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AUTOPLAGIA*
No meio da noite acordo
Com uma voz a sussurrar:
- Acorda porque é hora
Levanta e vai escrever...
De quem é essa voz
Que me ordena,
Mas calma e serena
No meio da noite, sem ser um açoite?...
A quem devo o que escrevo...
Meus versos são realmente meus?
Ou já foram teus?
Tudo isso, se for, eu não nego.
Há outra vida dentro de mim?
Ou serei eu a minha sorte
A viver com minha própria morte?
(* Autoplagia - Possivelmente um neologismo.
Capacidade que o indivíduo tem de copiar a si próprio.)
Vinhedo, Inverno de 2009.
A BRILHAR
Vem!
Vamos caminhar os nossos mesmos passos
Eu te prometo os mesmos versos
E a poesia primeira que lembra
A última vez que vi teu olhar...
Que nosso brilho seja sol claro da manhã
E que haja dança pelo caminho
Todo enfeitado de nuvens
Até chegarmos lá
Onde não haverá estranhos entre nós
Só você e eu
Juntos, no silêncio
A brilhar...
Vinhedo, Inverno de 2009.
SIMPLES
Há
festa
sorrisos
cantos,
e encantos
nos recantos...
A alegria
contagia,
o amor
encanta.
A praça
toda dança
e enche
de ternura
e graça
A vida
enfim...
Vinhedo, Inverno de 2009.
PALAVRAS AO VENTO
Ditas
Escritas
Vividas...
Raros momentos
De felicidade e prazer
Instantes de sonho e de amor...
...
Palavras arrastadas pelo vento
Espalhadas entre flores
Silenciadas entre espinhos
[Que ferem...
E há,
Na quietude das tardes
[Que morrem
Palavras de ausência
Borboletas silenciosas
Na suavidade do vento que passa...
[Asas e cores
Palavras amantes
Entre paredes mudas
Que despertam lembranças distantes...
[Amores...
...
Joguei
Ao
Vento
As minhas palavras
Mas o vento não sabe ler...
Vinhedo, Inverno de 2009.
PARA NÃO ESQUECER
Como poderia...
Se foram momentos
De raro prazer...
Mostraram que,
Realmente,
Há alegria,
Há gana de viver...
Não,...
Seria injusto demais...
Iria às profundezas
Da vilania,
Da infâmia,
Da covardia...
Ah,...
Ingrato coração
Que olvida
Lembranças tão caras e doces...
Será que houve
Um desvario
Que
Fez-me taciturno,
Melancólico,
Sorumbático,
Descrente das ilusões,
Enganador de mim,
Tolo, fútil, insensato,
Apocalíptico,
Resto de incertezas,
De fugas,
Idas e voltas,
Sem fim...
Mudou o mundo
Ou...
Nem sei
Qual o meu norte,
A minha sorte...
Só sei
Que em algum lugar,
De um tempo qualquer
Há uma flor
Um bem-me-quer...
Enquanto, à parte,
Espreita-me
Algo mais forte:
A morte!
Vinhedo, Inverno de 2009.
CANTIGA DE OUTRO TEMPO E LUGAR
Carrego comigo uma canção que parece não ter fim
Ora ela me faz rir de felicidade
Outras vezes me enche de saudade
É uma lira que mora no meu peito
A sussurrar poesias no meu sonho
Embalando doces cantigas nas minhas noites
É um torvelinho que não acaba
É um vendaval que vai e volta
Têm dias que me envolve de carícias
Faz do meu viver um paraíso de delícias
Mas têm noites que, então minha alma chora
Derramando saudades pela vida afora...
Essa canção que se aninha em minha alma
Muitas vezes renova meu caminho
Conduz meus passos quando estou sozinho
É luz quando de cegueira me cubro
Nas noites escuras é farol e refúgio
É bálsamo suave que me cura as dores
Quando o coração suspira de amores
É meu norte, aponta-me o rumo, é minha guia
É estrela que brilha, é conforto e alegria
No atropelo das horas, me acalma e revigora
Dá-me as mãos estendendo suas rimas
É razão para mais de uma vida...
O tempo passa, renascem as esperanças
E ao meu lado essa canção dolente
Que ora diz coisas de antigamente
Ou sopra-me aos ouvidos as novas do agora
Ela se metamorfoseia nas minhas palavras
Confundindo-me o pensamento e a mente
Faz de mim, prisioneiro de suas melodias
Que rodopia feito dança num salão de fadas
Há versos que dizem de sina aventureira
A perambular histórias de fogo e de paixão
Nas marcas do tempo ela deixa sua escrita
O seu nome vagueia nas asas da ilusão...
"Ah, se a saudade pudesse
De repente, sair de 'fininho'
E, em silêncio, deixar meu coração sozinho
Até esqueceria as vivas lembranças
Que moram comigo, na rua do amor...
Mas, então doravante
Seria um autômato andante
Entre o sim e não, seria ninguém
E isso eu não quero, porém
Se de saudades viver carente..."
Torno a sentir a canção que vive dentro de mim
E enxergo vivas a bailar as minhas saudades
Reflito minhas vivências e olho meu passado
Sou viajante de um tempo que não tem fim
No vento que passa esqueci as vozes do ontem
Na brisa de outros tempos projetei meu amanhã
Vivo na encruzilhada das minhas indecisões
Por onde vou muitas vezes nem quero ir
E, densa, suave e bela ela vaga pelas minhas horas
Abre as portas dos meus sonhos, prediz minhas dores
Destino meu que pulsa nas entranhas do mundo
Eterna canção de todos os meus amores...
Vinhedo, Inverno de 2008.
ALMA PRISIONEIRA
O grito que ecoa nas entranhas da minha alma
Transporta a minha saudade,
E o silêncio não abre as portas do amanhã.
Não tenho forças para dizer aos passantes
Que minha vida é um barco naufragado
No porto das ilusões.
Do alto da montanha sopra um vento
Que impele meu desejo para as colinas.
São verdejantes as propostas
Que me trazem anjos caídos,
E a vontade de partir
Não está nos meus alforjes.
Meus olhos contemplam as distâncias azuis,
E a cumplicidade do passado me impede
De ver o fim da estrada.
Sou retirante da minha própria seca.
Nos confins da existência esqueci minha sombra.
Nos retratos amarelecidos guardaram meu sorriso.
Trago nas mãos resquício da fonte dos amores
Cuja água lavou eternidade de corações.
Dança suave música a bailarina das jóias;
O pensamento ousa trair minhas verdades,
Iguais precioso tesouro há muito enterrado
No labirinto das minhas indecisões.
Vinhedo, Inverno de 2008.
DIAS DE SOLIDÃO
Era o terceiro ciclo de toda a espera,
quando chegou aos meus ouvidos,
partindo dos montes,
das colinas e das fontes,
das ruas desertas,
em gritos, em polvorosa,
qual chilrear de pássaros,
o anúncio do novo dia...
Não era para ser uma manhã, dos conflitos
deixados na noite das fadas,
que surgiram com as lendas cantadas,
à beira dos rios, e em meio às várzeas e banhados...
Enquanto caminhava pelas calçadas nuas,
contemplava as portas das casas adormecidas.
E o silêncio em torno de mim
vagava com minha indecisão...
Frio, muito frio soprava o vento
neste fim de inverno bolorento!
Densa neblina escondia
folhas, galhos e árvores no meio do nada...
E a caminhar prosseguia,
enquanto o gelo da alma
marcava com ares de nostalgia,
o coração e o pensamento.
Sigo, vou andando...
Muitas vezes sem querer
ir para lugar algum.
Sou cria do tempo,
testemunha do vento e das tempestades.
Não me tocam as flores nem os odores
que, em todas as primaveras,
não me enxugaram as lágrimas.
Diviso curvas na estrada do invisível.
Giro meus passos me afastando da escuridão.
Tomo-me pela transparência de rostos perdidos,
na lembrança de tempos memoráveis.
Sou fugitivo da minha própria alma,
mestre e aprendiz de imortal paixão.
Afasto cada vez mais da cruz dos tempos
e me afogo na chuva da minha solidão...
Vinhedo, Inverno de 2008.
ANDARILHO
Caminho
à procura de minha alma.
Entre lembranças distantes
perco meu rumo
no cansaço de meus passos.
Eu fujo do tempo
e me escondo da vida,
como folhas ao vento
nas margens do destino.
Nas estradas cansadas,
adormeço meu corpo andarilho
e sonho feliz...
Vinhedo, Inverno de 2008.
FLOR BELA
Naquela janela
tem uma flor,
sinal de amor
a enfeitar a vida dela!...
Quem dera
que essa flor fosse
meu farol,
meu rumo,
meu norte,
meu aprumo,
minha vida,
minha sorte...
Vinhedo, Inverno de 2008.
SEMPRE O AMOR...
Tem certos dias
que a alma da gente,
qual infância dourada,
baila cantigas
nos salões da vida,
que, em abraços
se encontram
nos versos da esperança,
com solfejos recheados
de rimas de amor...
Há outros, porém
que a alma se esconde
e, triste se perde
na escuridão da dor,
e chora e sofre
horas de solidão,
qual abandono,
no porto da vida,
sem mar,
sem nau,
sem direção...
Como são belas
as manhãs
silenciosas,
que trazem recados
de anjos adormecidos,
nos sonhos de ternura e de paz!...
Sem sonhos não há como viver
e todas as conquistas de uma vida
não valem um sonho de amor.
Ah, se algum dia
pudesse voltar
naquele mesmo jardim
que nos viu nascer
para o amor...
O amor faz-me companhia:
Não me deixa só pelos caminhos.
E também porque
já não sei andar sozinho...
O amor é e sempre será a medida:
O começo e o fim.
A razão maior
de toda uma vida...
Vinhedo, Inverno de 2008.
ATÉ QUEM SABE,,,
Vai bela e alta
a lua no céu.
Cheia de todas as cores.
Cheia de todos os amores.
Quem sabe, um dia...
Cantem amores à luz do luar;
esqueçam as dores.
Só de canções se fazem os sonhos...
e com as rimas nascem os amores
que, aos pares, se dão as mãos.
Quem sabe, um dia...
Nos luares prateados
suspiram sonhos distantes.
Do coração nascem versos
que transportam a alma dolente.
E canta nas folhas
um vento de antigamente.
Quem sabe, um dia...
No doce abrigo das nuvens
descansa a lua;
enquanto na rua
dançam mil vozes
na minha solidão.
Quem sabe, um dia...
Vai alta e bela
no céu a lua,
enquanto suave luz
invade minha janela.
Até quem sabe, um dia...
Vinhedo, Inverno de 2008.
NÃO É PRECISO DIZER ADEUS
No relógio da sala suspira o tempo
enquanto a madrugada vai fria e quieta.
Penso em você e não me sinto só,
pois sei que o seu pensamento
é meu alento e confiança.
Vão longe os dias de inquietação
e as noites vazias de sonhos esquecidos.
É doce acreditar nas auroras
que surgem cantando sinfonias
nas asas da esperança.
Eis que é chegada a hora esperada
e as crenças que escondiam os sorrisos
se desvanecem nas lembranças:
O amor, fonte de todo bem
respira alegrias da eterna presença.
Vinhedo, Inverno de 2008.
VIDA, ESTRANHA VIDA!
A vida é uma caminhada,
algumas vezes prazerosa,
outras nem tanto...
Até aqui cheguei
e espero escalar montanhas,
ficar pertinho das estrelas...
O ar é rarefeito,
mas o que quero é voar!
Ver terras que nunca vi,
rostos que nunca olhei,
corações que nunca amei.
Semear flores de esperança,
enfeitar os caminhos...
Sentir a cada manhã
que sou mais eu:
tenho comigo um Deus
que me guia e me protege
e me leva até as alturas!
...
Quem sabe,
um dia qualquer,
estaremos caminhando
pelas madrugadas,
com o coração cheio de sonhos
a repartir alegrias...
Sair de cara pro vento,
sem lenço, nem documento
semeando Amor e colhendo Paz!
...
Que coisa estranha é a vida!
A gente acaba muitas vezes,
sem querer,
se esquecendo das pessoas...
E o tempo passa...
E a vida passa...
E nós passamos...
Quando viemos,
de mãos vazias chegamos
e de mãos vazias um dia
haveremos de retornar...
...
Precisamos não esquecer
de quem nós somos;
É muito mais difícil
ser algo que não se é...
...
O que realmente valerá
é o que estamos fazendo
desta caixinha de surpresas
chamada vida.
Da minha, da sua, da nossa vida.
Será o nosso legado
a nossa fé e
a nossa lembrança!...
Vinhedo, Inverno de 2008.
FELICIDADE
Chegaste como manhã silenciosa
E trouxeste a ternura e a esperança.
Deste-me a paz de uma vida vitoriosa
E preencheste os meus dias com bonança.
Contigo tenho vivido sonhos de amor
Comigo tens caminhado pelos recantos da vida.
És para mim brilhante do maior valor
E para ti eu sou aquele que te dá guarida.
Assim vivemos entre sonhos e encantos
Neste paraíso repleto de puro prazer.
Sei o teu nome e bendigo os momentos
Que juntos passamos a amar e viver.
Vinhedo, Inverno de 2008.
POR ONDE ANDOU O MEU CORAÇÃO
Por onde andou o meu coração
Passou a vida, passou a saudade
Ficaram lembranças, restos de ilusão
A vagar por toda a eternidade.
Meu coração, ora rio silencioso,
Ora cachoeira de lamentos
Passou por aqui, por ali... teimoso
Levado pela brisa, arrastado pelos ventos.
Cenas vividas de encanto e poesia
E turvos reflexos de sofrimento e dor
Dois extremos de uma mesma vida
Resquícios da passagem do amor.
Vinhedo, Inverno de 2008.