrochar de uma nova flor

O surgimento de um novo dia?

O tempo passa

E a vida é floco de paina

Arrastada pelo vento...

É preciso amar

Pois só o amor permanece

Quando nada mais restar

E o silêncio for maior...

Vinhedo, Outono de 2009.

CANTIGA NOTURNA

Ah, toda ternura

Faz reacender

Uma imensa saudade de você...

Todos os beijos do mundo

São como perfume de suas mãos,

A espalhar amor feito canção...

Como pirilampos primaveris,

Que deixam sua luz

Nas flores da noite,

Meus sonhos são vôos de luz

Pela madrugada silenciosa...

Navego pela noite

Meu sonho de amor...

Nem por isso

Sou alegre ou triste:

Apenas navego e sou...

É preciso saber florir

Ser verso e raiz

Para se ser realmente feliz!

Ah, os espelhos!

Silenciosos e frios,

Guardam os olhares do mundo!

Infelizes daqueles

Que esqueceram neles

O riso e a alegria de viver...

Vinhedo, Outono de 2009.

DE AURORAS E DE PAIXÃO

I

Tem horas que fico a pensar

E nem sei se é bem assim.

Há tanta coisa estranha na vida,

Que lendo meus pensamentos

Ou rio, ou choro ou fico quieto.

Depois, ao longo da noite

Imagino cantigas para dormir,

Enquanto um vento ligeiro

Visita meus sonhos...

... lá vou eu, hesitante

Eterno cavaleiro andante

Sem parada e sem amor.

Às vezes canto,

Às vezes me calo,

A vida é um grande embalo...

II

Tenho pavor dos relógios

Marcando as horas sem parar.

Com eles meu tempo é efêmero

E a vida uma casca de noz...

III

E agora que faço aqui parado

À espera que o vento passe

E que o tempo ressuscite

A alegria de viver...

IV

Tento ler um livro e não consigo

Não há flores no jardim.

E os espinhos são agudos

A ferir minha alma, pobre de mim...

V

Tantas coisas ficaram para trás...

Tantos amores passaram

Tanta dor,

E essa solidão...

VI

Não há mais rastros nos caminhos de outrora.

Todos os luares ficaram inúteis.

Calaram violão e poeta.

No papel branco apenas um verso de adeus.

VII

Ao longe

Uma canção cigana

Traz lembranças antigas

De estradas e de auroras.

Em seus versos

Há marcas de paixão,

Tingindo de vermelho

Uma história de amor...

VIII

De onde venho

Chovem pétalas de rosas

Nas tardes de abril.

Há uma cantina na esquina

Onde há dança e bailarina

Como nunca ninguém viu...

IX

Por outro lado

Há um deserto

Parece mais mar aberto

De silêncio e imensidão.

Não há mais canto de pássaros,

Apenas um triste mormaço

E em tudo só solidão...

X

As pessoas não morrem

Apenas mudam...

Há pouco tempo

Numa cidade, outro lugar

Encontrei um amigo que há tempos partiu

Tomando cerveja na mesa de um bar...

XI

Vontade de rir há muita,

De chorar também.

Triste sina de ser alguém,

Que vive aqui e ali

À procura de um bem...

Cravinhos, Outono de 2009.

MEDIDA

Aqueles que descansam

No pó das estrelas;

Que já colheram

Do jardim as maçãs;

São viajantes do cosmo

Libertos da frágil casca:

São novamente um.

Por certo,

Só contemplarão a luz,

Se a 'Caronte'pagaram

A travessia do rio dos mortos...

A Roda da Fortuna gira

Não se sabe para quem...

Não importa

A chuva.

O sol.

O quente.

O frio.

Não importa...

Nada mais importa...

O amor é ilusão sem fim

Que se mede pelo tamanho da nossa fé.

E se não há muito para você

Não há mais nada para mim...

Vinhedo, Outono de 2009.

ESSA QUE EU HEI DE AMAR...

Essa que eu hei de amar um dia

com um amor profundo e terno,

será talvez o meu inferno,

ou o meu céu de alegria.

Não ficarei como o príncipe da poesia

à espera do amor num calmo inverno.

E tão absorto, nessa utopia

a rabiscar alguns versos no caderno.

Irei amá-la com todo meu amor,

com tal paixão e zelo

e com todo meu desvelo.

Seremos um do outro com fervor,

com ternura e todo anelo,

nesse mundo encantador.

(à memória de Guilherme de Almeida, que como Bilac

também recebeu a honraria de "Príncipe dos Poetas Brasileiros")

Vinhedo, Outono de 2009.

AMOR EM PEDAÇOS

Eu te amei naquela manhã

O céu pintava de dourado à espera do sol

Flores brancas balançavam ao vento suave e macio

E havia silêncio, quietude e paz...

Eu te amei naquela tarde

O sol partia deixando um rastro avermelhado

A força do vento açoitava as flores tristes

E tudo era paixão, lamento e dor...

Eu te amei naquela noite

Um luar prateado inventava magia

Uma brisa calma trazia um doce perfume

E o amor era rei, felicidade e alegria...

Eu te amei pela minha vida inteira

Foste o meu céu, o meu sol, a minha paz

Meu vento de primavera, meu luar de encantos

Meu doce silêncio, meu amor adorado...

E eu te amarei pela eternidade toda...

Cravinhos, Outono de 2009.

SONHO

Se de tristezas a tua alma invade

E nada tens para fazer a cura

Cerra teus olhos à realidade

E sonha uma vida de ternura.

Sonha, enquanto há tempo ainda.

Sonha, é muito bom sonhar na vida.

"Nas verdes asas da ilusão querida

O sonho dá-nos felicidade infinda."

Felizes os que vivem na quimera!

Sonhar é ter um céu em plena terra!

É viver numa eterna primavera!

É ter as belezas que a vida encerra!

Vinhedo, Outono de 2008.

POESIA

Poesia é um bem que brota da alma

E passa pelos caminhos do coração

Poesia é a palavra que acalma

Transformando em amor uma paixão.

É alegria, é prazer, é saudade

É sentimento puro que define

Que para ser feliz basta a vontade

De viver de modo mais sublime.

Por isso não se preocupe com a rima

Vá colorindo o sonho, a flor, o amor

Sê simples, que é assim que a vida ensina

A ser poeta de real valor.

Vinhedo, Outono de 2008.

INFINITO

Se fosse luz

Se fosse paz

Se fosse cor

Se fosse mar

Não era luz

Não era paz

Não era cor

Não era mar

Se fosse canção

Se fosse luar

Se fosse sonho

Se fosse manhã

Não era canção

Não era luar

Não era sonho

Não era manhã

Se fosse riso

Se fosse mar

Se fosse alegre

Se fosse pão

Não era riso

Não era mar

Não era alegre

Não era pão

Se fosse chegada

Se fosse partida

Se fosse encontro

Se fosse adeus

Não era chegada

Não era partida

Não era encontro

Não era adeus

Se fosse logo

Se fosse cedo

Se fosse tarde

Se fosse já

Não era logo

Não era cedo

Não era tarde

Não era já

É tudo isso

E eternamente é

o bem mais precioso da vida

e que simplesmente

se chama AMOR!

Vinhedo, Outono de 2008.

LEMBRANÇAS DO INFINITO

Estou aqui porque chegaste

acenando-me com uma espécie de véu

Não sei até quando estarás comigo

Nesta hora doce, neste belo céu.

Surgiste com a manhã sorridente

E trouxeste vinho, pão e mel

De mãos dadas, olhar triunfante

Vamos assim caminhando ao léu.

Jardins imensos de infindas flores

Enfeitam este céu deslumbrante

Você e eu, eternos sonhadores

Vivendo uma vida de amantes.

E então, o tempo passa

E o doce sonho chega ao fim

Vejo o teu vulto pela vidraça

distanciando-se de mim.

Logo acordo e te procuro

A realidade é solidão

Lembranças deste sonho puro

Alegram meu coração.

Vinhedo, Outono de 2008.

URGÊNCIAS

É preciso amar

com tal intensidade

como se fosse o fim

e o amanhã fosse algo

distante no tempo...

É preciso ver

a nova estrela

e uma nova flor.

É preciso sorrir!

É preciso

marcar encontros

com a vida.

É preciso ouvir o vento

que passa.

É preciso

dar asas ao sonho.

É preciso ser um pouco louco

para ser feliz...

Vinhedo, Outono de 2008.

AUSÊNCIA DE VOCÊ

Esta ausência de você que me tortura

Tornando a vida cinzenta e triste

Envolve meus dias nessa amargura

Pois sem seu amor nada mais existe.

É um não-sei-quê sem definição

É um vazio no peito que não acalma

É um sofrer que maltrata o coração

É um lamento triste que vem da alma.

Se em algum lugar você estivesse

E eu ao seu lado ficar pudesse

Toda minha ternura eu lhe daria.

Mas, a dura realidade a tudo fenece

Tirando o bem, a paz e toda alegria

Deixando a dor que não se esvanece!

Vinhedo, Outono de 2008.

VEREDAS

Senhor, eis-me aqui de coração contrito

para beber a água pura da fonte,

à espera que depois venha o grito,

que transforme esta muralha em ponte.

Quero caminhar por Tuas Veredas,

para enobrecer o passo e renovar a vida,

buscando a luz em labaredas,

que surge nos versos de Tua Medida.

Feliz daquele que pode sonhar,

e um dia ser verbo e ser canção

espalhando amor, paz e união

Já não estará sozinho a caminhar

pois será um em todos a louvar

a Tua Grandeza e o Teu Coração.

Vinhedo, Outono de 2008.

JANELAS

Ah, janelas da minha vida!

Como se pudesse delas

enxergar o mundo!

Ou milhões de outros

que não conhecemos

nem precisamos saber...

Aliás, pouco

se precisa

para viver...

Enquanto isso,

outras janelas,

milhares delas,

se abrem

em todos os lugares,

com ares

de saberes

e quereres...

Para que se preocupar

com a existência de

outros sóis,

milhões deles

enquanto não vemos

a pequenina flor

que se desabrocha

nos jardins

da vida?...

E o tempo passa

voraz, ágil ,

enquanto janelas

se fecham

para outra vez se abrirem e

outras não mais se abrirem,

e o tempo passar

a vida levar

o amor,

a flor

...

Vinhedo, Outono de 2008.

NAS SENDAS DO ARCO-ÍRIS

(Valhala)

Nunca precisei de alguém como agora

que esta dor me aguilhoa e me tortura.

Não sei o que será de mim nesta piora.

Punge-me a alma a sofrer esta amargura.

De repente, tudo ficou triste e confuso,

em meio a letras, títulos e pendências.

Não sei até quando ficarei recluso,

à espera que resolvam esta carência.

Enquanto isto a dor agride, me apunhala

o corpo, tudo, o coração, a mente,

tal qual ignota e venenosa serpente.

Serei certamente levado por Odin ao Valhala...

Nas sendas do arco-íris descansarei, e entre

valquírias e deuses viverei eternamente...

Vinhedo, Outono de 2008.

O QUERER

Eu não te quero mais na minha saudade

Eu não te quero mais apenas em ideias

Eu não te quero mais apenas em sonhos

Eu não te quero, mais musa distante

Quero-te próxima, na minha frente

Quero-te vivendo nos meus sonhos

Quero-te realmente nos meus dias

Quero-te infinita no meu tempo

Quero-te no meu silêncio

Quero-te no meu fogo

Quero-te com ternura

E assim tu estarás comigo

E juntos seremos amor

Querendo o infinito...

Vinhedo, Outono de 2008.

            
            

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