Capítulo 5 Não pense bobagem

Elif parou na entrada de casa, pegou o controle do portão e o abriu. Rezava para que a mãe já tivesse voltado ao trabalho, mas deu de cara com o carro estacionado na garagem.

- Droga! - Elif sabia que, se o carro estivesse na garagem, a mãe não voltaria ao escritório.

Entrou em casa com cuidado e foi pela porta da cozinha, tentando passar direto para o quarto sem encontrar a mãe. Mas, ao abrir a porta, teve uma surpresa nada agradável esperando por ela.

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Ömer voltou do almoço de bom humor, e Aisha percebeu que o chefe até sorria sozinho.

Kerem estava trancado em seu escritório, e a secretária avisou que Ömer havia retornado.

Assim que Ömer entrou e se acomodou em sua cadeira, Aisha trouxe o café favorito do chefe e perguntou se algo havia acontecido no almoço.

- Está com um olhar diferente, parece que viu um passarinho verde. - A secretária riu do olhar do chefe, e Ömer pensou que talvez realmente tivesse encontrado um passarinho com os olhos mais lindos que já vira.

- Pelo jeito, seu almoço foi bom. Vou deixá-lo trabalhar em paz. Kerem logo virá falar com você.

Aisha saiu fechando a porta atrás de si, enquanto Ömer ligava o notebook para conferir os e-mails da tarde. Com toda a confusão, mal teve tempo de organizar suas coisas. Recordou do almoço com aquela garota e em como, em poucos minutos, ela o fez esquecer dos problemas.

- Não pense bobagem, Ömer Divit. Não queira seu nome envolvido em escândalos. Você tem outras prioridades no momento.

O celular vibrou em cima da mesa, e ele viu que era uma mensagem da irmã. Por milagre, Bahar havia passado quase o dia todo sem ligar ou enviar mensagem, e se ela lembrava de algo naquela hora,provavelmente alguma coisa havia acontecido.

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Eda passava o sermão da tarde para a filha, enquanto Ahmet, o irmão caçula de Elif, apenas ria da bronca que ela levava.

- Sâmia me contou que vocês almoçaram e a senhorita estava voltando para casa. Agora me responda, da faculdade até aqui não demora uma hora e trinta minutos.

Elif já tinha pensado no que falaria e aguardava a mãe terminar de passar o sermão para começar a tentar convencê-la.

- Mãe, agora que a senhora falou, vou explicar. No caminho de casa, o fecho da minha pulseira se soltou e eu fiquei sem saber onde arrumar, aí lembrei de uma joalheria que fica pertinho da faculdade. A senhora sabe como é, né? Eu conversei demais e fiquei batendo papo com o senhorzinho que consertou o fecho da minha pulseira. Foi isso. Por favor, me perdoe, eu prometo que não vou fazer isso novamente.

Eda sabia que havia sido dura nas palavras, e Furkan já havia dito que Elif não era mais criança, mas sim uma moça adulta. Mas, para ela, sua Elif sempre seria aquela menina de cabelos castanhos e olhos cor de esmeralda que tanto amava.

- Tudo bem, desta vez vou deixar passar. Mas me avise quando esse tipo de imprevisto acontecer. Reclama que não uso redes sociais, mas a senhorita parece esquecer quando é necessário. Eu já ajudei seu irmão com a lição de casa. Vai para o quarto, troque essa roupa e vou começar a preparar o jantar.

A mãe foi para as panelas, enquanto Elif pegou a mochila de cima da mesa e foi para o quarto. Ao passar pelo irmão, ouviu o garoto zombando dela:

- Só a mamãe e o papai para acreditar na sua conversa mole. - Antes que Elif desse uma lição no garoto, ele foi mais rápido e correu para perto da mãe.

Elif entrou no quarto, jogou a bolsa no chão e se deitou na cama. Ficou de olhos fechados por alguns minutos e seu pensamento voltou às horas atrás, quando ela e Ömer almoçaram juntos e ele acabou se revelando um homem mais legal do que pensava.

Lembrou das amigas, pegou a bolsa do chão e tirou o celular de dentro. Antes, trancou a porta do quarto, pegou os fones de ouvido, conectou-os ao aparelho e fez a videochamada.

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Ömer e Kerem conversavam sobre os próximos passos da agência, e o publicitário contou por alto sobre Elif. Omitiu a idade da garota, e o amigo disse que ele deveria tomar cuidado porque muitas garotas se aproveitavam de homens mais velhos para aplicar golpes. Carente do jeito que ele estava, poderia acabar caindo em algum.

- Ela não é nenhuma golpista. Tudo bem que a chamei de chantagista porque ela realmente tentou me enganar, mas Elif é bem divertida. Agora vamos falar de você e não de mim, porque, nos últimos meses, minha vida se resume a fracassos. Pelo menos você deve ter algo de bom para contar.

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Elif ouvia o sermão das amigas. Além da mãe, agora era Elçin e Sâmia no pé do ouvido dela.

- Você é tão espertinha que correu para o carro dele e não deixou nem a gente olhar para o rosto do homem. Elif, é sério, nunca conheci alguém tão sem noção como você.

Elçin reclamava da amiga que fugiu sem apresentar Ömer para elas, enquanto Sâmia tentava acalmar os ânimos das duas.

- Também não é assim, Elçin, a Elif sabe que errou e tenho certeza de que não vai repetir.

- Sâmia, minha querida amiga, você realmente conhece sua amiga Elif? Imagine nós duas nas páginas policiais por conta dessa maluca.

As duas falaram por quase 30 minutos e, após tanto ouvir, Elif respondeu às amigas.

- Meninas, o Ömer é gente boa. Tudo bem que é meio mal-humorado e ranzinza, mas ele é legal sim. Me pagou o almoço, consertou a pulseira da sorte e ainda me deu o cartão de visitas dele.

Elif admirava a pulseira no pulso, relembrando com um sorriso no rosto a conversa com Ömer na lanchonete.

- Elif, é óbvio que você vai jogar esse cartão fora, esquecer esse homem que até agora você apenas disse o nome e seguir em frente.

- LAYLAAAAAAAAAAAAAAAAAA! - A mãe da jovem gritava seu nome da cozinha. Antes de responder às amigas, avisou que precisava desligar.