Capítulo 4 Não morra aqui

Emma sentiu um aperto no coração. Ela achava que Nicola tivesse se libertado da doença após a cirurgia, mas agora o medo de uma recaída surgia como uma sombra.

Teria sido isso o que levou Nicola a rejeitar Ricky? Como tinha sido tola em pensar erroneamente que ele não queria de fato o divórcio...

Furiosa com as palavras de Nicola, Verena deu um forte tapa no seu rosto.

O estampido agudo ecoou no ambiente, fazendo o coração de Emma disparar dolorosamente e se encher de tristeza enquanto ela observava o rosto de Nicola ficar vermelho e as lágrimas deslizarem pelo seu rosto como a chuva.

Ela agarrou a maçaneta da porta com força, pronta para entrar, mas Verena já havia puxado Nicola para um abraço, tentando acalmá-la.

"Desculpe, Nicola, eu não devia ter batido em você. É que fiquei furiosa", ela disse com a voz trêmula pelos soluços mal contidos.

Nicola escondeu o rosto no ombro da mãe, as lágrimas escorrendo silenciosamente.

Em todas as lembranças de Emma, Verena nunca tinha batido em Nicola. Ao contrário, Nicola sempre havia sido tratada como uma princesa, adorada e protegida do mal desde criança.

Emma soltou lentamente a maçaneta da porta, abandonando sua vontade de intervir. Tomada por uma sensação de isolamento, ela se virou e caminhou até o elevador.

Quando ela chegou na casa de Jenifer, já passava das oito da noite. Jenifer havia deixado o jantar para ela, que nesse momento não tinha um pingo de fome. Sem dizer uma palavra, ela foi para seu quarto e começou a arrumar seus pertences.

Minutos depois, Jenifer surgiu na porta, parecendo confusa enquanto a observava fazer as malas. "Encontrou um lugar novo para ficar?"

"Vou voltar para a casa de Ricky."

Os olhos de Jenifer se arregalaram de choque e sua voz quase falhou. "Para a casa de Ricky? Mas pensei que você tivesse se divorciado dele."

"Na verdade, nós nunca finalizamos o processo."

"Como assim?"

"Ele simplesmente se recusou a assinar e me disse para voltar."

"Ah, sim, e você vai voltar correndo só porque ele falou?"

Emma estava resoluta. Tinha passado o dia todo lutando para tomar uma decisão, e finalmente decidiu voltar.

Erguendo as duas malas que havia arrumado, uma grande e uma pequena, ela se virou para Jenifer e disse: "Já abusei de você por tempo suficiente. Qualquer dia desses te convido para jantar."

"Você não vai realmente embora agora, vai?"

"Sim, eu vou."

"Bem... então me deixe te dar uma carona."

Jenifer foi até seu quarto e trocou de roupa rapidamente, então pegou a chave do carro e ajudou Emma com uma das malas. Momentos depois, as duas partiram juntas.

Emma jamais poderia imaginar que voltaria para a casa de Ricky depois de tê-la deixado para trás.

Quando o carro entrou na garagem, ela olhou através da janela para a mansão bem iluminada, um turbilhão de emoções agitando seu peito.

Depois de alguns minutos sentada em silêncio, ela soltou o cinto de segurança e saiu do carro.

Harold Lambert, o mordomo, apareceu acompanhado por duas empregadas para cumprimentá-la. Quando Emma abriu o porta-malas para pegar suas malas, as empregadas rapidamente se adiantaram para pegá-las.

Harold, um homem na casa dos cinquenta anos e com cabelos grisalhos, era um empregado leal da família Jenner há muitos anos, permanecendo fielmente ao lado da avó de Ricky.

"A senhora Jenner está à sua espera. Ela quer falar com você", ele disse num tom calmo e respeitoso.

Emma assentiu com a cabeça, então agradeceu a Jenifer e seguiu Harold em direção ao jardim, onde Irene Jenner a esperava.

Apesar dos seus quase oitenta anos, Irene ainda tinha uma energia notável. Seu amor pela jardinagem fez com que Ricky construísse uma estufa para ela no jardim, onde ela costumava passar boa parte do seu tempo.

Nesse momento, Irene estava acomodada confortavelmente numa cadeira de vime, bebendo água. Assim que ela viu Emma caminhando atrás de Harold, seu rosto se iluminou com um sorriso acolhedor, e ela acenou entusiasticamente para que se aproximasse. "Venha aqui, Emma."

Emma apressou o passo e se aproximou, cumprimentando-a com um caloroso "Irene".

Segurando gentilmente sua mão, Irene gesticulou para que ela se sentasse. Emma então afundou na cadeira de vime ao seu lado, permitindo que a anciã acariciasse sua mão suavemente enquanto a encarava com um sorriso afetuoso.

"Faz um bom tempo que você saiu de casa. Pensei que tivesse voltado antes. Não imaginei que fosse voltar apenas hoje."

Pelas palavras de Irene, ficou claro que ela não tinha ideia de que Emma havia assinado os papéis do divórcio e ido embora um mês antes.

Emma forçou um sorriso, optando por ignorar o ocorrido. "Tive um trabalho extra, então voltei um pouco depois que o planejado."

A voz de Irene se tornou séria. "Você e Ricky estão casados há dois anos, Emma. Será que não é hora de começar a pensar em ter um bebê?"

"Bem..."

"Sei que vocês dois são jovens e estão focados nas suas carreiras, mas o tempo está passando para mim. Quero poder segurar meu bisneto em breve. Vocês dois devem se esforçar por isso, está bem?"

Tudo o que Emma conseguiu fazer foi assentir com a cabeça, fingindo concordar. Sim, ela e Ricky estavam casados há dois anos, mas nunca tinham compartilhado uma cama...

Emma permaneceu com Irene no jardim até as onze horas. Depois que a anciã se recolheu para dormir, ela voltou para seu antigo quarto.

Chegando lá, Emma descobriu que as empregadas já tinham desfeito suas malas, além de terem separado seu pijama e preparado seu banho, poupando-a de qualquer esforço extra.

Ela então se despiu e entrou na banheira. Seu corpo relaxou imediatamente ao ser envolvido pela tepidez da água na temperatura perfeita. Os sais de banho de lavanda, seus favoritos, preenchiam o ambiente com um aroma intenso e relaxante.

Não levou muito tempo para que o perfume inebriante a deixasse sonolenta. Suas pálpebras logo ficaram pesadas, e antes que percebesse, ela caiu num sono leve.

Ela sonhava que estava se afogando, seus braços se debatendo violentamente enquanto ela lutava, sem conseguir se libertar da agonia. Mas quando a água estava prestes a engoli-la, uma mão forte a puxou para um lugar seguro.

Emma então acordou assustada e seus olhos foram ofuscados pelas luzes intensas do banheiro enquanto ela tentava respirar, sentindo uma mão quente segurando sua nuca.

Ricky estava sentado na beirada da banheira, as sobrancelhas profundamente franzidas.

Não tinha sido exatamente um sonho. Ela de fato havia escorregado para debaixo da água, e foi ele quem a tirou de lá bem a tempo.

"Se você tem a intenção de morrer, não morra aqui", ele disse com a voz fria, retirando a mão que a amparava com uma expressão sombria no rosto. Então ele se levantou, pegou uma toalha e secou as mãos com um ar de indiferença.

Tão logo recuperou o fôlego, Emma olhou para ele, atônita. Ainda de terno, Ricky parecia tão distante como sempre. Aliás, eram raras as ocasiões em que ele entrava no quarto dela, muito menos no banheiro.

"O que está fazendo aqui?"

"Essa é minha casa", Ricky retrucou com a voz firme, então a encarou e jogou a toalha usada de lado, pegando outra, que jogou para ela. Seu tom não deixou qualquer espaço para discussão. "Se seque e saia."

Emma simplesmente não conseguia entender o que havia acontecido com Ricky agora. Depois que ele saiu do banheiro, ela se secou rapidamente, vestiu um roupão e saiu também.

Ricky estava na sacada, encostado no corrimão, com um cigarro preso entre os dedos. Quando seus olhos se voltaram para Emma, parada ao lado da cama com o cabelo úmido caindo sobre os ombros, ele se viu olhando por mais tempo do que o normal.

Emma tinha uma figura naturalmente graciosa - esguia, mas com curvas suaves nos lugares certos. Depois do banho, sem maquiagem, suas bochechas estavam levemente coradas pelo vapor, quase fazendo-a parecer uma garota tímida e delicada. Seus lábios rosados e macios eram estranhamente cativantes.

Fazia muito tempo que Ricky não olhava para ela desse jeito e, por um momento, ele se viu perdido em pensamentos.

O cigarro queimou até alcançar seus dedos, arrancando-o dos devaneios com uma fisgada dolorida. Ele o apagou rapidamente e entrou no quarto, fechando as cortinas atrás de si.

Emma ficou um tanto surpresa com as ações dele.

Ricky então afrouxou a gravata, desabotoou o paletó e o jogou casualmente de lado antes de ir diretamente na direção dela. Ele chegou perto o bastante para que ela pudesse sentir o leve cheiro de tabaco nas suas roupas.

"Ei, o que está fazendo?"

Ricky nunca tinha ficado no quarto dela antes. O que estava acontecendo esta noite? Ele pretendia ficar aqui?

"Minha avó conversou com você?", ele disse com a voz firme enquanto tirava lentamente a gravata e desabotoava as abotoaduras.

Emma sentiu a garganta se apertar. "Sim, ela conversou."

"Então você sabe o que ela espera de nós."