Capítulo 3 O Peso de Um Contrato

Ela sustentou o olhar dele, tentando ignorar a sensação de que cada segundo sob os olhos de Damien revelava mais do que ela gostaria.

- Eu soube que você não queria esse casamento. Não estou interessada em prolongar essa união mais do que o necessário para manter a paz entre as nossas famílias.

Damien ficou em silêncio, observando-a. Um leve sorriso, mais predatório do que amigável, curvou o canto dos seus lábios.

- Eu aceito - ele disse finalmente, a voz suave e cheia de algo que ela não sabia nomear.

- Mas não subestime o que pode acontecer em um ano, Sophia. As coisas mudam... pessoas mudam.

Aquelas palavras pairam no ar, carregadas de uma promessa silenciosa que ela não sabia decifrar, mas que a deixava inquieta.

O salão da mansão Santorini era imponente, com lustres de cristal brilhando sobre as cabeças dos convidados silenciosos. Damien estava lá, à frente de todos, esperando por ela. Seu terno preto impecável acentuava a aura de poder e controle que emanava dele. Seus olhos acinzentados estavam fixos na porta, onde Sophia logo apareceria.

Ela entrou, sentindo cada olhar sobre si. As mulheres, em suas roupas finas, observavam com curiosidade ou admiração, afinal, ela estava casando com o homem mais cobiçado da Itália, mas os homens... Os homens olhavam como se soubessem algo que ela não sabia. Como se aquele casamento fosse apenas mais um jogo no qual Sophia era a peça mais valiosa.

Quando seus olhos finalmente encontraram os de Damien, ela quase parou de respirar. Era como se ele pudesse ver através dela, como se conhecesse cada segredo seu, cada medo que ela escondia. O coração de Sophia bateu com força, não de emoção, mas de pavor. Ele não era apenas o homem que ela odiava, mas o homem que a aterrorizava. Como ela poderia se casar com alguém cuja mera presença a fazia sentir-se presa?

Damien não sorriu, apenas deu um pequeno aceno de cabeça quando ela se aproximou. O som do seu coração ecoava por todo o seu corpo, ela podia sentir as mãos trêmulas, enquanto o padre falava os votos, ela podia notar o olhar fixo de Damien em si, aquela sensação de desconforto aumentando cada vez mais.

Quando Damien deixou o sim escapar dos seus lábios, Sophia pôde ver o sorriso dele transbordar, ela sentiu uma onda de pavor tomar conta do seu corpo, aquele sorriso parecia simplesmente assustador demais para ela.

- Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva.

Sophia observou Damien se virar completamente para ela, os olhos dele lhe olhando com uma superioridade absurda, mas tudo o que ele fez foi pegar a sua mão, levando para os seus lábios gélidos, Sophia não conseguia entender o porquê dele fazer aquilo tão repentinamente, o beijo sua mão mais longo do que o esperado.

Enquanto a festa passava diante os seus olhos tudo parecia um borrão, as pessoas apenas pareciam passar diante dos seus olhos como sombras, suas doces palavras sobre como desejam um feliz casamento para os dois, pareciam apenas uma mentira, uma doce ilusão que eles haviam criando em suas mentes.

Ao final da cerimônia, Damien se aproximou dela, os olhos dele pareciam sempre tão sombrios que ela não conseguia sentir um ser humano quando ela a olhava. Sophia pode observar pela primeira vez à noite seu pai se aproximar. Ela pode ver os dois se cumprimentaram formalmente.

- Eu lhe entreguei a minha preciosa filha, Fabbri, não faça eu me arrepender dessa decisão.

- Não haja como isso fosse um sacrifício para você, Santorini. Você venderia sua mãe para uma seita se isso lhe favorecesse.

Sophia nunca tinha ouvido alguém falar dessa forma com seu pai, ela pode ver que seu pai não expressou qualquer reação, embora ele não demonstrasse nada. Quando chegasse em casa, derrubaria tudo gritando enquanto o chamava de verme.

- Você tem que ser mais respeitoso com os mais velhos, Damien, isso não é apenas um aviso, esse foi um acordo que não apenas eu que aceitei, você e seu avô aceitaram de bom grado, então isso não faz vocês muito diferentes de mim.

Damien deu de ombros como se não se importasse com isso, ela nunca sentia um clima tão tenso como esse. Sophia pode ver quando o seu pai se aproximou, segurando sua mão com força.

- Nunca esqueça sua verdadeira família, nunca esqueça a quem você deve lealdade, Sophia.

Sophia baixou a cabeça, sentindo as palavras do seu pai chegarem longe em sua mente, mas inesperadamente ela sentiu a mão forte tocando as costas dela de maneira quase possessiva.

- Que merda você está falando, seu velho? Sophia não é mais uma Santorini, agora ela é uma Fabbri.

Sophia não ouviu seu pai falar nada, apenas observou se afastar com olhar insatisfeito. Algo passou por sua mente, quando esse contrato chegasse ao final, ela estaria realmente livre? Ou apenas seria jogada em outra conspiração do seu pai? Ela teria que fugir quando tudo isso chegasse ao fim?

                         

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